As doenças respiratórias matam mais no frio. As explicações de um médico
Não está implementada a Rede Nacional de Espirometria, dificultando o diagnóstico da DPOC, contribuindo esta realidade para o sub-diagnóstico dessa relevante patologia respiratória.
As doenças crónicas, nomeadamente a DPOC, devem ser integradas no conceito de qualidade de vida, obtido com diagnóstico precoce, avaliação funcional e medidas terapêuticas e de reabilitação adequadas.
A reabilitação respiratória deve fazer parte integrante da terapêutica dos doentes respiratórios crónicos sintomáticos.
A Reabilitação Respiratória é uma componente fundamental no tratamento do doente respiratório crónico. Tem sido alvo de particular atenção pelos investigadores nos últimos 10 anos e é actualmente apontada como uma intervenção de 1ª linha no tratamento da DPOC estável, Classes B,C e D da GOLD, bem como em outras doenças respiratórias crónicas, propiciando diminuição dos sintomas, melhoria na funcionalidade, capacidade de exercício e qualidade de vida e na autonomia da gestão da doença.
Apesar das previsões pessimistas que apontam para um aumento da prevalência, incidência e mortalidade da DPOC até ao ano 2020, a resposta das políticas de saúde dos diferentes países continua a ser insuficiente para inverter esta tendência.
Um programa de reabilitação respiratória tem como objectivos proporcionar a diminuição das incapacidades físicas e psicológicas causadas pela doença respiratória através da melhoria da aptidão física e mental, alteração de comportamentos de agravamento, promovendo a reintegração social e capacitando o doente para a gestão integrada da sua doença.
Existem os seguintes benefícios para os doentes que realizem reabilitação respiratória, redução dos sintomas respiratórios de fadiga e dispneia, reversão da ansiedade e depressão associados à doença respiratória, melhoria da tolerância ao exercício com aumento da resistência ao esforço, melhoria na habilidade para a realização das actividades da vida diária, redução das agudizações, redução do número de consultas não programadas e recurso ao Serviço de Urgência redução do número de dias de hospitalizações, diminuição dos custos directos e indirectos relacionados com a saúde e uma melhor integração familiar e social.
Todos os doentes com doença respiratória crónica sintomáticos devem ter prescrita a reabilitação respiratória como integrante do seu programa terapêutico.
A evolução da medicina nesta área, associada à investigação clínica tem mostrado que a Reabilitação Respiratória evidência benefícios de saúde muito significativos para estes doentes e simultaneamente redução dos custos diretos e indiretos com a saúde. Contudo, verifica-se que a taxa de referenciação e adesão à Reabilitação Respiratória, assim como a capacidade de resposta dos serviços de saúde públicos ou privados, tem sido muito diminuta. Num estudo recente foi avaliado que cerca de 1% dos doentes respiratórios crónicos sintomáticos em Portugal têm acesso a esta terapêutica enquanto na Europa, nos países de média adesão, é de 30% estendendo-se este valor para 70% nos países de grande adesão.
A reabilitação respiratória deverá ter o suporte técnico de uma equipa interdisciplinar composta por médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogo, nutricionista e terapeuta ocupacional que capacitem os doentes capazes de gerir a sua doença, apresentem de forma sustentada uma melhoria do seu estado de saúde com diminuição do recurso aos serviços de saúde, melhoria significativa na qualidade de vida e consequente melhoria na vivência familiar e social.
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