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O caminho é alargar as competências dos enfermeiros

O bastonário da Ordem dos Enfermeiros classifica a saída em massa destes profissionais como “assustadoramente elevada” e contrapõe que o país vai precisar destes enfermeiros mais tarde. A solução, defende Germano Couto, passa por alargar os cuidados prestados pelos profissionais de enfermagem, assegurando que isso também se traduz em melhores resultados.

Que leitura faz da emigração de enfermeiros que se acentuou nos últimos três anos, tendo em consideração que os nossos serviços têm carências mas que, ao mesmo tempo, também formamos profissionais a mais nesta área?
Os dados da emigração dos enfermeiros parecem estar a estabilizar nos 1900 a 2000 enfermeiros por ano que pedem a declaração das directivas europeias à Ordem dos Enfermeiros que lhes permite ver reconhecidas as suas qualificações profissionais fora de Portugal. É um valor assustadoramente elevado. O Ministério da Educação e Ciência e as entidades de formação de enfermeiros em Portugal já assumiram intrinsecamente, embora tenham vergonha de o afirmar em público, que estão a formar para a Europa e para o mundo. E daqui não vinha mal, se o país fosse capaz de estimular uma emigração circular onde as competências e conhecimentos adquiridos no estrangeiro fossem aproveitados posteriormente em Portugal.

Que tipo de profissionais estamos a perder e que consequências antevê para o país?
Estamos a perder fundamentalmente recém-licenciados e enfermeiros especialistas altamente diferenciados. A curto prazo, os serviços de onde os enfermeiros saem perdem profissionais competentes e colocam muitas vezes em risco a segurança dos doentes. A médio prazo, o défice coloca dificuldades no desenvolvimento dos enfermeiros. Quando os enfermeiros que estão disponíveis para prestar cuidados gerais são insuficientes, os enfermeiros especialistas são retirados de funções especializadas para assegurar o défice nos cuidados gerais. É o que se chama um planeamento baseado na tesouraria – poupamos hoje, sem pensar nos ganhos/perdas para o cidadão, nem na eficiência do sistema.

A longo prazo, temos consequências significativas para uma sociedade envelhecida que está a expulsar a sua população jovem e activa. Cada vez mais será difícil suportar os custos com a Segurança Social. Não se percebe o motivo pelo qual se pondera dar estímulos à natalidade se quando as pessoas chegam à idade contributiva o país lhes pede para emigrarem. O melhor estímulo é promover condições de trabalho estáveis e projectos profissionais adequados às pessoas.

Que medidas deveriam ser tomadas no imediato para inverter a saída de enfermeiros de que precisamos, mas que estejam também de acordo com os constrangimentos económicos e financeiros do país?
Deve assumir-se os conselhos dados pela maioria da comunidade científica – reforçar o papel dos enfermeiros. Esta é uma medida de eficiência recomendada pela Organização Mundial de Saúde, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e até recentemente pelo relatório da Fundação Calouste Gulbenkian – The Future for Health – Everyone Has a Role to Play. Se a evidência científica é consensual a afirmar que o investimento nos enfermeiros, nos enfermeiros especialistas e no alargamento das suas competências é uma medida de eficiência, qual o motivo que justifica que o Estado português continue apenas a gerir tesouraria?

Fonte: Público

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