Procedimentos e TécnicasTutoriais

Introdutor “Bougie”- Via Aérea difícil

O Bougie, também conhecido como Frova e Gum Elastic Bougie, é um dispositivo auxiliar para intubação traqueal tipo introdutor, destinando-se a facilitar a introdução e/ou troca de tubos endotraqueais e cânulas, fazendo a função de guia/orientador, na fase pré-intubação no casos das Vias Aéreas Difíceis.

O primeiro uso do bougie para auxiliar na Entubação traqueal foi descrito por Macintosh em 1949, com a utilização de um cateter de dilatação uretral, sendo empregado desde então para diversos fins. Em 1970 o introdutor foi modificado por Venn com a angulação da extremidade distal entre 35 e 40 º (formato conhecido como coudé),criando conformação característica que persiste até hoje.

Tipos de Introdutores

Atualmente vários tipos de introdutores são chamados de bougie, com destaque para o descartável (single-use), o reutilizável (multiple-use) e o caseiro. O bougie reutilizável é feito com material mais flexível, possui ponta globosa e arredondada e pode ser utilizado até cinco vezes.

Já o dispositivo descartável é feito com material mais rígido, com ponta reta e possui canal central que pode ser usado para aspiração ou fornecimento de oxigênio.

O introdutor caseiro pode ser feito com pedaço de aproximadamente 60 cm de comprimento de passador de fio, material este encontrado em casas de material elétrico, muito similar a fio de energia elétrica, mas sem o metal em seu interior. Feito basicamente de nylon, pode ser cortado e lixado em sua extremidade para torná-lo menos traumático.

As Indicações para o uso

Múltiplos usos do bougie têm sido descritos na literatura, dentre os quais podem ser destacados intubação em via aérea difícil inesperada, troca de cânulas traqueais, orientação de broncoscópio rígido, auxiliar na locação de cânulas traqueais de duplo lúmen e auxiliar na locação de máscara laríngea.

Complicações

As complicações podem ser divididas em três grupos: falhas do material, traumáticas e biológicas.

Dentre as complicações relacionadas ao material, a literatura revela relatos de quebra do bougie com ou sem perda de fragmentos na via aérea. Em 2002, Gardner 28 descreveu a desconexão da extremidade distal durante a manobra de intubação, sendo necessária realização de broncoscopia para retirar o fragmento da via aérea.

Fato semelhante já havia ocorrido em 1999 e 1995 chamando a atenção para a necessidade de inspeção do material, principalmente do dispositivo multiuso, antes do seu uso. O introdutor reutilizável deve ser empregado apenas cinco vezes devido ao ressecamento do material, que leva ao enfraquecimento e a possibilidade de fraturas.

Dentre as complicações traumáticas merece destaque a ocorrência de sangramento intenso na via aérea após o emprego do bougie. Mais graves, porém, são os relatos de perfuração de faringe, lacerações de esôfago e pulmão com pneumotórax.

Durante a confecção do dispositivo caseiro, sua extremidade pode apresentar-se áspera e com protuberâncias, potencial causadora de traumatismos. Portanto, apesar de ser simples, seu uso deve ser criterioso. O dispositivo descartável também parece ser potencialmente mais lesivo e menos efetivo que o reutilizável por não apresentar a ponta arredondada e exercer maiores pressões nas paredes das vias aéreas.

Transmissão de doenças e infecções são descritas sobretudo com o uso de introdutores reutilizáveis, suscitando cuidados adequados quanto a armazenagem e desinfecção.

Referências:

