Atualidade

Surtos estão a atingir creches, escolas, lares, faculdades e unidades de saúde

Portugal ultrapassou esta semana os mil casos diários de covid-19, mais cedo do que o previsto pela ministra da Saúde, Marta Temido, que, na semana passada, alertou para o facto de podermos chegar até aos 1300 até final do ano. Na quinta-feira foram 1382 casos, hoje 1289. Os especialistas justificam a situação como sendo normal e expectável, à semelhança do que tem estado a acontecer em outros países da Europa, embora, reconheçam, com muito menos gravidade, devido à elevada taxa de vacinação que o país já atingiu.

A questão é que os surtos continuam a aumentar em creches, escolas, faculdades, lares e em unidades de saúde, havendo nesta primeira semana de novembro 231 surtos ativos, o que corresponde a 2015 infetados. Mesmo assim, um número muito inferior ao registado no mesmo período homólogo no ano passado, em que havia 921 surtos ativos.

Ao DN o coordenador do Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos, Filipe Froes, diz que embora o número seja muito inferior continua a ser uma preocupação, “sendo preciso continuar a analisar cada uma das situações em termos de origem da infeção, características da população para se perceber onde devemos intervir”. Filipe Froes considera que este tipo de monitorização não pode deixar de ser feita, porque é normal e expectável que o número de casos e de surtos continuem a aumentar.

De acordo com os dados disponibilizados ao DN pela Direção-Geral da Saúde (DGS), nesta primeira semana de novembro estão ativos no país 231 surtos, a maioria em estabelecimentos de ensino, 111, nomeadamente em creches, escolas e faculdades com 979 infetados no total. Depois, há 41 em lares, com 908 infetados e depois as unidades de saúde, com oito surtos ativos e 128 infetados.

Os restantes 81 surtos ocorreram em contextos distintos, como em ambientes laborais, familiares e sociais. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) destaca-se no número de surtos ativos ao registar 132, enquanto algumas ARS não atingem sequer os 20 surtos. A ARS do Centro aparece em segundo lugar com 37 surtos, depois a ARS do Norte, com 29, a do Algarve com 16 e a do Alentejo com 17.

No caso dos lares, por exemplo, e nos dados enviados ao DN, a DGS destaca que, no mês de fevereiro foi quando o país mais registou surtos em lares, no total houve 405, o que correspondeu a cerca de 12 mil infetados.

Para o coordenador do Gabinete de Crise da Ordem “a existência destes surtos revelam aspetos importantes, nomeadamente o envolvimento das pessoas mais vulneráveis, utentes de lares e funcionários e os profissionais de saúde. Uns e outros têm em comum o facto de terem sido vacinados na primeira fase da vacinação, tendo-se ultrapassado um período superior aos seis meses da vacinação completa. Portanto, é normal que comecem a aparecer novos episódios de infeções e até de reinfeções nestas populações”. O médico defendeu mesmo que, nesta altura, “já há uma necessidade imperiosa de acelerar o reforço de vacinação contra a covid-19 nestes grupos mais vulneráveis”.

Neste momento, a 3.ª dose está só a ser administrada em instituições de idosos e à população em geral com mais de 80 anos, ao mesmo tempo que está a ser dada a vacina contra a gripe. Esta semana a própria Ordem dos Médicos lançou um comunicado a relembrar que “nos estamos a aproximar do Inverno e em que os casos de infeção respiratória estão em crescimento”, sendo “urgente agilizar a administração da terceira dose da vacina contra a covid-19 aos profissionais de saúde”.

No texto, assinado pelo bastonário, era sublinhado também que “o risco de exposição a que os médicos e outros profissionais de saúde têm, e numa altura em que já sabemos o impacto que a redução do acesso aos serviços de saúde tem nos cidadãos, é fundamental que a terceira dose da vacina contra a covid-19 possa ser administrada rapidamente aos profissionais de saúde. Não podemos ficar apenas no plano das intenções, tem de ser concretizado na prática e em tempo efetivo”.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, veio confirmar depois a terceira dose iria ser dada aos profissionais de saúde, embora não se saiba ainda quando é que este processo irá avançar. No entanto, o coordenador do Gabinete de Crise da Ordem defende que para avançar com este processo “basta utilizar a metodologia que foi feita na primeira fase da vacinação: disponibilizem as vacinas aos hospitais e aos centros de saúde que os profissionais serão vacinados através dos serviços de saúde ocupacional em dois ou três dias”.

Quanto aos surtos ativos nesta primeira semana de novembro, Filipe Froes sublinha que, apesar de não serem em número significativo quando se compara com o período homólogo de 2020 ou pré vacinação, “continuam a ser uma preocupação”, defendendo, por isso, a necessidade de se continuar a analisar as origens e as características das populações para se intervir. Ao mesmo tempo, ressalva que os surtos “são uma oportunidade para se verificar que, apesar destes, continuamos com números baixos de casos graves, de internamentos e de mortos”, o que só é possível ao número de vacinados que Portugal atingiu, mais de 86%.

Contudo, o médico alerta mais uma vez para a necessidade da vacinação dos profissionais de saúde e do impacto que tem quando os surtos atingem hospitais e centros de saúde. “Nos profissionais de saúde a infeção e as reinfeções têm outro impacto, porque são pessoas que estão muito expostas à doença e que são também potenciais transmissores da doença, mas há uma agravante é que quando são atingidos condicionam ainda mais a atividade nos seus serviços e a sobrecarga de trabalho que já existe nas instituições de saúde aumenta ainda mais”.

Para a DGS, os 231 surtos ativos nesta primeira semana representam “uma diminuição drástica” em reação ao ano anterior e ao pico da doença, em fevereiro, “o que demonstra a importância que a vacinação tem tido no controlo da pandemia e na proteção da população mais vulnerável”.

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