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8 medicamentos que Precisamos Conhecer nas Emergências em Cuidados Intensivos

Quando se trata de assistência ao paciente gravemente enfermo, muitos profissionais de enfermagem temem a falha. Não conseguir lidar com a grande quantidade de procedimentos complexos, não suportar a (grande) responsabilidade que se tem sobre a vida de um paciente, não se acostumar com os bips bips bips dos alarmes dos monitores (e ventiladores, bombas de infusão etc) e, em especial, não saber absolutamente nada muito sobre as drogas utilizadas em terapia intensiva.

Então você está prestes a assumir uma vaga em Unidade de Terapia Intensiva e está… surtando?
Ou já trabalha em UCI e quer apenas atualizar/complementar/revisar seus conhecimentos?

Ok. Talvez eu possa te ajudar um pouco!

Neste post listarei oito drogas que são frequentemente utilizadas em emergências no ambiente de UCI. Basicamente, drogas do ACLS. É imperativo que você entenda o que são estas drogas e quando devem ser utilizadas. Quando eu comecei minha vida profissional, tinha pouca ideia do que essas drogas faziam (como deveriam ser administradas e quais as dicas para trabalhar com elas).

Então, vamos ao que interessa!

Adenosina

É um nucleosídeo endógeno, presente em todas as células do corpo. Diminui a velocidade de condução do nó AV. Trata taquicardia paroxística supraventricular (TPSV) e, algumas vezes, taquicardia atrial (porém eu nunca vi alguém usar essa droga nesses casos).

Amiodarona

Antiarrítmico que age nos canais de sódio, potássio e cálcio. Prolonga a duração dos potenciais de ação nas fibras cardíacas, diminui a velocidade de condução, prolonga a refratariedade no nó AV. Vasodialata. Utilizado em TV (taquicardia ventricular), FV (fibrilação ventricular) e taquicardia sinusal.

Atropina

Anticolinérgico, aumenta a condução do nó AV. Droga de escolha para tratar bradicardia.

Epinefrina

Catecolamina potente. Aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial. Usada para tratar assistia, TV, FV ou bradicardia.

Lidocaína

Antiarrítmico usado como alternativa à Amiodarona. Trata a FV ou TV.

Procainamida

Antiarrítmico usado para o tratamento de TV sustentada.

Sotalol

Beta Bloqueador. Trata Fibrilação Atrial (FA) ou Flutter atrial.

Vasopressina

Antiarrítmico sintético. Usado no tratamento da assistia, TV ou FV.

Implicações (e aplicações) para a Enfermagem, Efeitos Colaterais e Contraindicações

Adenosina

Minha experiência com a Adenosina é vê-la sendo usada quando os pacientes começam a apresentar TPSV e as manobras legais não conseguem reverter o ritmo. As maiores coisas a notar aqui são: conecte o paciente a um ECG de 12 derivações, mande ver na Adenosina e monitore o ECG para identificar a conversão do ritmo.

Tipicamente, a primeira dose da adenosina é de 6 mg. Se isso não converter o ritmo (entre 1 ou 2 minutos), então você administra 12 mg. Se isso não funcionar, você pode administrar 12 mg novamente. Não exceda 12 mg em uma única dose. Os pacientes com um acesso central podem responder a doses menores. Lembre-se, a adenosina tem uma meia vida curta (inferior a 10 segundos), de modo que tem de ser administrada de forma rápida. Muito rápida. Não é necessário diluir a droga (ou seja, a administração deve ser embolus); apenas faça um “flush” com, aproximadamente, 50 ml de SF 0,9% após a administração. Fique atento ao aspecto da solução: ela deve estar transparente; não utilize se houver material particulado ou mudança de cor. A reação do coração à medicação é evidente no ECG (tipo, lindo de se ver!). O coração parece que para de bater por um segundo. Você pode ver isso claramente no ECG. Em seguida, ele “reinicia” e volta a um ritmo regular (dedos cruzados para que isso aconteça!). Meia-vida extremamente curta: <10 segundos. É captada imediatamente pelos eritrócitos e pelas células endoteliais dos vasos sanguíneos, metabolizada e utilizada por todo o corpo (regulação do tônus vascular coronariano e sistêmico, função plaquetária, lipólise nas células adiposas e condução intracardíaca).

