opiniãoSaúde e bem-estar

Com a SAÚDE…NÃO SE BRINCA!!! (II)

Olá caros leitores!

Ora cá estou eu, desta vez a trazer-vos o capítulo II do meu artigo: “Com a SAÚDE…NÃO SE BRINCA!!!”; sem dúvida, uma temática pertinente, atendendo à cada vez mais deteriorada situação em que se encontra o sector da Saúde no nosso país, a avaliar, entre outros achados, pelo recente número de casos de morte – e repare-se bem, foram oito! – ocorridos nos Serviços de Urgência de Hospitais Públicos, em apenas três semanas, levantando assim suspeitas de falta de assistência médica atempada.

Ainda assim, um dos Hospitais envolvidos – o Hospital Garcia de Orta -, assegura que “espera de três horas nas urgências não matou paciente”, um sexagenário que na Triagem, ter-lhe-á sido atribuída uma pulseira amarela, contudo viria a falecer com um enfarte. Já no Hospital S. José, outro infortúnio: um octagenário, na sequência de seis horas à espera para ser atendido, terá sido encontrado morto pelo filho; e para este caso, ainda não é conhecida qualquer justificação por parte da referida unidade hospitalar.

– “Oh meu Deus”! Quase que me apetece usar o vernáculo que usávamos na adolescência porque enfim…era “porreiro”, entre os pares. Ainda que não o faça, atrevo-me a citar, quase tal qual, as genuínas palavras de indignação dos anciãos da aldeia das minhas raízes, no que diz respeito a este descalabro e cuja responsabilidade atribuem aos nossos governantes, por todo um desinvestimento sistemático na Saúde que tem vindo a imperar nos últimos anos:

-“VÃO TODOS PARA O RAIO QUE OS PARTA!!!”

Mas não vou por aí!…”Não vá o diabo tecê-las” e os caros leitores criem uma impressão depreciativa a meu respeito. Ainda assim, não posso deixar de aqui manifestar a minha modesta opinião, no que concerne a esta matéria, a meu ver, uma tragédia de todo evitável.

Se a tutela tivesse providenciado as medidas necessárias, em tempo oportuno(!), que é como quem diz: se tivesse “dado ouvidos ao saber de experiência feito”, nomeadamente, aos interesses reivindicados quer por parte da OM (Ordem dos Médicos), quer por parte da OE (Ordem dos Enfermeiros) e, numa base de negociação, ponderasse quais as medidas electivas a implementar-se de imediato, visando a prevenção da Doença e a melhoria dos Cuidados de Saúde…certamente nada disto estaria a acontecer!

– Ah! Mas não!…Tampouco quiseram saber, porque enfim…”há que combater o despesismo”(!), e ao que parece, no centralismo e na privatização, é que está o ganho!(?)

– Pois ora aí está o resultado das “estratégias economicistas”, traduzindo-se em mortes, qual “chacina” de todo previsível, quiçá por falta de assistência atempada dos mais vulneráveis(?) – doentes crónicos e idosos. Todavia, ao que parece, ninguém quer assumir a responsabilidade pela ocorrência de tais mortes, pois repare-se:

Quando inquiridos pelos média, as justificações que visualizámos e ouvimos nos últimos dias foram as mais divergentes. Por um lado, os representantes das Unidades Hospitalares envolvidas onde ocorreram as mortes, a bem dizer, “sacodem a água do capote”, argumentando que não terão ocorrido na sequência de tempos de espera “ad aeternum” para os malogrados, mas sim, devido a “patologias graves subjacentes” que os mesmos padeciam”, acrescidas, para a grande maioria, o facto de serem idosos. Por outro lado, e pasmem-se todos(!), os funcionários de algumas das instituições envolvidas, ainda que de costas voltadas para a câmara e com voz distorcida (ora pois! Quiçá com o receio de sanções disciplinares, do tipo despedimento compulsivo?…), confessam o óbvio; ou seja, a inadequação de recursos humanos disponíveis, nomeadamente médicos e enfermeiros, imperando o caos, e lá está (!), a tal morosidade de “horas a fio” desde a atribuição da pulseira com carácter urgente, segundo a Triagem de Manchester, pelo enfermeiro, até ao atendimento médico efectivo.

– Então mas afinal, em que ficamos? Houve ou não “falta de assistência ou erro humano”?

Uma “coisa” é certa! Nada, mas absolutamente nada neste mundo vai trazer de volta essas vidas que se perderam, nem tampouco a DOR DA PERDA dos familiares das vítimas poderá ser apaziguada, assim, sem mais!…

– Já agora! A propósito destas MORTES NAS URGÊNCIAS,  o Ministro da Saúde Paulo Macedo recusa “alarmismo e falsidade” e lança novas medidas para os hospitais, medidas essas que não são mais do que um desesperado “grito” de um:

– “Ai Jesus, vamos lá rapidamente contornar a coisa antes que aconteça mais bosta”!!!

