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Associação de insuficientes renais critica condições “desumanas” da hemodiálise em Ponta Delgada

“Há uma falta de humanismo no transporte de alguns doentes – não são todos – em São Miguel, coisas que não se admite na realidade nos tempos de hoje. Um doente que termina um tratamento de hemodiálise, com efeitos físicos, emocionais e psicológicos, tem de esperar uma hora e meia a três horas para retornar a sua casa”, afirmou o presidente da APIR nos Açores, Osório Silva.

O responsável da associação falava, em conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, depois de ter feito denúncias sobre as condições do serviço de hemodiálise do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, à margem de uma visita ao local, no fim de semana passado.

Osório Silva, que é dirigente do PS, reiterou as queixas, salientando que ainda não se resolveram, e criticou a reação do secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, que é militante do PSD.

“O senhor secretário da Saúde, mais preocupado, e por assim dizer, incomodado com individualidades que têm opções políticas diferentes das dele, reagiu às legítimas manifestações e preocupações apresentadas pela delegação da APIR, através do seu representante nos Açores, sem, contudo, conseguir dar respostas cabais ás lacunas apresentadas nem assumir as suas responsabilidades”, acusou.

Para além do “mau funcionamento do transporte”, Osório Silva alertou para a necessidade de “melhoria das instalações e equipamentos do serviço”.

Segundo o responsável da APIR nos Açores, a unidade de hemodiálise de São Miguel tem capacidade para 109 doentes e acolhe atualmente 100, tendo 70 em consulta pré-diálise.

“Se há aqui um azar de aumentar o número de insuficientes renais crónicos em fase terminal na ilha de São Miguel, se há infelicidade de os doentes transplantados regressarem à hemodiálise, aquele serviço vai ter enormíssimas responsabilidades para dar resposta”, alertou.

A associação queixou-se ainda de falta de recursos humanos no serviço, alegando que existem apenas dois nefrologistas e 19 enfermeiros.

“O que não podemos aceitar é que haja um retrocesso na qualidade dos serviços prestados na saúde. E infelizmente isso tem acontecido. No passado, a APIR também se pronunciou sobre os transportes, mas a realidade hoje comparada com 2019 piorou”, apontou Osório Silva.

O presidente da APIR disse que, em março, chegou a estar agendada uma reunião com o secretário regional da Saúde, a pedido do governante, mas foi “cancelada horas antes do previsto”, tendo sido exigido que o encontro se realizasse de forma presencial, ao contrário do que solicitava a associação.

“Há a indisponibilidade do senhor secretário para reunir por videoconferência e a reunião foi cancelada e, a partir daí, não tivemos mais ‘feedback’ da parte do senhor secretário”, salientou Osório Silva, alegando que os membros da associação, por serem insuficientes renais, preferiam reunir-se por videoconferência, devido à pandemia de covid-19.

Questionado pela Lusa, o secretário regional da Saúde, disse que o presidente da delegação da APIR nos Açores se “recusa a reunir com o governo” e que “prefere falar para a comunicação social”.

“Tentámos por várias vezes fazer uma reunião presencial com a associação e a associação sempre se recusou a fazer essa reunião”, afirmou, acusando Osório Silva de “fazer política através de uma associação que representa”.

Confrontado com a recusa de reunir por videoconferência, Clélio Meneses disse que já aconteceram várias reuniões “cumprindo todas as regras de segurança” e rejeitou “alimentar a vontade da pessoa em causa de fazer disto uma modo de protagonismo”.

Quanto às queixas sobre o serviço, governante alegou que muitas delas se arrastam “há anos” e que o atual executivo, que tomou posse em novembro de 2020, está a resolvê-las.

Para além de estarem previstas obras “que ficaram por realizar durante anos”, Clélio Meneses avançou que “está autorizada a abertura de concursos para médicos nefrologistas” e a contratação de um número de enfermeiros “significativamente superior ao que foi feito nos últimos anos”.

Em relação ao transporte dos doentes, afirmou que “não é propriamente uma competência do secretário”, mas que “há uma sensibilização para que todas as condições sejam dadas a todos os doentes da região”.

LUSA/HN

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