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RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP): UMA HABILIDADE QUE SALVA VIDAS

De acordo com Marion Leary (RN, MSN, diretora-assistente de pesquisa clínica na Universidade do Centro da Pensilvânia para Ciência da Ressuscitação, na Filadélfia, Estados Unidos), “a parada cardiorrespiratória (PCR) pode acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar.” Quando bem desempenhada, a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) aumenta as taxas de sobrevivência após os episódios de PCR.
“O que os dados nos dizem é que a RCP de alta qualidade oferece melhores resultados para os pacientes”, disse Beth Mancini (RN, PhD, NE-BC, FAHA, ANEF, FAAN, professora e reitora adjunta de graduação no curso de enfermagem da Universidade do Texas, em Arlington, Estados Unidos). “Uma RCP melhor maximiza as chances de sobrevivência.”

No entanto, a qualidade da RCP nem sempre é ótima, mesmo em ambientes hospitalares. Em 2013, a American Heart Association (AHA) publicou uma declaração de consenso, “Qualidade da RCP: melhorando os resultados da ressuscitação cardíaca dentro e fora do hospital” (clique AQUI para download do arquivo, em Inglês), que citou um “crescente corpo de evidências indicando que, mesmo após o controle das características dos pacientes e de eventos, houve uma variabilidade significativa nas taxas de sobrevivência tanto na assistência pré-hospitalar quanto intra-hospitalar”.

“Nós muitas vezes presumimos que profissionais de saúde formados e qualificados fariam uma boa RCP, de forma consistente, porque assim o querem. Mas o fato é que nem sempre fazemos certo e não reconhecemos quando fazemos algo de errado”, disse Mancini, que, em conjunto com Leary, foi co-autora da declaração de consenso,publicada em junho no site da revista Circulation.

“Os dados continuamente nos mostram que a maioria das pessoas, incluindo profissionais de saúde, não executam bem a RCP”, disse Leary.

De acordo com dados citados nas diretrizes de consenso: “Em um ambiente hospitalar, a sobrevivência é superior a 20%, se a PCR ocorre no horário entre as 07:00h e as 11:00h, mas apenas 15% se a parada ocorre entre 23:00h e 07:00h. Não existe uma variabilidade significativa no que diz respeito à localização, com 9% de sobrevivência durante a noite em ambientes não monitorados em comparação com quase 37% de sobrevivência na sala de operação e nas unidades de recuperação pós-anestesia durante o dia. ”

Infelizmente, uma vez que os pacientes entram em PCR, apenas metade deles recebem alta do hospital sem danos neurológicos. “Nós podemos fazer melhor do que isso”, disse Mancini. “O objetivo não é salvar a todos, o objetivo é salvar o maior número possível.”

A declaração de consenso da AHA afirmou que a qualidade do CPR varia substancialmente. “A oportunidade de melhorar a qualidade da RCP é sem fronteiras”, disse Mancini. “Todo mundo pode fazer melhor”.

Feedback em tempo real

“A RCP é uma habilidade psicomotora com a intenção de maximizar o fluxo de sangue, então você quer monitorar esse fluxo em tempo real”, disse Mancini. Uma opção é um monitor/desfibrilador que fornece informações sobre a qualidade da RCP através de feedback visual ou de áudio. “Quando você compara o uso de equipamentos com a capacidade dos seres humanos de saber se alguém deveria estar comprimindo mais profunda ou mais rapidamente, o equipamento sempre ganha de nós“, disse ela. Dependendo do dispositivo, um monitor/desfibrilador pode medir a profundidade de compressão, frequência, recuo do peito e o momento de não comprimir o peito.

Se o hospital não é capaz de prover estes dispositivos em todas as unidades, Mary Fran Hazinski (RN, MSN, FAAN, FAHA, especialista internacional em RCP, professora da Escola de Enfermagem da Universidade de Vanderbilt, em Nashville, Estados Unidos) recomenda que eles sejam colocados em áreas de maior risco, como o PS e a UTI, incluindo-os nos carrinhos de reanimação (também conhecidos como carrinhos de parada ou carro de emergência) que são utilizados.

Alguns hospitais de pequeno porte raramente tem pacientes que necessitam de reanimação. Embora estas instituições possam não ser capazes de oferecer equipamentos topo de linha (high-end), alguns dispositivos menos caros de feedback estão disponíveis. A supervisão direta também é útil. Leary sugere que alguém da equipe de resposta seja designado a assistir a reanimação e dar um feedbacksobre a qualidade da RCP. Este passo é “fácil de implementar e pode fazer uma enorme diferença nos resultados”, disse Hazinski

Hospitais maiores também podem se beneficiar desta estratégia. “Nós tentamos colocar uma pessoa no pé da cama”, disse Hazinski. “Essa pessoa controla as interrupções na RCP, monitora a profundidade e a taxa de compressão e observa se as mãos da pessoa que está realizando a massagem está saindo do peito do paciente.”