      P.S.: A literatura mostra o uso da Adenosina também como agente diagnóstico não invasivo da DAC (Doença Arterial Coronariana) por meio de tomografia com tálio. Não tenho experiência nessa área de diagnóstico por imagem, mas a literatura preconiza o uso de 140 mcg/kg/min (0,14 mg/kg/min), em infusão contínua, durante 6 minutos. O cálculo de dose deve ser feito com base no peso corporal total.

Efeitos colaterais: agravamento do ritmo, queda da pressão arterial, falta de ar, rubor facial, dor no peito, formigamento.

Contraindicações: broncoespasmo, asma, bronquite, bradicardia, hipotensão grave, síndrome do nó sinusal.

Amiodarona

É usada na TV, FV e taquicardia sinusal. Causa vasodilatação e prolonga o período refratário através da interação com os canais de potássio, sódio, e cálcio. A amiodarona é lipossolúvel, por isso é melhor absorvida se o paciente tomar a medicação por via oral com alimentos. Se administrada por via intravenosa como uma dose de ataque (rápida), são usados, geralmente, 150 mg em 100 SG5% durante 10 minutos. Doses de ataque (lentas) devem ser de 1 mg/min ou 33,3 ml/h da solução de 1,8 mg/ml por 6 horas. Em paradas cardíacas, dose de ataque ou suplementares são administradas por via EV em bolus; lave com 10 ml de SG 5%. Na infusão de manutenção, use 0,5 mg/min ou 16,6 ml/h da solução de  1,8 mg/ml por 18 horas. Mais uma vez, isso pode variar entre hospitais/médicos. Eu só estou tentando te dar uma idéia de como a droga é usada. Também pode ser utilizada em eventos fatais, bem como para suprimir arritmias crônicas.

Na diluição,em qualquer solução preparada a ser administrada por mais de 2 horas, use somente soluções de SG 5% comercialmente disponíveis em frascos de poliolefina. Frascos de PVC são adequados apenas para diluição da dose de ataque rápida. Administre através de uma via de infusão exclusiva (de preferência cateter venoso central). Existe uma absorção pelo equipo de PVC, mas a perda é contabilizada nas doses especificadas.

Fique de olho no monitor cardíaco do paciente para detectar quaisquer mudanças em seu ritmo (Mantenha a atenção!!!). A amiodarona pode causar bradicardia, torsades de points ou um novo quadro de TV ou FV. Monitore os valores de exames de laboratório para eletrólitos, AST (também conhecida como TGO) e ALT (também conhecida como TGP). A amiodarona inibe a isoenzima CYP 450. Por causa disso, há uma interação com o clearance de muitos medicamentos. Então, cuidado se o seu paciente está em uso de digoxina, varfarina, ciclosporina, sinvastatina, procainamida … Ou seja, basicamente tudo! Meia-vida excepcionalmente longa, sendo metabolizada no fígado por enzimas do citocromo P450. Excretada principalmente na bile. Secretada no leite materno.

Efeitos colaterais: hipotensão, anafilaxia, insuficiência cardíaca, choque cardiogênico, diminuição dos níveis séricos de potássio, diminuição dos níveis séricos de magnésio, náuseas, lesão hepática.

Contraindicações: alergia a iodo, choque cardiogênico, bradicardia. Use com cuidado na disfunção hepática. É totalmente contraindicado para mulheres que amamentam.

Atropina

Na UTI, essa droga é mais amplamente utilizada para tratar bradicardia. Outro uso comum da atropina é administrá-la em pacientes em estágio terminal a fim de diminuir a quantidade de secreções. Da mesma maneira, ao bloquear a acetilcolina nos receptores muscarínicos, a atropina pode tratar envenenamentos por gases tóxicos ou inseticidas. Sendo mais específico, a atropina é uma droga anticolinérgica e potente alcalóide. Os seus principais usos terapêuticos são periféricos, afetando a musculatura lisa, o músculo cardíaco e as células glandulares.

A atropina pode ser administrada sem diluição, mas a dose desejada pode ser diluída em pelo menos 10 mL de AD. Não adicione a droga a soluções EV. Infunda por meio de conector em Y (o famoso Polifix®, por exemplo) ou torneira de 3 vias.

