Pronuncia do Presidente da SR Sul sobre a Assembleia Geral da OE

Sofri na pele o “estar sozinho” sempre que tomava uma posição na defesa dos nossos doentes, da nossa profissão. Garanti que ninguém passaria por isso, e por isso estaremos ao lado de todos os que se levantarem na defesa da segurança dos cuidados,na defesa da nossa profissão.

Não entrarei em discussões de “faca e alguidar” nas redes sociais, nem “lavarei roupa suja em público”. Quaisquer investigações que estejam e que possam acontecer serão bem-vindas, permitirão a clarificação dos factos e a justiça acontecerá em sede própria, não em redes sociais através de posições incendiárias cujo objectivo, mais uma vez, é atirar areia aos olhos dos Enfermeiros.

Sou Enfermeiro e a minha tomada de decisão é baseada em factos científicos e legais e estruturada numa conduta ética. A minha discussão far-se-à no seio da minha profissão, junto com os meus pares. É isso que tenho para vos oferecer, factos para que possam fazer o vosso melhor juízo crítico e que são públicos.

No entanto, quando tentámos mostrar esses factos, durante a última Assembleia Geral, e factos esses que demonstram uma poupança de mais de um milhão de euros poupados aos Enfermeiros em menos de um ano face ao exercício anterior, o que verifiquei foi uma tremenda falta de educação por parte de colegas que se intitulam como referenciais da nossa profissão.

Gritar para mandar calar uma colega, que tanto deu à profissão e que condicionada pela doença não quis deixar de participar, que subiu a custo ao púlpito para apelar ao Respeito no seio da nossa classe, foi um acto repugnante. O meu forte repúdio. Não me reconheço nem como Enfermeiro, nem como pessoa, nessa atrocidade.

Gritos, insultos, bater com os pés no chão não são comportamentos próprios para nenhum de nós, muito menos para enfermeiros que, ou já têm, ou aspiram a lugares de responsabilidade dentro de organizações representativas da Enfermagem, ou como representantes dos Enfermeiros. No meu caso, e por muito menos, ainda hoje teria levado um belo par de açoites no rabo dados pelo meu pai… chamava ele de “educação”.

Uma palavra de apreço a todos aqueles cuja motivação, apesar de discordarem das nossas estratégias, disseram “presente” com um conjunto de sugestões que foram construtivas para todos nós. A todos eles um grande bem-hajam, os Enfermeiros e a Enfermagem continuam a contar convosco.

Como Enfermeiro terei que escolher que tipo de Ordem preciso para a minha profissão, se uma ordem submissa e subserviente aos poderes instalados que precisam de uma Enfermagem dividida e frágil. Ou por outro lado, se preciso de uma Ordem, sem medos, sem telhados de vidro, que continue a afrontar todos os que tentam dividir para reinar, que continue a dar a conhecer os podres de um sistema de saúde para os quais ninguém quer olhar e que atentam contra a dignidade dos nossos, que continue a lutar pelo reconhecimento de uma profissão que há muito se encontra abandonada por todos, inclusivamente por estruturas representantes dos Enfermeiros

Foi me concedida a oportunidade de fazer pela minha profissão o que achei que ainda não tinha sido feito, não desperdiçarei essa oportunidade. Não me vergarei a pressões políticas, nem calarei a minha voz e não desistirei, nem por um momento, da minha profissão. Assumi um compromisso com os Enfermeiros e não me desviarei um milímetro desse compromisso.
Sérgio Branco
Presidente do Conselho Directivo Regional
Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros

Fonte: Facebook