A verificação do pulso, uma técnica comumente usada para avaliar a qualidade da RCP, não é recomendado por causa da imprecisão.”

A RCP de qualidade aumenta as chances de sucesso na assistência ao paciente em PCR.

A prática leva à perfeição

Enquanto a AHA solicita a renovação dos seus treinamentos a cada dois anos, esse ciclo de renovação não pode não ser suficientemente frequente para alguns indivíduos manterem a sua competência, especialmente aqueles que não executam CPR frequentemente, afirma Mancini. A ênfase está na avaliação mais frequente da habilidade de execução e, quando necessário, da correção de erros durante a RCP.

Mancini disse que a deterioração das habilidades em RCP pode ocorrer a partir de 30 até 60 dias sem execução da reanimação, o que torna essencial a prática regular. “A prática ajuda a desenvolver aquela memória muscular e lembrar o ritmo desejado”, disse Hazinski. “Quanto melhor você executa a RCP, melhor pode identificar quando esse procedimento está comprometido”.

No tumultuado ambiente dos serviços de saúde, é preciso criatividade para encontrar tempo para a prática do pessoal. Mancini aconselha levar um manequim em um esquema trimestral ou mensal às unidades onde a RCP é executada com menos frequência, possibilitando que os funcionários façam uma revisão curta (2 minutos) sobre a realização da reanimação. Outra opção é ter quiosques onde o pessoal pode executar independentemente a RCP com a utilização de treinamento online.

As simulações de “parada” em qualquer organização são outro instrumento eficaz não só para a qualidade da RCP mas para melhorar a eficácia de ressuscitação em geral. Hazinski relata que os monitores/desfibriladores que avaliam a qualidade da RCP são parte das simulações de PCR no Hospital Vanderbilt com a finalidade de ajudar a equipe a melhorar as suas habilidades psicomotoras. “Praticar com esses dispositivos realmente melhora a performance”, disse. “Podemos até desligar as instruções sonoras dos equipamentos depois de alguns ciclos e a melhora na execução da RCP se mantém”.

No Hospital de Crianças Cincinnati, Tom LeMaster (RN, MSN, MEd, REMT-P, EMSI, diretor de programa do Centro de Simulação e Pesquisa) descobriu as “simulações in  situ”, semelhante às simulações de parada com desfibriladores, úteis para manter a competência da equipe assistencial. Credita um elemento da surpresa para fazer as simulações mais eficazes. “Nós chamamos a chefia de enfermagem do setor algumas horas antes para assegurar que a regulação de tempo funcionará, mas os funcionários não sabem sobre a simulação até que a gente comece”, disse. “Aparecemos em uma unidade de internação, no PS, na UTI ou em qualquer outro lugar no hospital”.

As simulações valem a pena pois formam equipes mais eficientes e eficazes. “Reduzir o tempo entre a última compressão e a desfibrilação e entre a desfibrilação e o recomeço de RCP, ainda que seja em alguns segundos, pode aumentar dramaticamente a eficácia, mas isto requer muita prática pela equipe”, disse Hazinski.

Começando com os estudantes

O aumento da qualidade da RCP começa com os estudantes de enfermagem. “Temos que fazer os estudantes aprenderem e prática da RCP em todos os nossos cursos”, disse Mancini, que acrescentou que a simulação é um modo de alcançar a perícia psicomotora. “Os estudantes podem ter de quatro até seis sessões práticas como parte das suas experiências de simulação durante os anos em que estão na universidade”.

Responsabilidade profissional

Uma das responsabilidades profissionais da enfermagem é executar uma RCP de qualidade. “Conhecer os protocolos e usá-los dentro e fora do ambiente profissional hospitalar”, disse Leary.

“A enfermagem podem fazer a diferença durante a ressuscitação”, acrescentou. “Se a unidade de saúde onde você trabalha não tem dispositivos de feedback em RCP ou alguém para orientar a reanimação, faça essa sugestão”.

LeMaster disse que os enfermeiros também devem coordenar esforços por meio de departamentos de qualidade nessa área, uma vez que a ressuscitação é uma questão de segurança do paciente.

“Os enfermeiros precisam entender profundamente os conceitos de melhoria do processo e o seu papel nela”, disse Mancini. “A RCP é uma das coisas mais importantes que fazemos. Como não o fazemos muito muitas vezes mas é tão importante, temos de estar seguros que a nossa prontidão está otimizada. Onde quer que trabalhe, tenho que ter isto”.

Traduzido de: Nurse.com

Fonte: saladeenfermagem

 

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Italo Leite

Enfermeiro em Terapia Intensiva e Emergência, mestrando em Nefrologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, proprietário do Blog Sala de Enfermagem.

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