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Sobreviventes de AVC contam como a luta e a esperança fazem superar a doença

Rosa Pereiro recorda com nitidez o dia 03 de novembro de 2014 quando tudo aconteceu aos 46 anos: “Ia a dirigir-me para a Guarda, onde cheguei passava pouco das 07:00. Estava grande temporal, com muito frio e chuva e nada fazia prever que ia ter um AVC. Estava bem disposta e ia com uma colega levar à minha filha, que tinha iniciado a faculdade no Politécnico da Guarda nesse dia, umas coisinhas para um quartinho que tinha alugado para ela”, contou à agência Lusa, na véspera do Dia Nacional do Doente com AVC.

Ao subir no elevador, sentiu uma “dor de cabeça horrível” e ao chegar a casa da filha disse que não estava bem.

“Só tive tempo de me deitar e dizer que não sentia a minha cara, não sentia nada”, recordou.

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A amiga que a acompanhava disse-lhe que estava com a “boca ao lado” e que tinha de ir para as urgências, mas Rosa não queria ir porque “tinha de ir trabalhar”.

Acabou por ir contrariada para o hospital por insistência de um cunhado enfermeiro e da filha. Quando lá chegou, já teve de ser levada numa cadeira de rodas.

“Fui logo atendida, foi a minha sorte”, confessou.

Rosa Pereiro estava a passar por um processo de divórcio e tinha um filho mais velho que tinha iniciado nesse dia o seu primeiro trabalho.

“Aconteceu no dia que fiquei sozinha, sem ninguém”, recordou, considerando que o AVC poderá ter sido motivado por um acumular de situações.

Ficou internada no Hospital da Guarda e no fim de dezembro foi transferida para um centro de cuidados continuados em Gouveia enquanto não a chamaram para um centro de reabilitação na Tocha, onde começou a reabilitação, para poder voltar a andar e a mexer o braço direito.

“A minha força de vontade era mesmo sair dali e voltar para casa”, mas quando lá regressou, disse, “foi muito complicado: a gente pensa que entramos como saímos, mas não”.

Mas, salientou, “eu costumo dizer que tive sorte neste meu percurso do AVC porque encontrei as pessoas certas no momento exato”.

Poucos anos após o AVC, Rosa pediu à Junta Médica que lhe dessa alta para poder ir trabalhar, mas os médicos alertaram que tinha de ter “uma vida mais calma” porque com o “stresse podia ter um segundo AVC”.

Aprendeu a escrever com a mão esquerda, treinava todos os dias e regressou à autarquia onde trabalhava no Dia da Mulher.

“Consegui retomar tudo, consegui até adquirir um carro automático e a minha vida está normal”, diz.

Lamentou só haver três centros de reabilitação no país e nem todos doentes terem acesso a eles, porque “saem de lá prontos para a vida”.

Com a pandemia, a situação ainda se agravou mais. “Há um ano que não tenho uma consulta de AVC, tenho exames para serem vistos, e não estou a ser acompanhada tal como muitos outros sobreviventes”

“O meu braço já está todo dobrado, voltou à estaca zero com a falta de fisioterapia”, lamentou.

Anabela Resende sofreu um AVC aos 44 anos e tal como Rosa não esquece esse dia: 12 de janeiro de 2013.

Estava de férias no Gerês e no último dia decidiu ir para Peniche, para ficar mais perto de casa, em Setúbal. Nessa noite estava inquieta e, apesar de não ter sintomas de AVC, como desvio da cara ou falta de força num dos lados do corpo, pediu ao marido para chamar os bombeiros porque estava a ter um AVC.

Desde os 26 anos que era hipertensa e como era auxiliar de ação médica estava informada e o seu receio confirmou-se: um AVC hemorrágico que lhe paralisou o corpo do lado direito.

O INEM chegou “muito rápido” e Anabela ficou internada quatro dias no hospital de Santa Maria, em Lisboa, com um “quadro clínico muito grave”, uma lesão no hipotálamo que não podia ser operada porque represetava mais riscos do que benefícios.

“Fui mandada depois para a unidade de AVC do Hospital de Setúbal mais sete dias” e os médicos avisaram a família para se “preparar porque podia acontecer qualquer coisa”.

Foi para casa com apoio domiciliário, porque não conseguia andar.

“Ao fim de uma semana fui fazer fisioterapia e depois estive seis meses numa unidade de cuidados continuados, onde entrei de cadeira de rodas e saí com um bastão a andar devagarinho”.

Depois de “sessões atrás de sessões” de fisioterapia, Anabela já anda, mas a mão e o pé ainda estão frágeis o que a obriga ao uso de uma bengala e muita fisioterapia.

Já passaram oito anos e Anabela diz que aprendeu que a “a fisioterapia não é tudo: temos de tratar o corpo e a mente (…) nem todos os dias são fáceis, mas nem todos os dias são difíceis”.

Fonte: Lifestyle Sapo

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