Inglaterra lida com primeira greve geral de médicos em 68 anos
É a primeira vez desde a criação do Serviço Nacional de Saúde britânico que médicos internos dos serviços de emergência, maternidades e cuidados intensivos levam a cabo uma paralisação total. Governo promete lutar contra exigências da classe até ao fim
Já lhe aconteceu olhar-se ao espelho e pensar ‘Sou eu o problema’?” A questão foi colocada ao ministro britânico da Saúde Jeremy Hunt, esta terça-feira de manhã, à hora em que tinha início uma greve de dois dias levada a cabo por médicos internos em Inglaterra, a primeira nos 68 anos de história do sistema nacional de saúde (NHS na sigla britânica) a juntar médicos de inúmeras especialidades, incluindo de serviços de emergência, maternidades e cuidados intensivos.
Em entrevista à BBC Radio 4, Hunt descartou-se de responsabilidades. “Este é provavelmente o meu último grande emprego na política e a única coisa que me tira o sono é não fazermos o que é correto para ajudar a fazer do NHS um dos sistemas de cuidados de saúde mais seguro e de alta qualidade do mundo. Os ministros da Saúde nunca são populares”, rematou.
Em causa estão os cortes no financiamento do NHS e as falhas no atendimento, dois de uma série de pontos de contenda que, em janeiro, já tinham levado os médicos internos (junior doctors) a entrar em greve. Com o fim das negociações entre o governo e a Associação de Médicos Britânicos nesse mês, foi convocada uma greve geral para 26 e 27 de abril.
Para colmatar as ausências de médicos, está a ser aplicado um plano de contingência de “nível militar”, que já passou pelo cancelamento de 13 mil cirurgias de rotina e mais de 100 mil consultas médicas e pelo reforço de enfermeiros e médicos seniores nos serviços de urgência de maior importância. Os médicos internos dos vários serviços estarão em greve até às 17h locais desta terça e quarta-feira.
De acordo com uma sondagem do Ipsos Mori para a BBC, a maioria dos britânicos está do lado da classe médica, culpando o governo de David Cameron pelo atual impasse e pelo desinvestimento no NHS. Segundo o inquérito, 57% da população apoia a greve geral dos médicos e 54% responsabilizam exclusivamente o governo por essa paralisação.
Na mesma entrevista à BBC 4 esta manhã, Hunt defendeu que “nunca se ganha um concurso a ser a pessoa mais adorada quando se faz este trabalho” de cortar no NHS. “O que a história vai julgar é se tomámos suficientes decisões duras e difíceis que permitirão ao NHS garantir cuidados de alta qualidade aos doentes. Estas alterações nunca são fáceis mas é isso que estou determinado a fazer.”
Fonte: Expresso
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