A exaustão de uma classe!

Recentemente veio a público  um estudo que demonstra que neste Pais 25 % dos cuidados de Enfermagem não são realizados por falta de tempo ou por sobrecarga dos profissionais e que  quase 70% dos hospitais dão ambientes de trabalho menos favoráveis para os enfermeiros. Nesse mesmo estudo evidência-se que uma grande maioria dos enfermeiros não recomendaria a instituição onde trabalha aos seus amigos ou familiares e que grande parte dos enfermeiros em Portugal manifestam exaustão e desgaste psicológico (2/3 desse estudo)… essa mesma exaustão que o Ministro da Saúde refere dever-se ao facto dos enfermeiros trabalharem em acumulação de funções no público e no privado.

Confesso que quando li essas notícias fiquei “chocado” ao perceber o que há muito já tinha já sabia mas não queria acreditar… Neste pais as pessoas e principalmente os governantes não sabem o valor da Enfermagem para o Sistema Nacional de Saúde, ou pior ainda, não querem saber!

Bastaria raciocinar um pouco para que se percebesse que havendo o desemprego que há na enfermagem neste pais e a quantidade de enfermeiros que exportamos (digo exportamos porque parece que estamos a produzir para os “outros” usufruírem da qualidade da nossa formação), facilmente se chegaria à conclusão que apenas uma minoria da classe tem capacidade ( ou oportunidade) para trabalhar em acumulação de funções no público e no privado. Se não há empregos para os recém formados então como seria possível os outros estarem exaustos por trabalhar em vários locais ao mesmo tempo??? E se assim fosse estariam “eventualmente” exaustos mas ao menos ganhavam o dobro do que ganham e certamente não iriam reclamar! Acho isto de tal forma lógico que não consigo entender como é possível que alguém não entenda isto… Enfim!

É difícil para quem lida no dia a dia de um hospital e “conhece” a forma como as coisas funcionam constatar que os que mais deviam conhecer o “sistema” e que deveriam pensar no sentido de melhorar, só conseguem ver números imediatos sem pensar nas consequências nefastas que esses números podem trazer.

Cá estaremos para ver o desenvolver dos acontecimentos e saber se a Ordem dos Enfermeiros e os Sindicatos têm uma posição a tomar… Apesar de antecipadamente já sabermos a resposta… não é colegas???