Paratratar bradiarritmias, administre 0,5 mg, em bolus EV. Essa dose pode ser repetida a cada 3-5 minutos, com cuidado para não exceder o total de 2 mg. Fique atent@, pois doses inferiores a 0,5 mg podem causar diminuição paradoxal da frequência cardíaca. No relaxamento da musculatura lisa e supressão de secreções, são utilizados de 0,4 a 0,6 mg, a cada 4 a 6 horas. Como antídoto  para envenenamento por compostos anticolinesterásicos (inseticidas organofosforados, gases neurotóxicos e intoxicação por cogumelos), a dose recomendada é de 1 a 2 mg, em doses únicas e repetidas a cada 5 a 60 minutos. Até 50 mg podem ser necessários nas primeiras 24 horas, com manutenção realizada com a forma oral da atropina. A interrupção deve ser feita por desmame, a fim de evitar recorrência dos sintomas (edema pulmonar, por exemplo).

Algumas informações e cuidados devem ser ressaltados no uso da atropina: é metabolizada pelo fígado e excretada na urina e na bile. Cruza a barreira placentária e é secretada no leite materno (possível toxicidade para lactentes). Deve ser usada com cuidado em pacientes com hipertrofia prostática, doença pulmonar crônica, idosos (pode produzir agitação, confusão ou sonolência) e pacientes com retenção urinária. Monitore com cuidado os sinais vitais e/ou ECG do paciente. Há potencialização dos efeitos da atropina por outros fármacos com propriedades anticolinérgicas, como a amitriptilina. A clorpromazina pode ter seu efeito reduzido pela atropina. Ainda, algumas drogas administradas por via oral podem ter seus efeitos potencializados pela atropina, graças ao retardamento do esvaziamento gástrico e aumento da taxa de absorção: atenolol, digoxina, nitrofurantoína e diuréticos tiazídicos.

Efeitos colaterais: taquicardia, boca seca, visão turva, midríase, tremores, náusea, vômitos, refluxo gastroesofágico, constipação, retenção urinária (principalmente em homens), psicose anticolinérgica, prostração por calor acompanhada por diminuição da sudorese.

Contraindicações: pacientes com glaucoma de ângulo fechado.

Epinefrina (Adrenalina)

É uma catecolamina potente que aumenta a frequência/contratilidade/automaticidade cardíaca e a pressão arterial. É usada quando o paciente está em assistolia, bradicardia ou tem uma TV ou FV que não responde à desfibrilação. Você também pode ver a Epinefrina sendo usada em casos de hipotensão severa, choque anafilático ou broncoespasmo.

Na parada cardíaca é comum administrar bolus de 1 mg a cada 3-5 minutos seguida por um flush de 10 mL de água destilada ou SF 0,9%. Para o tratamento anafilático, a dose pode variar de 0,1mg a o,25mg (mais uma vez, esta é uma diretriz apenas para você ter uma idéia das prescrições médicas. Nunca deixe de seguir a conduta médica!). Monitore de perto a pressão arterial e a frequência respiratória do paciente. Monitore também o balanço hídrico (ganhos e perdas), pois essa droga pode causar isquemia renal. Certifique-se de que o paciente está monitorizado e fique atento a quaisquer alterações no ritmo cardíaco. Monitore o local de inserção do acesso venoso. A paciente tratada com epinefrina não deve amamentar.

Efeitos colaterais: aumento da pressão arterial, ansiedade, arritmia ventricular, acidente vascular encefálico, necrose tecidual (em casos de infiltração da solução).

Contraindicações: em choque cardiogênico ou hemorrágico, aneurisma da aorta, glaucoma de ângulo estreito.

Lidocaina

Tá, eu sei que essa é a droga que se usa para anestesias locais, mas na UTI ela tem sido usada para tratar arritmias. Então eu vou falar apenas nesse contexto, okay? Okay!

A lidocaina é usada na PCR para tratar FV ou TV. Pode ser usada como uma alternativa à amiodarona. Porém, não é efetiva contra arritmias atriais.

Em casos de PCR, as prescrições costumam pedir uma dose de 1 a 1,5 mg/kg em 2 a 3 minutos. Doses adicionais podem ser administradas em 5 a 10 minutos, até um total de 3 mg/kg.

Monitore os sinais vitais do paciente (especialmente PA e FR). Observe a FC registrada no monitor, fique atento a qualquer alteração, pois tanto bradicardia quanto qualquer outra disritmia podem ocorrer. Monitore os níveis séricos da droga em casos de longo tempo de infusão. Os sinais de toxicidade podem incluir tremores, zumbidos no ouvido, contrações musculares involuntárias, convulsões, confusão, náuseas, vômitos e visão turva.

