Hospitais devem mais de 67 mil dias de folga aos enfermeiros
Os hospitais portugueses estão a dever mais de 539 mil horas extraordinárias aos enfermeiros, o que corresponde a mais de 67 mil dias de folga, se tivermos em conta turnos diários de oito horas. A não contratação de profissionais em número suficiente está a agravar a situação.
Os números foram apontados pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e pela Ordem, baseando-se em dados de 27 instituições, ficando de fora outras 18. Segundo o SEP, para colmatar as 539 mil horas extraordinárias, estão em falta 3854 enfermeiros.
O presidente da Associação Portuguesas de Administradores Hospitalares (APAH), Alexandre Lourenço, alerta que as limitações financeiras estão a atrasar as contratações necessárias. Já o Ministério da Saúde diz estar a fazer os possíveis para minimizar a carência de enfermeiros autorizando “a generalidade dos pedidos de contratação”.
“Não é desejável ter profissionais a executar um número de horas muito superior ao normal. Estamos a sobrecarregar recursos de forma desnecessária, o que leva à desmotivação, burnout e emigração. Este número [de horas em dívida] só pode ser resolvido com mais contratações. Apesar da sensibilidade do ministério para a questão, com as limitações financeiras, as contratações levarão mais tempo que o desejável”, afirma o presidente da APAH, lembrando que o aumento do número de enfermeiros é também fundamental para diminuir as infeções hospitalares e apostar em novos modelos de seguimento de doentes crónicos que levariam à redução de internamentos.
Guadalupe Simões, do SEP, refere que a situação se tem agravado “por causa da não admissão de enfermeiros em número suficiente, mas também por outros fatores. Quando se passou para as 40 horas semanais, muitas enfermeiras pediram flexibilidade de horário para acompanhamento de filhos menores, o que levou à diminuição de enfermeiros para fazer as tardes e noites. Como não há admissão suficiente, houve uma redução das folgas destes colegas”. A sindicalista lembra também a subida da taxa de absentismo, que entre 2013 e 2014 passou de 9% para 11%.
Fonte: Jornal Enfermeiro