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O enfermeiro e o Natal

Se o “ser enfermeiro” fosse descritível…

Quando nada se espera pode acontecer tudo!

Por vezes há tanto desrespeito politico, social que a inundação  de um desconhecimento profundo da profissão quase que leva a uma réstia muito mínima para chegar com o navio a algum bordo onde saibam o que significa sem que se tenha que esbracejar com exemplos e palavras o tempo todo…

Quando há “nada” ainda se faz o “impossível”… será que todos se lembram disto?

A nossa enfermagem! A que todos precisamos e como enfermeiros a aplicamos! Que vai para além das barreiras do dinheiro e da gestão de matéria; se faz de essência e muita capacidade do SER.

A enfermagem: aquela arte e ciência que se mistura numa explicação indefinida!

Quando se fala em enfermagem é difícil definir numa só frase que clarifique a sensação de cuidar. Será o ser humano definível?

E quando se discute mais e mais currículo, especialidade, mestrado, doutoramento… em que espaço e tempo, podendo criar e recriar a enfermagem em nós: que tempo lhe temos e que tempo lhe dedicamos – onde ficamos nesta actual enfermagem?

Cuidar do outro tem preço? Quanto merecem os enfermeiros em reconhecimento que pague os cuidados que se estudam, que ninguém mais faz, que olham para o outro como em toda a sua composição e lhe promovem o CUIDAR?

Poder ser a simples diferença de limpar os olhos de um idoso com remelas, hidratar-lhe a pele seca, apanhar o cabelo a quem depende de outros, alimentar tendo em conta as suas dificuldades na deglutição, na própria composição bucal… poder fazer sentir a pessoa mais confortável e cómoda?

Fazer o diagnóstico de enfermagem… o diagnóstico com recurso ao olhar para o que está – ali -à nossa frente!

Todos podem fazer isso? Não! o Enfermeiro pode fazer acontecer o conforto, a ciência e a arte.

Qualquer um pode agarrar na agulha e picar uma veia se quiser, sem usar o próprio termo “punção”, mas o que daí sucede pode ser um erro fatal. A agulha pode ser colocada mas falta o TUDO- o motivo, o contexto, a análise, abordagem, o que vai administrar, o porquê, a dose, os critérios antes, durante e depois, os efeitos, o local, o que pode ou não ser, o diálogo com o utente mesmo que ele não responda… os gestos quando ele não responde num profundo respeito…

Quantas vezes uma simples ida à casa de banho, por não ser no imediato, nos atrofia; quantas vezes o não termos um copo de água quando temos sede, nos inquieta; quantas vezes um simples sorriso e uma palavra nos anima…; quantas vezes uma ferida algures, numa perna ou pé que aparece a precisar de ser cuidada à qual  se dedica mais tempo do que o cronometrado e se observam melhorias tratamento após tratamento… quantas vezes!

Inesperadamente, já após os cuidados, e mesmo estando num contexto mais de urgência, pude acompanhar um utente com direito a edema, descamação, solução de continuidade no pé… e os resultados com a dedicação foram de uma recuperação que está a ser fantástica e que me lembra os tempos na enfermaria…

O festejo da recuperação de um pé, de um membro… é sempre como se fosse a primeira vez,  é ótimo para o utente e é um sentido de dever que o SER enfermeiro tem, por ter resultado dessa conjugação da arte do olhar, da abordagem, da escuta, da posição, da aplicação, do antes, do durante e do depois.

Por vezes, apenas porque se removeu algo antigo, uma partícula, um pedaço que parece insignificante, mas que faz toda a diferença, outras porque se aplicou o melhor que tínhamos com o que se tinha… mas é no holístico – global que tudo deve ser observado.

A diferença está no modo como olhamos para as coisas e o que fazemos com elas, com o que temos. Com a capacidade de, ainda assim, numa resiliência em que há dias que não apetece e dias que apetece, levantar, erguer e fazer por uma profissão em que quem rema são os mergulhadores mesmo que estejam debaixo do barco a empurrá-lo, enquanto parece que só quem está dentro do barco com os remos é que faz força para ele andar.

Neste Natal e neste 2020, com a continuidade da equipa, num novo mandato da Ordem, com o tanto que se faz e fez, e se tenta ainda fazer mais- se renovam acreditares.

Passo a passo, se faz por acompanhar o sentido de missão, mesmo o que ninguém vê, mas sempre com o gosto de poder participar e colaborar na mudança.

Ainda que seja só a diferença de uma partícula: sem ela o puzzle estaria sempre incompleto. Lembre-se disto e não desistam- sem cada um de vós no vosso contributo em arte, ciência e ofício, a enfermagem estaria incompleta.

Um Natal aconchegado e fluído para todos os que não pausam nas 24 horas, e um 2020 com reconhecimento, gratidão e muito boa sorte para todos.

Grata queridos colegas por estarem daí.*

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Lúcia Matias

Mestre em Enfermagem Avançada

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