Estudo determina perfil metabólico dos portugueses
Estudo determina perfil metabólico dos portugueses
Mais de um milhão tem perfil
ultrarrápido ou ultralento, os mais preocupantes
Ultrarrápidos, muitos lentos, extensivos e intermédios são os quatro perfis de metabolização existentes. O padrão (ou normal) é o extensivo e é o mais comum na população portuguesa. Contudo, um estudo da Universidade de Coimbra verificou que 665 mil portugueses possuem o perfil de metabolizadores lentos e 496.422 ultrarrápidos.
“Estes [muito lentos e muito rápidos] são os mais problemáticos porque metabolizam de uma forma muito diferente do que a maioria e são um número ainda considerável”, adianta Manuela Grazina, professora na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e líder da equipa multidisciplinar que desenvolveu este trabalho.
“O nosso estudo incidiu sobre esta proteína e sobre este gene porque é das mais importantes, entrando na metabolização de 25% dos fármacos regularmente utilizados na prática clínica, entre os quais antidepressivos, analgésicos e opióides. É endógena e metaboliza substâncias endógenas e exógenas. É também importante porque está muito relacionada com o uso de determinados fármacos que são utilizados em doenças neuropsiquiátricas”, refere Manuela Grazina que é também coordenadora do Laboratório de Bioquímica Genética do Centro de Neurociências e Biologia Celular.
Este conhecimento pode ser um bom contributo na prática clínica auxiliando os médicos no momento de decidir um tratamento. Com a informação sobre o metabolismo do doente, o médico pode escolher melhor “a dosagem do medicamento porque sabe se o indivíduo vai, ou não, metabolizar convenientemente aquele fármaco. É uma informação importantíssima para que o clínico possa prescrever um medicamento diferente mais adequado à metabolização do doente”, pormenoriza a entrevistada.
Os fármacos são “substâncias estranhas” ao nosso corpo que têm de ser metabolizados para dele saírem. No entanto, a forma como são metabolizados pelo organismo tem influência no efeito para o qual foi tomado aquele medicamento. Assim, nos casos extremos de metabolismo (os muito lentos e ultrarrápidos) podem existir problemas.
Manuela Grazina explica que se um medicamento for “metabolizado muito depressa desaparece do organismo e não fez qualquer efeito, isto em casos de metabolização ultrarrápida. Por outro lado, se for uma metabolização ultralenta, o medicamento fica no organismo numa concentração demasiado elevada e pode desencadear os chamados efeitos secundários, podendo mesmo ser tóxico”.
A pesquisa foi desenvolvida no âmbito de um projecto internacional do Consortium of the Ibero-American Network of Pharmacogenomics and Pharmacogentics (RIBEF), onde também foram traçados os perfis das populações do Brasil, de Espanha e de Cuba, entre outras.
O estudo irá continuar com a investigação deste e de outros genes, como por exemplo receptores e transportadores de dopamina e serotonina, em toxicodependentes, em colaboração com a Unidade de Desabituação do Centro. O objectivo é compreender as diferenças observadas na eficácia da desintoxicação, com base nas variações genéticas e metabólicas.
Manuela Grazina defende que “um investimento neste tipo de estudos é crucial para a prevenção a longo prazo”.
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