Hemocultura e os Cuidados de Enfermagem
A hemocultura é um exame realizado para isolar e ajudar a identificar os patógenos na bacteriemia (invasão da corrente sanguínea por bactérias) e septicemia (disseminação sistêmica dessa infecção). Consiste na inoculação de um meio de cultura com uma amostra de sangue e sua incubação. As hemoculturas conseguem identificar aproximadamente 67% dos patógenos no decorrer de 24 horas e até 90% no decorrer de 72 horas.
A bacteriemia pode ser intermitente, transitória ou contínua. O momento ideal de coleta da amostra para hemoculturas depende do tipo suspeito de bacteriemia (intermitente ou contínua) e da necessidade ou não de iniciar a terapia farmacológica, independentemente dos resultados.
São considerados valores de referência
Negativos para patógenos.
Os achados anormais
– Níveis elevados (culturas positivas).
– Infecções associadas a bacteriemia transitória leve.
– Staphylococcus epidermidis e Propionibacterium (em pacientes imunocomprometidos).
– Mycobacterium tuberculosis e complexo M. avium (em pacientes com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana).
– Infecções por Streptococcus pneumoniae e outras espécies de Streptococcus, Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Bacteroides, Brucella, Enterobacteriaceae, bacilos coliformes e Candida albicans.
A finalidade
– Identificar o microrganismo etiológico nos casos de bacteriemia e septicemia.
– Confirmar o diagnóstico de bacteriemia.
As causas de interferências
– Uso do frasco dos meios de cultura incorretos, ocasionando possível prevenção de crescimento aeróbico.
– Terapia antimicrobiana atual ou anterior, podendo ocorrer resultado falso-negativo.
– Remoção das tampas dos frascos de cultura à cabeceira do leito, possível prevenção de crescimento anaeróbico.
Os cuidados de enfermagem
– Evitar coletar a amostra de sangue de um cateter intravenosa (IV) já existente.
– Usar uma veia abaixo do cateter IV ou no braço oposto.
Antes do exame
– Confirmar a identidade do paciente usando dois identificadores, de acordo com as normas da instituição.
– Esclarecer ao paciente sobre o exame, e que a hemocultura é realizada para ajudar a identificar o microrganismo responsável pelos sinais e sintomas.
– Comunicar ao paciente que não há necessidade de restringir o consumo de alimentos e de líquidos.
– Informar ao paciente que poderá haver um leve desconforto devido ao torniquete e das picadas de agulha.
Durante o exame
– Calçar luvas.
– Limpar o local de punção venosa com swab de algodão e em seguida com swab de iodo, fazendo um movimento circular e centrífugo.
– Esperar ao menos 1 minuto para que a pele do paciente fique seca.
– Remover o iodo residual com swab de álcool ou remover o iodo depois da punção venosa.
– Aplicar o torniquete.
– Efetuar a punção venosa, coletando 10 a 20 ml de sangue no adulto. Ressalta-se que se o paciente for criança, deve-se coletar 2 a 6 ml de sangue.
– Limpar as partes superiores dos frascos de cultura com álcool ou iodo, ou outro agente antisséptico, de acordo com as normas da instituição e trocar a agulha da seringa.
– Em caso de ser utilizado caldo de cultura, acrescentar a amostra de sangue a cada frasco até obter uma diluição de 1:5 ou 1:10. Exemplo, acrescentar 10 ml de sangue a um frasco de cultura de 100 ml. O tamanho do frasco pode variar, dependendo do procedimento realizado na instituição.
– Em caso de utilização de uma resina especial, adicionar a amostra de sangue à resina nos frascos de cultura e invertê-los delicadamente para misturar.
– Em caso de ser utilizada a técnica de lise-centrifugação (Isolator®), coletar o sangue diretamente em um tubo especial de coleta e processamento.
– Apontar o suposto diagnóstico na folha de requisição do laboratório, bem como o uso atual ou recente de terapia antimicrobiana.
– Enviar imediatamente cada amostra ao laboratório após a sua coleta.
Após o exame
– Aplicar pressão direta no local da punção venosa até a interrupção do sangramento.
– Verificar o local de punção venosa quanto à ocorrência de hematoma, caso haja formação de hematoma, aplicar pressão direta.
– Preparar para iniciar a terapia antimicrobiana, conforme prescrição.
É importante lembrar que toda orientação, por mais simples que pareça, é fundamental para a realização adequada do exame.
REFERÊNCIAS
FISCHBACH, F. T. Exames laboratoriais e diagnósticos em enfermagem. 9. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
SMELTZER SC, Bare BG. Brunner & Suddarth: Exames Complementares. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011
Fonte: Enfermeiro Aprendiz
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