COVID-19: No Hospital Santa Maria o primeiro infetado ainda não teve alta. É uma corrida contra o tempo
O risco de contagiosidade e infecciosidade desta doença implicou uma “exigência acrescida” por parte dos serviços médicos, das estruturas hospitalares e da própria comunidade, disse o médico.
Foram criadas zonas de contenção nos hospitais e a necessidade de os profissionais usarem equipamentos de proteção especial que, no caso dos cuidados intensivos, obriga a um ritual rigoroso.
Antes de entrarem, os profissionais têm de despir a sua roupa, que fica guardada num balneário improvisado. De seguida, vestem um fato médico e colocam o equipamento de proteção: bata, óculos, viseira, touca, dois pares de luvas e coberturas para o calçado.
Já devidamente equipados e desinfetados, os elementos da equipa, maioritariamente enfermeiros, entram na unidade onde começa um árduo trabalho para salvar os doentes.
A Lusa pôde assistir à colocação de um doente em posição de “decúbito ventral” para melhorar a sua oxigenação que obrigou a um verdadeiro trabalho de equipa.
No final, uma enfermeira precisou de abrir por segundos uma janela para respirar o ar vindo da rua e quebrar a pressão que às vezes se sente naquele espaço, onde se luta pela vida, mas onde também impera a serenidade e a camaradagem entre a equipa.
À saída do turno, o ritual de retirar o equipamento ainda é mais exigente, porque por cada peça retirada é preciso desinfetar as mãos.
No dia da reportagem da Lusa, segunda-feira, estavam internados 20 doentes com necessidade de cuidados intensivos,
“Este número tem sido constante nos últimos dias, embora em absoluto não reflita a dinâmica dos internamentos”, disse João Miguel Ribeiro, acrescentando: “Temos tido oportunidade e a felicidade de poder transferir os doentes, porque melhoraram, para a enfermaria”.
Em média, são admitidos um ou dois doentes por dia no serviço, que continua a ter doentes sem covid-19, com doenças de diversos foros que também dependem destes cuidados.
Segundo João Miguel Ribeiro, o serviço ainda tem capacidade de resposta e o CHULN está a trabalhar “ativamente para crescer essa reserva”, contando ter esta semana mais dez camas, totalizando 56.
Ainda não há profissionais em sobrecarga porque o serviço antecipou essa realidade: fez “um trabalho de preparação e de formação” e neste momento “não há nenhuma evidência de saturação ou de sobrecarga física ou psicológica”.
“Agora sei que essa realidade, com a manutenção e até com a intensificação da expressão deste surto pandémico, vai ser inevitável e, portanto, em certa medida isso é uma realidade que também não vamos conseguir escapar”, concluiu o médico.
Em Portugal, segundo o balanço de quarta-feira da Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).
O país, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
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