Enfermeiros angariaram 300 mil euros para financiar greve prolongada
A greve prolongada convocada pelos sindicatos Sindepor e ASPE ameaça paralisar as cirurgias nos blocos operatórios de cinco hospitais públicos entre 22 de novembro e 31 de dezembro.
“Atingimos o objetivo principal a que nos propusemos, os 300 000 euros. É um orgulho imenso perceber que finalmente a Enfermagem acordou e está mais unida que nunca”. A informação foi publicada esta sexta-feira no perfil do Facebook criado pelo grupo de enfermeiros que promoveu uma recolha de fundos para apoiar os profissionais de enfermagem que adiram a uma greve prolongada nos blocos operatórios de três hospitais públicos. A quatro dias do final da campanha de crowdfunding, os enfermeiros atingiram e ultrapassaram o objetivo estabelecido, mas apelam a que as contribuições continuem, uma vez que a greve foi alargada a mais dois hospitais.
O objetivo inicial era parar os blocos operatórios do Centro Hospitalar de São João, no Porto, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e do hospital de Santa Maria, em Lisboa, mas a paralisação foi entretanto estendida aos blocos do Centro Hospitalar do Porto e do Centro Hospitalar de Setúbal.
“Dado que incluímos mais dois hospitais apelamos a que continuem a contribuir e a divulgar a necessidade de angariação de mais fundos para viabilizar a paralisação dos blocos do Centro Hospitalar do Porto e Setúbal! Sem a vossa determinação, apoio e o voltar a acreditar era impossível sonharmos tão alto”, lê-se na mesma publicação.
A greve prolongada dos enfermeiros nos principais blocos cirúrgicos dos hospitais públicos começou por ser convocada para de 8 de novembro a 31 de dezembro pelos sindicatos Sindepor e ASPE, mas foi entretanto desconvocada por terem surgido dúvidas sobre a legalidade da mesma. Perante a polémica relacionada com o prazo em que a greve foi convocada, os dois sindicatos optaram por lançar um novo pré-aviso para o período de 22 de novembro a 31 de dezembro.
Com o fundo social, os enfermeiros que aderirem à greve deverão receber 42 euros por cada dia de paralisação. Sobre a criação da campanha de crowdfunding, Catarina Barbosa, uma das promotoras, disse anteriormente ao DN que “quando os enfermeiros fazem greve e não asseguram serviços mínimos, perdem a totalidade do vencimento desse dia”. Como se trata de uma greve por tempo prolongado, este fundo pretende ajudar os enfermeiros que adiram à paralisação.
Às 17.30 desta sexta-feira, os enfermeiros contavam com quase 304 mil euros angariados, 101% do objetivo.
O grupo promotor da iniciativa recorda que os enfermeiros “não têm carreira digna”, não progridem “há mais de 13 anos” e têm vencimentos baixos para licenciados.
Os enfermeiros reivindicam ainda “a valorização económica do trabalho” e a sua dignificação, nomeadamente com o reconhecimento da categoria de enfermeiro especialista e uma categoria na área da gestão, “o reconhecimento da penosidade da profissão”, através da compensação de quem trabalha por turnos, e a reposição dos critérios para a aposentação 35 anos de serviço e 57 de idade.
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