Efeitos colaterais:  queda na pressão arterial, depressão respiratória, bradicardia, toxicidade (depressão do SNC, podendo levar a convulsão, especialmente em tempos de infusão maior que 24 horas. Então, mais uma vez, deve-se monitorar os níveis de lidocaina — o intervalo terapêutico é de 1,5 a 5 mcg/mL).

Contraindicações: bloqueios cardíacos, BAV (bloqueio atrio-ventricular), bradicardia, baixo débito cardíaco, IC e insuficiência hepática.

Procainamida

É um antiarrítmico que aumenta o período refratário dos átrios e reduz o impulso de condução. É usado para tratar TV sustentada com ameaça à vida. Tem efeitos colaterais bem sérios, então não pode ser usado para tratar arritmias menos graves.

Existe uma linha tênue entre a terapêutica e a toxicidade, então essa é outra razão pela qual a procainamida deve ser utilizada com grande cautela. Os níveis terapêuticos estão entre 4 e 8 mcg/ml e a toxicidade pode ocorrer entre 8 e 16 mcg/ml. Então, como você pode perceber, a diferença é realmente apertada. Sinais de toxicidade podem incluir: vertigem, confusão mental, náuseas, vômitos, redução do débito urinário e taquicardia.

Monitore PA, FC, ECG e cheque os exames laboratoriais para identificar possível toxicidade, lesão renal ou insuficiência hepática. O ECG pode começar a evidenciar um alargamento do complexo QRS ou um aumento dos intervalos PR e QT. Observe o monitor cardíaco para outras possíveis disritmias, tais como TV, FV, assistolia ou contração ventricular prematura (CVP).

Efeitos colaterais: hipotensão, alargamento do complexo QRS, disritmias e toxicidade. O uso prolongado pode levar síndrome lupus-like (induzida por medicamentos).

Contraindicações: Bloqueio cardíaco completo, intervalo QT prolongado, torsades. Deve ser usado com cautela em pacientes com IC, toxicidade por digoxina e hipocalemia.

Sotalol

É um beta-bloqueador que trata FA sintomática, flutter atrial, TV ou FV. É indicado que seja usado APENAS em casos de arritmias muito graves por causa do seu potencial de produzir um intervalo QT prolongado que pode, então, se transformar em torsade de pointes (OK. É raro acontecer. Mas existe essa possibilidade!). Então, antes de usar essa medicação como opção no tratamento da arritmia do paciente, é necessário que se verifique se uma manobra de valsava pode converter o ritmo.

Efeitos colaterais: vertigem, fadiga, cefaleia, fraqueza, náusea, bradicardia, dispneia e constipação.

Contraindicações: asma, choque cardiogênico, edema pulmonar, bloqueio cardíaco de II ou III grau.

Vasopressina

Um análogo sintético do hormônio antidiurético. Aumenta a reabsorção de água. Pode ser usado para tratar Diabetes Insipidus. Também pode ser usado em casos de assistolia ou TV/FV sem pulso como alternativa à epinefrina. Na UTI, é também usado para oferecer suporte aos níveis de pressão sanguínea de pacientes que podem ser potenciais doadores de órgãos. Apesar de não assinalado na bula, muitas vezes a vasopressina é usada para tratar sangramento de varizes esofágicas.

Em casos de PCR, geralmente usa-se a dose de 40 unidades, em bolus EV. Para Diabetes Insipidus, são administradas de 5 a 10 unidades, de 2 a 4 vezes poor dia. Para a manutenção da pressão arterial, a resposta do paciente é determinante da dose utilizada.

É necessário manter bastante atenção na pressão arterial do paciente, bem como na monitorização cardíaca, a fim de detectar quaisquer mudanças de ritmo. Se o paciente está usando a vasopressina para o tratamento de Diabetes Insipidus, fique de olho nos ganhos e perdas do balanço hídrico, bem como nos resultados de laboratório — eletrólitos, uréia sérica, creatinina, relação uréia:creatinina. Avalie se existem sinais de desidratação ou sobrecarga de volume de fluidos.

Efeitos colaterais: anafilaxia, tremores, sudorese, bloqueio cardíaco, débito cardíaco diminuído, hipertensão, angina, dores abdominais, broncoespasmo.

Contraindicações: Doença renal crônica. Usar com cautela em pacientes com IC, convulsões, enxaquecas, asma e lesão renal.

 

Conteúdo adaptado de Hello Nurse.

Fonte: Sala de Enfermagem

Veja também : A importância do conhecimento científico na utilização de medicamentos vasoativos

 

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