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Especialistas projetam nova subida de infeções no Brasil nas próximas semanas

“É muito provável que tenhamos nas próximas duas ou três semanas um aumento de casos importante no país até porque nosso nível de vacinação é muito pequeno. É possível que tenhamos a terceira vaga, que já esta anunciada para ocorrer, ou até mesmo, talvez, já esteja ocorrendo”, frisou Marcos Boulos, infetologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

“A previsão é que tenhamos mesmo, em duas semanas, um esgotamento total de camas de para tratamento intensivo no país e a situação volta a ficar tão grave como foi em março e abril”, acrescentou.

O primeiro caso de covid-19 foi registado no Brasil a 26 de fevereiro de 2020 e o ponto mais alto deste primeiro momento da pandemia ocorreu entre os meses de abril e maio do mesmo ano. A segunda vaga da pandemia emergiu entre novembro e dezembro passado, porém, foi em 2021 que houve uma subida de mortes muito grande em comparação com a primeira fase da doença.

Apenas nos meses de março e abril de 2021 cerca de 140 mil brasileiros morreram por causa da covid-19, facto que levou as autoridades locais a adotar novamente medidas de distanciamento social rígidas, provocando um ligeiro recuo dos números.

Este recrudescimento da pandemia foi associado ao surgimento da estirpe brasileira, que passou a ser chamada de Gamma segundo nova classificação adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

No final de abril houve uma queda dos internamentos e mortes provocadas pela covid-19 e um novo relaxamento das medidas sanitárias no Brasil.

Atualmente, treze estados brasileiros e o Distrito Federal apresentaram tendência de aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que no Brasil são em sua maioria infeções por covid-19, na semana de 23 a 29 de maio, segundo boletim divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na última sexta-feira.

“Diante desse novo quadro, agora temos os estados do Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins com ao menos metade das macrorregiões correspondentes apresentando sinal de crescimento”, explicou o investigador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

No total, 22 dos 27 estados brasileiros possuem ao menos uma macrorregião de saúde com sinal de crescimento de casos de síndrome respiratória aguda.

A média móvel de infeções por covid-19 no Brasil está pouco acima de 63 mil notificações diárias, segundo um levantamento feito por um consórcio que reúne as principais empresas de comunicação social do país. Já a média móvel de mortes provocadas pela doença encontra-se acima de 1.800, segundo a mesma fonte de informação.

“O Brasil está em uma situação instável, num patamar bastante elevado de infeções [por covid-19]. Em alguns locais vemos nitidamente a ocorrência do aumento da incidência [dos casos]. Estamos com a capacidade de transmissão importante para este patamar elevado”, frisou José Cássio de Moraes, epidemiologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

“Há uma flexibilização exagerada, o descumprimento crónico do distanciamento social, uso de máscara, das medidas não farmacológicas (…) Continuamos em uma situação de não encarar o vírus de maneira mais séria e a vacinação está lenta”, acrescentou o especialista.

Questionado se a chegada de estirpes que surgiram na Índia ao Brasil, já confirmada pelo Governo, pode provocar uma terceira vaga ainda mais mortal do que a segunda, o epidemiologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo disse que não é possível antecipar o futuro.

“É uma preocupação porque o controlo da disseminação de doenças respiratórias é relativamente difícil (…) Por enquanto, a entrada dela [estirpe indiana da covid-19] é pequena”, avaliou Moraes.

Boulos, por outro lado, tem opinião distinta e considerou que a estirpe indiana pode piorar a pandemia no país.

“Claramente [a situação] vai piorar com a estirpe indiana porque ela tem um nível de transmissão muito alto, como a P1 [variante amazónica ou Gamma]. Não tem como o país segurar, ela já está disseminada e já apareceu em vários estados”, explicou.

“Ela vai chegar e vai contribuir de maneira importante, mesmo que não seja dominante, para o agravamento da pandemia como correu com a P1 (…) A impressão que se tem é que a estirpe indiana vai piorar muito a situação”, concluiu.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar mais de 470 mil vítimas mortais e mais de 16,8 milhões de casos confirmados de covid-19.

LUSA/HN

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