Saúde e bem-estar

Como funciona a plitidepsina, o medicamento que “reduz quase totalmente a carga viral da Covid-19”?

Um estudo recentemente publicado indica que a plitidepsina, um medicamento com aprovação clínica limitada, é 27.5 vezes mais eficaz no combate à Covid-19 que o remdesivir. A Organização Mundial de Saúde ainda não se pronunciou sobre este estudo, cujos investigadores admitem ser necessário “ampliar os ensaios clínicos”

No dia 25 de janeiro, um grupo de vinte e seis investigadores de diferentes nacionalidades afirmou que a plitidepsina, um medicamento usado em tumores, demonstrou uma redução quase total da carga viral da Covid-19 nas suas experiências. O estudo, publicado na revista científica Science, analisa os resultados dos diferentes testes clínicos realizados em França e nos EUA.

Assim, tendo em conta os resultados iniciais deste estudo, a plitidepsina pode vir a ser um tratamento mais eficaz contra o vírus SARS-CoV-2 que o medicamento antiviral remdesivir, que tinha apresentado resultados positivos em 2020 – em outubro, a Direção Geral de Saúde (DGS) anunciou que ia comprar “mais de 100.000 frascos” de Remdesivir até março de 2021.

O estudo em causa foi conduzido em colaboração com a PharmaMar, uma empresa farmacêutica espanhola que isolou a plitidepsina (vendida com o nome de “Aplidin”) a partir de organismos marítimos. Segundo os seus investigadores, “os nossos dados e os resultados positivos iniciais do ensaio clínico da PharmaMar sugerem que a plitidepsina deve ser seriamente considerada para ampliar os ensaios clínicos de tratamento da covid-19.”

Como funciona a plitidepsina?

Para compreender este medicamento, que tem neste momento uma aprovação clínica limitada para o tratamento de mieloma (um cancro com origem nos plasmócitos da medula óssea), cabe analisar a própria atuação do vírus da Covid-19. Uma vez no nosso organismo, as proteínas virais do vírus SARS-Cov-2 interagem com o seu processo de tradução celular – o que abre a porta a combater a infeção pelo vírus através de “inibidores de tradução”, com efeitos antivirais. Nos seus testes, os investigadores concluíram que este pode ser o caso da plitidepsina, um inibidor aparentemente eficaz. O estudo também assegurou que, embora a toxicidade seja uma preocupação em qualquer antiviral, o perfil de segurança da plitidepsina em humanos está comprovado.

Sendo esta uma terapia que ataca a proteína recetora do vírus “eEF1A”, e não a proteína viral, os autores do estudo alertaram que o tratamento para a Covid-19 com plitidepsina deve ser novamente avaliado em futuros testes, uma vez que, caso se venha a confirmar a eficiência deste tratamento, o vírus da Covid-19 dificilmente ganhará resistência contra o medicamento através das suas mutações – trata-se de resolver o problema ao “cortá-lo pela raiz.” Este é um ponto particularmente importante no combate à Covid-19, perante as recentes mutações do vírus no Reino Unido e na África do Sul que têm levantado várias preocupações entre a comunidade científica.

Nos seus testes, os investigadores combinaram a plitidepsina com o remdesivir, de forma a poder comparar a sua eficácia e verificar se podiam ser utilizados em conjunto para atacar o vírus. De acordo com os seus resultados, o medicamento revelou ser cerca de 27.5 vezes mais eficaz que o remdesivir. Apesar desta aparente eficácia superior no combate à Covid-19, foi também verificado que a plitidepsina tinha um efeito muito positivo quando combinada com o remdesivir – pode tratar-se de uma potencial terapia combinada, a ser analisada em futuros estudos.

Quando à eficácia da plitidepsina utilizada sozinha, os investigadores puderam concluir, nas suas experiências com dois modelos de ratos com Covid-19, uma duplicação da redução da carga viral nos pulmões através de um tratamento profilático – os ratos que receberam este tratamento preventivo viram a sua carga viral e inflamação pulmonar significativamente mais reduzida que a dos outros ratos.

Assim, os autores do estudo concluíram que este “estabelece a plitidepsina como um tratamento eficaz contra o vírus SARS-Cov-2”, e acreditam que seus dados e resultados iniciais positivos dos testes “sugerem que a plitidepsina deve ser fortemente considerada para maiores testes clínicos para o tratamento da Covid-19.” Até à data, a Organização Mundial de Saúde ainda não se pronunciou sobre potenciais usos deste medicamento em terapias para combater o vírus.

Saiba mais:

Covid-19. Plitidepsina mostra-se 100 vezes mais eficaz que Remdesivir

Covid-19: medicamento espanhol reduz quase totalmente carga viral do SARS-CoV-2

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