Desta feita, digamos que agora, quase que “vale tudo menos tirar olhos”!…Que é como quem diz, será possível:

  • A contratação de médicos reformados; (- Pois está claro! Um recurso e esperamos que, ainda operacional!)
  • A abertura de concursos para a contratação de 1000 enfermeiros para os Centros de Saúde; (- Só?)
  • As Urgências Privadas virem a tratar doentes do SNS (Serviço Nacional de Saúde), em alturas de maior afluência aos hospitais; (Lá está! Um “apelo”!..ao sector privado.)
  • A existência de “camas supletivas para internamento”, com fartura (!), em todas as unidades de saúde do sector público, social, privado e militar; (- Estamos para ver!)
  • Referenciação geográfica para Serviços de Urgência com menor afluência; (- Ai sim? Bem…esperamos que os doentes não agudizem, ou entretanto pereçam nessas “andanças”!)
  • Aquisição de macas em demasia, procedendo-se inclusive à sua compra ou reserva em caso de déficit; (- É assim mesmo!)
  • Os Serviços de Urgência fazerem a “retriagem” em alturas de maior afluência, aumentando o número de triadores – ou seja, NÓS! – no sentido de se repetir a triagem, sempre que “o tempo de espera até à primeira observação médica for ultrapassado”; (Até que enfim! Ora aqui está uma excelente medida!)
  • A existência de médicos supletivos, nomeadamente internos adstritos à Medicina Interna, à Cirurgia Geral ou às especialidades afins; (- Oh! Nada de novo! Isso é o que já se faz, e além do mais, esses são outros tais que, tal como nós, “não têm mãos a medir”!)
  • A contratação em regime de tarefa ou avença “onde for preciso”, devendo ser acelerada a colocação dos médicos que já terminaram os internatos”; (E, eis o desespero”!)
  • Fomentar a importância e a prática da vacinação das pessoas internadas em lares, mediante a intervenção de delegados de saúde e enfermeiros. (- Muito bem! A bem dizer, um ex libris dos CSP – Cuidados de Saúde Primários)

De certa forma, ainda que com alguma ligeireza, penso que as medidas preconizadas, digamos que, “adesivam” a situação…

– Agora veja lá, sr. Ministro da Saúde(!), se a implementação destas medidas é célere, até porque pelo que se perscruta, ainda não se terá atingido o pico da gripe, cuja estirpe este ano se apresenta mais virulenta!!!

E já agora(!), contrariamente à posição de José Manuel da Silva, bastonário da OM, que rejeita alargamento inútil e prejudicial das funções dos enfermeiros, por uma questão de “despesismo desnecessário”, considero importante – ainda que defenda a missiva  de “cada macaco no seu galho”, também defendo a outra: “em tempo de guerra não se limpam armas” – o reforço do papel do enfermeiro nas Urgências dos Hospitais Públicos.

– Mas qual despesismo, qual quê?…Ora bem! Se é consensual os enfermeiros classificarem os doentes urgentes segundo a Triagem de Manchester – o que, diga-se de passagem, é uma tremenda responsabilidade, porque enfim… um doente mal triado, pode ser “a morte do artista”(!) – não estou a ver quais serão os impeditivos major, para os mesmos, neste plano de contingência em particular, não solicitarem entretanto, EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO DE ROTINA, até chegarem ao atendimento médico que, seguramente os complementará com os necessários ao diagnóstico diferencial da doença(?)! Mais!…Não estou a ver qual é o problema dos enfermeiros, mediante protocolos de actuação, administrarem analgesia previamente à observação clínica(?)! Quiçá(?), seja preferível manter os doentes comDORES INSUPORTÁVEIS, para não “mascarar algumas situações potencialmente graves”???

– Oh “valha-nos Deus”!

Citando Germano Couto, bastonário da OE, não posso “deixar de elogiar amplamente a tomada de decisão, por parte do Ministério da Saúde”, para que “os doentes não fiquem reféns do nível de afluência diária” a estes serviços. Como tal, subscrevo inteiramente as suas palavras:

“Esta é uma medida orçamental neutra e que salva vidas, através do adequado aproveitamento das competências dos diferentes profissionais do sistema, nomeadamente dos enfermeiros e enfermeiros especialistas.”

Tenho dito!

Como sempre, até breve se Deus quiser.

Beijinhos

 

Paula Pedro

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Paula Pedro

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