Porque andam exaustos os nossos enfermeiros? Resposta da OE
Após as “infelizes” palavras do Ministro da Saúde na tentativa de explicar a exaustão dos Enfermeiros, justificando-se com a acumulação de funções no setor privado e social (ver notícia), vem agora a Ordem dos Enfermeiros responder através de um comunicado publicado no site da OE e veiculado via mail.
Nesse comunicado, a OE responsabiliza “os decisores políticos pelas consequências que podem advir para a qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem se continuarem a ser ignorados os sinais de exaustão dos profissionais”.
Os serviços de saúde em Portugal “estão em clara ruptura” pela falta de preocupação dos decisores políticos, refere a Ordem, que apela ao ministro da Saúde “para que reconheça a influência destes factores na segurança e qualidade dos cuidados a que os cidadãos têm constitucionalmente direito, não os banalizando e confundindo com factores económicos”.
A Ordem dos Enfermeiros lembra um estudo Europeu publicado recentemente pela Universidade Católica, que identificou um nível de exaustão muito elevado nos enfermeiros portugueses, bem como uma enorme insatisfação com a progressão na carreira e com o seu nível salarial que, faço questão de salientar, é bem mais baixo que as outras classes com o mesmo grau académico.
Nesse comunicado também há referência a outros estudos que relacionam os níveis de exaustão dos enfermeiros com resultados negativos para os doentes, identificando maiores riscos de erro, quase-erro ou resultados aquém do esperado.
Pode ler-se no comunicado um conjunto de factores que justificam a exaustão dos enfermeiros tais como:
– elevada responsabilidade relacionada com o cuidar de doentes complexos;
– constante contacto com a morte e com o processo de luto;
– turnos longos (por falta de enfermeiros nas instituições);
– elevado número de doentes por enfermeiro (quanto maior o número, maiores os níveis de stress);
– o trabalho por turnos (e a impossibilidade de criar hábitos regulares);
– a realização de turnos noturnos e o seu impacto negativo na saúde e na relação trabalho/família/amigos/vida pessoal;
– sujeição a abusos verbais e físicos frequentes amplamente subnotificados;
– incapacidade dos gestores resolverem questões práticas de cariz profissional do quotidiano do enfermeiro;
– condições de trabalho desadequadas;
– falta de perspetiva de progressão na carreira;
– défice de reconhecimento de competência adquiridas;
– remuneração não compatível com as competências e responsabilidades;
– cargas de trabalho excessivas por baixas dotações de enfermeiros.
Aproveito para acrescentar aqui a lei das 40 horas semanais que não tem em conta a penosidade da classe, o que obriga muitas vezes a que os enfermeiros trabalhem continuamente durante semanas com apenas uma única folga por semana e por vezes com apenas 8 horas entre turnos diferentes. E isto não é em acumulação de funções… é a realidade!
Pode consultar o comunicado aqui… (link)
Veja também a Resposta de alguns enfermeiros a estas declarações do Ministro da Saúde no artigo “Onda de indignação dos enfermeiros nas redes sociais! “
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