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Infecciologista considera “urgente” regresso às escolas

“O prejuízo ultrapassa muito o benefício. As crianças e jovens pagam um preço muito alto”, disse Margarida Tavares, que é uma das subscritoras da carta aberta divulgada esta semana, na qual dezenas de especialistas, de diversas áreas, reivindicam a reabertura das creches e do pré-escolar já em março, seguido do regresso faseado do 1.º e 2.º ciclos.

Em entrevista à agência Lusa, a infecciologista considerou que “as crianças estão a ser altamente prejudicadas no seu processo educativo, de desenvolvimento, de sociabilização e de cultura”, sendo “urgente” reabrir as escolas a par de medidas que se baseiem “numa forma honesta, aberta e informada de comunicar com as pessoas”.

“Não podemos só sacrificar a liberdade e a democracia para transmitir a mensagem. Não pode ser só apostar em medidas restritivas e altamente punitivas. Acredito muito nas pessoas. Acho que os portugueses se têm comportado de uma forma absolutamente exemplar. Coisas marginais existem sempre e vão existir sempre. Mas a generalidade das pessoas cumpriu extraordinariamente bem tudo aquilo que nós pedimos”, analisou.

Critica da difusão de mensagens que “confundem as pessoas” e preocupada com o efeito das “informações contraditórias”, Margarida Tavares diz ter “a sensação de que os meios de comunicação [social] tornaram as opiniões todas iguais e a valer todas o mesmo, quando não valem”.

“No início [da pandemia] houve uma maior consonância de informação e mensagem. De há tempos para cá tornou-se uma cacofonia absolutamente confusa e, além disso, as pessoas estão cansadas e desesperadas. Quem tem poder da mensagem tem que ter a noção desse poder e utilizá-lo de forma correta”, referiu, em jeito de recado quer para quem lidera o país, quer para os órgãos de comunicação social.

Responsável pela elaboração do Plano de Contingência para a Covid-19 de um centro hospitalar que hoje regista 45 doentes internados com o novo coronavírus, 32 dos quais em unidades de cuidados intensivos, Margarida Tavares refere que se vive um período de redução do número de casos “até inesperadamente muito acelerado”, mas “é preciso ter noção que [os números] vão voltar a aumentar e isso não é um erro que alguém cometeu, é natural”.

“A velocidade de diminuição é mais ou menos idêntica no país todo. No entanto, alguns hospitais provavelmente ainda não conseguiram resolver [a situação que se gerou com esta terceira vaga e o aumento de casos após a época festiva] por completo (…). Temos de explicar às pessoas que não podem passar do confinamento para uma situação de normalidade”, referiu.

Assim, depois da reabertura de escolas, Margarida Tavares defende que o desconfinamento deve ser gradual e “bem explicado” para “não se correr o risco de levar erradamente à sensação de que tudo já passou”, começando por espaços comerciais, restauração e, “numa fase posterior, a atividades em que se juntam pessoas como espetáculos”.

Para a médica do Hospital de São João, é preciso “perder tempo a explicar às pessoas o porquê de lhes serem pedidas determinadas coisas”, mostrando que “com uso máximo de proteção, distanciamento, moderação de contactos, etiqueta respiratória”, entre outras medidas, se evita “fechar a sociedade, fechar escolas e falir empresas”.

“As pessoas têm de compreender que uma nova vaga é natural no processo em que estamos. Esperemos que não seja tão acentuada e com crescimento tão abrupto como foi esta última. Quando o crescimento é muito rápido é difícil a adaptação da resposta”, afirmou.

Quanto à testagem, Margarida Tavares defende um plano de testes com “grande liberdade”, admitindo até o que diz ser o “extremo” desta medida.

“Defendo, como em outros países já se defende, que em termos de saúde pública pode ser muito relevante as pessoas terem acesso a testes no domicílio e auto-testagem. Isso é o extremo, e se calhar não chegaremos a esse extremo, mas até esse extremo defendo porque a testagem é muito útil”, referiu a especialista, para quem no que se refere a planos para recuperação da atividade não Covid-19, rejeita olhar para os doentes infetados com o novo coronavírus e para quem tem outras patologias como “campos opostos de um tabuleiro”.

“Fazer esta posição entre covid e não covid, como se competissem, não é correto. Estamos a tentar responder o melhor possível em termos de saúde aos que precisam de nós. O plano [de contingência foi criado] por causa da Covid-19, mas é para todos os nossos doentes. Só o planeamento serve para mitigar os impactos de uma pandemia no seu todo”, concluiu.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.498.003 mortos no mundo, resultantes de mais de 112,5 milhões de casos de infeção, enquanto em Portugal morreram 16.185 pessoas dos 801.746 casos de infeção confirmados.

LUSA/HN

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