Atualidade

O Facebook faz mal à saúde mental?

Pela primeira vez, a rede social admite que a forma como é utilizada pode ter consequências negativas. Há estudos que mostram que quem põe mais “gostos” e clica em mais links tem tendência a sentir-se pior

Por cada momento de euforia com o número elevado de “gostos” na nova fotografia de perfil há uma discussão interminável com um desconhecido, uma notícia falsa que se vê espalhar pelo feed e uma sensação de vazio depois de ver fotos de amigos no Havai. Usar redes sociais é bom para nós ou deixa-nos maldispostos? É uma discussão que o Facebook está a abordar e em que admitiu, pela primeira vez, as consequências negativas do seu uso.

A conclusão do diretor de pesquisa David Ginsberg e da investigadora Moira Burke, do Facebook, baseada em vários estudos e no seu próprio trabalho, é que passar demasiado tempo a consumir conteúdos na rede de forma passiva é negativo para a saúde mental.

“No geral, quando as pessoas passam muito tempo a consumir informação passivamente – a ler mas sem interagir com as pessoas – sentem-se pior a seguir”, escrevem os cientistas. Os estudos mostram que quem põe mais “gostos” e clica em mais links tem tendência a sentir-se pior. “Embora as causas não sejam claras, os investigadores colocam a hipótese de que ler sobre outros online pode levar a comparações sociais negativas, ainda mais do que offline, visto que as publicações são mais tratadas e lisonjeiras. Outra teoria é de que a internet afasta as pessoas de interações cara a cara.”

A análise foi publicada no rescaldo de uma discussão pública com um ex-executivo. Chamath Palihapitiya, que foi vice-presidente de desenvolvimento de negócio do Facebook até 2011, disse num evento em Stanford sentir-se culpado pelo papel que teve na rede social, dados os efeitos que está a ter na sociedade. “Os ciclos de feedback de curto prazo e impulsionados por dopamina que criámos estão a destruir a forma como a sociedade funciona”, afirmou. “Não há discurso com civilidade, não há cooperação; há desinformação, inverdades. E não é apenas um problema americano – isto não tem que ver com anúncios russos”, ressalvou. “Isto é um problema global.”

As declarações desencadearam uma troca de palavras entre o Facebook e o ex-executivo, que entretanto suavizou as críticas, e levaram a rede social a abordar a questão do ponto de vista académico.

Gonçalo Brito, especialista em marketing digital com mestrado do ISCTE, considera que alguns dos argumentos de Chamath são falaciosos. O ex-executivo disse que as redes sociais estão a “programar” os utilizadores, algo que o especialista português diz existir desde sempre. “As plataformas ditas “gratuitas” têm todas como modelo de negócio a venda de publicidade”, refere Gonçalo Brito. “A manipulação de massas em função do lucro é uma atividade milenar, praticada recentemente também pela televisão, pela rádio, pelos jornais, etc.” O responsável adverte que isto, apesar de poder não ser correto, não é novidade. Ou seja: não é uma invenção do Facebook.

Naturalmente, a rede de Zuckerberg não quer perder utilizadores. Os investigadores David Ginsberg e Moira Burke contrapõem que o antídoto para os efeitos nocivos das redes sociais é ter uma utilização mais envolvente. “Interagir ativamente com as pessoas, em especial partilhar mensagens, posts e comentários com amigos e lembrar aventuras do passado está ligado a melhorias no bem-estar”, escreveram. “Esta capacidade de nos conectarmos com familiares, colegas de escola e de trabalho foi o que levou muitos de nós ao Facebook em primeiro lugar, e não é surpreendente que manter contacto com estes amigos e pessoas queridas nos traga alegria e fortaleça o sentido de comunidade.”

Gonçalo Brito diz que tudo depende da utilização. “Existe sempre muita histeria à volta de ferramentas novas, mas socializar – online ou na vida real – sempre foi uma atividade primária essencial do ser humano”, indica, referindo que plataformas como o Facebook ou o WhatsApp são apenas extensões disso. “A socialização online e todas as suas nuances positivas e negativas é ainda muito jovem para se conseguir aferir reais alterações sociais.”

O Facebook conduziu um estudo com o investigador Robert Kraut na Universidade Carnegie Mellon e concluiu que as pessoas que enviam e recebem mais mensagens, comentários e publicações na cronologia reportam melhorias relativas a depressão e solidão e sentem maior apoio social. Ou seja: para resolver os efeitos nefastos das redes sociais, o Facebook recomenda que se passe mais tempo envolvido nelas – mas de forma mais interativa.

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Fonte
Diário de Notícias

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