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COVID-19: Circuitos separados marcam regresso à “normalidade” no Hospital São João

“Agora estamos a chamar doentes, alguns deles também oncológicos, mas que tinham uma janela de terapêutica mais longa, o que permitia esperar mais algum tempo, e os doentes não oncológicos, mas que pela sua patologia estão a sofrer. Mas há doentes que têm medo da doença [do novo coronavírus] e recusam. O que lhes dizemos é que devem vir, devem aproveitar a oportunidade. Nós não sabemos como é que vai evoluir novamente a epidemia e nós não os chamaríamos se não considerássemos que temos todas as condições de segurança para operar”, refere a diretora do BOC.

A recusa de doentes em voltar ao hospital é transversal a outros serviços. Xavier Barreto, diretor do Centro de Ambulatório, sabe que têm ocorrido faltas a consultas e tratamentos. E Cristina Marujo, diretora do Serviço de Urgência (SU), tem registado cerca de menos 100 doentes por dia face a período igual em 2019, ano pré-pandemia em que a média diária foi de 460.

“Espero que seja por a mensagem [de que devem primeiro recorrer aos cuidados de saúde primários] já estar a passar. É possível que ainda exista receio dos circuitos, mas prefiro, acredito que não. As pessoas, apesar de tudo, perceberam que as coisas funcionaram bem e estão a funcionar bem”, afirmou à Lusa.

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Para a diretora do SU, a covid-19 veio “mostrar que não é possível manter serviços de urgência apinhados, seja no HSJ seja em qualquer lado”. Cristina Marujo alerta que, não sendo possível redimensionar as áreas dos hospitais com obras em todas as instituições e existindo escassez de profissionais, “tem de ser a própria população a perceber que aos hospitais de fim de linha só deve recorrer quem tenha queixas graves”.

Por esta razão, Cristina Marujo usa a expressão regresso a uma “normalidade positiva”, a uma “normalidade” que reflete a aprendizagem e adaptação que a pandemia está a gerar quer nos hospitais, quer na sociedade.

É esta mesma aprendizagem e adaptação que leva Susana Vargas a admitir que, no futuro, as infeções hospitalares podem diminuir graças às novas rotinas de higienização de mãos e de uso de equipamentos de proteção individual.

O BOC do HSJ tem esta semana 145 cirurgias agendadas para seis salas. Para a semana abre mais uma. No mês de abril, até agora o mais crítico da pandemia, foram operados, em média, três doentes por sala por dia e estiveram apenas três salas abertas.

“É verdade que não se operava porque os enfermeiros estavam fora daqui. Os enfermeiros que trabalham num bloco operatório são altamente diferenciados, são instrumentistas, enfermeiros de anestesia, enfermeiros habituados a lidar com doente crítico e, portanto, não requerem muito tempo de integração em outros serviços. Mas também só se operava o estritamente necessário. O internamento estava condicionado”, analisa.

Condicionada esteve também uma sala de recobro, separada do BOC por um corredor onde ainda permanecem no chão fitas – verde de “zona limpa” ou “não covid” e amarela de “zona suja” ou “covid -, que foi transformada em unidade de cuidados intensivos para doentes infetados com o novo coronavírus.

Devolvida à função de unidade pós-anestésica, a sala regressou à missão original com três novos ventiladores, um grande pormenor positivo que emerge de uma realidade negativa que é a pandemia.

Já na urgência, o pormenor positivo atual é a média de doentes que nos últimos dias tem chegado com suspeita covid-19: cinco ou seis dezenas por dia, em comparação com as cerca de três centenas que chegavam no período de pico.

“Ainda é um número significativo, mas é um número gerível. Se voltar a crescer temos de reformular e a triagem volta a ser feita à frente. Doentes potencialmente positivos [covid-19] não chegavam sequer a este setor mais tradicional da urgência”, descreve Cristina Marujo.

Em causa está a “triagem avançada” que foi “para já” desmobilizada e que consistia na presença de um enfermeiro a montante do SU que falava com todas as pessoas que se dirigiam ao hospital, separava todos os carros e todas as ambulâncias e orientava imediatamente os doentes para as áreas respetivas de atendimento.

Essa desmobilização resulta da diminuição dos números covid-19 e da necessidade de alocar recursos humanos a áreas onde, na tal retoma à “normalidade positiva”, são mais necessários.

Paralelamente aos circuitos diferenciados e às medidas obrigatórias, como o uso obrigatório de máscara ou a higienização de mãos, no hospital agora são testados à covid-19 “todos os doentes que vão para internamento, seja médico ou cirúrgico”, frisou Xavier Barreto.

“E só seguem para internamento na sequência do resultado para garantirmos que é um doente negativo ou que é inserido na estratégia covid”, concluiu.

Portugal regista 1.105 mortos associados à covid-19 em 26.715 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Fonte: Lifestyle Sapo

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