Ordem alerta: Enfermeiros vão abandonar os serviços
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE), Ana Rita Cavaco, enviou um acarta aberta ao Presidente da República alertando para o “crescente número de enfermeiros disponíveis para abandonar os serviços” e pedindo uma “intervenção urgente” de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Vivemos tempos de emergência. O risco de o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) colapsar aumenta de dia para dia. Todos os dias estão a chegar à Ordem relatos de enfermeiros que manifestam intenção de escolher um dia para abandonar os serviços dos hospitais e centros de saúde. Temo que, ainda este mês, o façam, como na Finlândia”, escreveu a bastonária, salientando que “os enfermeiros já ultrapassaram o seu limite e organizam-se fora das estruturas tradicionais que os representam, sindicatos e associações”.
Ana Rita Cavaco entende que há uma “recusa do Governo” de negociar a carreira de enfermagem e que o Presidente da República deve intervir para garantir a segurança e qualidades dos cuidados de saúde prestados.
“O SNS está a pele e osso” – diz- e a contratação de enfermeiros “deixou de ser apenas urgente”, é já uma “emergência nacional”.
Além da falta de profissionais de enfermagem nos serviços, o que faz aumentar o nível de exaustão dos que estão a trabalhar, na carta, a responsável recorda que “os enfermeiros estão sem carreira, não têm categorias profissionais que a OE lhes reconhece, levam para casa menos de 1.000 euros por mês, generalistas e especialistas, os que trabalham 35 horas e os que trabalham 40 horas”.
A bastonária da OE termina dizendo que não vai desistir de defender a classe e apela à intervenção do chefe de Estado: “Recuso baixar os braços e aceitar este bloqueio em silêncio. Por isso, sem mais a quem recorrer, deixo-lhe um apelo sincero: recuse também. A sua intervenção é, neste momento, a salvaguarda do SNS e da vida dos portugueses”.
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