Trabalho revela número elevado de bactérias em equipamentos e superfícies de zonas húmidas
Uma equipa de investigadores estudou as condições ambientais hospitalares propícias à colonização e multiplicação de estirpes de bactérias responsáveis por infeções nosocomiais, bem como a sua distribuição espacial. O estudo microbiológico revelou um número elevado de bactérias em equipamentos e superfícies de zonas húmidas e que a sua diversidade estava relacionada com os utilizadores.
O trabalho de uma equipa multidisciplinar de profissionais de saúde e de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Piaget, foi realizado em dois hospitais da região Centro do país e focou-se em estudar a dispersão das bactérias no ambiente hospitalar com ênfase no grupo de bactérias com elevado impacto nas infeções nosocomiais, designadamente pseudomonas aeruginosa, a espécie responsável pelo maior número de infeções nosocomiais; estirpes de Klebsiella, conhecidas pelo número de multirresistência que têm vindo a desenvolver ao longo do tempo; e micobactérias não-tuberculosas, como um novo grupo problemático de bactérias.
A equipa, liderada por Paula Morais, do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), analisou cerca de duas centenas de amostras recolhidas nos serviços de Hematologia, Urologia, Medicina e Transplantes Renais dos dois hospitais, tendo detetado «um número elevado de bactérias em equipamentos e superfícies de zonas húmidas».
Por outro lado, «a diversidade das bactérias estava relacionada com os utilizadores (área dos doentes e área dos profissionais de saúde), mostrando que os utilizadores são importantes contribuidores para a comunidade microbiana do espaço».
O estudo permitiu concluir igualmente que «em mais de 50% das amostras colhidas foi verificada a presença de diferentes espécies de pseudomonas, entre elas pseudomona aeruginosa, altamente resistente a desinfetantes».
A investigação, já publicada no Journal of Microbiology, evidenciou ainda que «os pontos de distribuição de água e biofilmes formados nas torneiras contribuem para a colonização e multiplicação das comunidades microbianas avaliadas».
A coordenadora do trabalho, Paula Morais, acentua que este estudo, o primeiro dedicado ao ambiente hospitalar publicado em Portugal, visa essencialmente «conhecer para melhorar o ambiente hospitalar», ou seja, «fornecer conhecimento que apoie a decisão».
«Sabendo-se que o ambiente hospitalar é um grande “armazém” de microrganismos, onde ocorrem interações complexas, a informação sobre a distribuição e as condições propícias à colonização e multiplicação destas bactérias é essencial para a adoção de medidas adequadas de prevenção e controlo de infeções hospitalares», sublinha a investigadora num comunicado à Imprensa.
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