COVID-19: Doença vai regressar e país precisa de mais camas e profissionais, alerta especialista
Por isso, o documento pede à tutela que garanta um número de vagas de internato de formação especifica de Medicina Intensiva maior do que no ano anterior e que garanta a entrada para formação pela via clássica de médicos especialistas para formação em medicina intensiva.
A opção pela via clássica é justificada pela redução do tempo necessário, uma vez que o internato de formação específica de medicina intensiva exige 60 meses, ao passo que a formação por via clássica exige apenas cerca de 30 meses.
Ao Ministério da Saúde é também recomendado que promova o reforço de enfermeiros nas instituições hospitalares com serviço de Medicina Intensiva e “estimule a reafetação de enfermeiros a estes serviços, de forma a aumentar o ‘staff’ de Medicina Intensiva”.
Nas palavras de José Artur Paiva, “os enfermeiros são a pedra basilar da medicina intensiva”.
“Este ponto é muito importante, porque temos défice de enfermeiros, o que nos prejudica a abertura de camas”, afirmou.
O número de camas também é um aspeto fulcral, mas o médicos reconhece que neste âmbito, Portugal conseguiu posicionar-se bem na resposta à covid-19.
Usando como exemplo a Administração Regional do Norte, assinalou que o número de camas por cada cem mil habitantes passou de 6,8 em 2016, para 8 em janeiro de 2020 e 13,1 em abril.
O país objetivo de maio, e que se pretende que seja permanente, é que o país tenha 11,4 camas por cem mil habitantes.
“A medicina intensiva tem muita esperança nas epidemias. Nasceu com uma epidemia, a poliomielite, e creio que saberá renascer com esta pandemia de uma forma diferente”, afirmou.
Na opinião do especialista, a covid-19 “mostrou que a organização nos hospitais por especialidades médicas não é focada no doente, não atinge o máximo da eficiência e não atinge o máximo de pedagogia para os profissionais”.
Com a experiência, “aprende-se que a forma de trabalhar com o diferente é trabalhar com processos assistenciais integrados, mais do que propriamente trabalhar com especialidades médicas”, explicou.
Na opinião de José Artur Paiva, nos grandes hospitais a medicina intensiva pode evoluir para um tronco comum de trabalho com doentes críticos, mas depois com várias áreas, por exemplo cardio ou digestiva.
O diretor de serviço de medicina intensiva sugere, por isso, que os hospitais “desrespeitem mais uma fronteira que é do século passado”, a fronteira entre cuidados primários e secundários, que “já não existe”, que “os hospitais cheguem a casa das pessoas, que o conceito de internamento seja mais elástico, que não queira apenas dizer camas hospitalares”.
“Tudo isso pode ser acelerado com esta pandemia”, afirmou.
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