  1. Latto IP, Stacey M, Mecklenburgh J et al. – Survey of the gum elastic bougie in clinical practice. Anaesthesia, 2002;57:379-384.
  2. Hames KC, Pandit JJ, Marfin AG et al. – Use of the bougie in simulated difficult intubation. 1. Comparison of the single-use bougie with the fibrescope. Anaesthesia, 2003:58:846-851.
  3. Gataure PS, Vaughan RS, Latto IP – Simulated difficult intubation: comparison of the gum elastic bougie and the stylet. Anaesthesia, 1996;51:935-938.
  4. S.I.A.A.R.T.I Linee Guida On-Line – Per l’intubazione difficile e la difficolta’ di controllo delle vie aeree, 1998.
  5. Braun U, Goldmann K, Hempel V et al. – Practice guideline: airway management. Anästh Intensivmed, 2004;45:302-306.
  6. Henderson JJ, Popat MT, Latto IP et al. – Difficult Airway Society guidelines for management of the unanticipated difficult intubation. Anaestesia, 2004;59:675-694.
  7. Henderson JJ – Development of the “gum elastic bougie”. Anaesthesia, 2003;58:103-104.
  8. Macintosh RR – An aid to oral intubation. BMJ, 1949;1:28.
  9. El-Orbany MI, Salem MR, Joseph NJ – The Eschmann tracheal tube introducer is not gum, elastic, or a bougie. Anesthesiology, 2004;101:1240.
  10. Cupitt JM – Microbial contamination of gum elastic bougies. Anaesthesia, 2000;55:466-468.
  11. Latto P – Fracture of the outer varnish layer of a gum elastic bougie. Anaesthesia, 1999;54:497-498.
  12. Morton G, Chileshe B, Baxter P – Gum elastic bougie in the hole technique. Anaesthesia, 2002;57:1037-1038.
  13. Weisenberg M, Warters RD, Medalion B et al. – Endotracheal intubation with a gum-elastic bougie in unanticipated difficult direct laryngoscopy: a comparison of a blind technique versus indirect laryngoscopy with a laryngeal mirror. Anesth Analg, 2002;95:1090-1093.
  14. Orelup CM, Mort T – Airway rescue with the bougie in the difficult emergent airway. Crit Care Med, 2004,32:A118
  15. Nekhendzy V, Simmonds PK – Rigid bronchoscope-assisted endotracheal intubation: yet another use of the gum elastic bougie. Anesth Analg, 2004;98:545-547.
  16. Baraka A – Gum elastic bougie for difficult double-lumen intubation. Anaesthesia, 1997;52:929.
  17. Weller RM – Gum elastic bougie for difficult double-lumen intubation. Anaesthesia, 1998;53:311.
  18. Gajraj NM – Tracheal intubation through the laryngeal mask using a gum elastic bougie. Anaesthesia, 1996;51:796.
  19. Lopez-Gil M, Brimacombe J, Barragan L et al. – Bougie-guided insertion of the ProSealtm laryngeal mask airway has a higher first attempt success rate than the digital technique in children. Br J Anaesth, 2006;96:238-241.
  20. Evans A, Morris S, Petterson J et al. – A comparison of Seeing Optical Stylet and the gum elastic bougie in simulated difficult intubation: a manikin study. Anaesthesia, 2006;61:478-481.
  21. Hammarskjöld F, Lindskog G, Blomqvist P – An alternative method to intubate with laryngeal mask and see-through-bougie. Acta Anaesthesiol Scand, 1999;43:634-636.
  22. Dagg LE, Jefferson P, Ball DR – “Hold up” and the gum elastic bougie. Anaesthesia, 2003;58:103.
  23. McNelis U, Syndercombe A, Harper I et al. – The effect of cricoid pressure on intubation facilitated by the gum elastic bougie. Anaesthesia, 2007;62:456-459.
  24. Hodzovic I, Wilkes AR, Latto IP – Bougie -assisted difficult airway management in a manikin – the effect of position held on placement and force exerted by the tip. Anaesthesia, 2004;59:38-43.
  25. Brimacombe J, Howath A, Keller C – A more “failsafe” approach to difficult intubation with the gum elastic bougie. Anaesthesia, 2002;57:292.
  26. Murdoch JAC – Emergency tracheal intubation using a gum elastic bougie through a laryngeal mask airway. Anaesthesia, 2005;60:626-627.
  27. Sarma J – Intubating using an LMA and gum elastic bougie. Anesth Analg, 2006;102:975.
  28. Gardner M, Janokwski S – Detachment of the tip of a gum-elastic bougie. Anaesthesia, 2002;57:88-89.
  29. Robbins PM, Hack H – Critical incident with gum elastic bougie. Anaesth Intensive Care, 1995;23:654.
  30. Prabhu A, Pradhan P, Sanaka R et al. – Bougie trauma: it is still possible. Anaesthesia, 2003;58:811-813.
  31. Heidemann BH, Clark VA – Tracheal trauma secondary to the use of a Portex single-use bougie. Anaesthesia, 2004;59:1043-1044.
  32. Kadry M, Popat M – Pharyngeal wall perforation: an unusual complication of blind intubation with a gum elastic bougie. Anaesthesia, 1999;54:404-405.
  33. Hodzovic I, Latto IP, Henderson JJ – Bougie trauma – what trauma? Anaesthesia, 2003;58:192-193.
  34. Lima LG, Bishop MJ – Lung laceration after tracheal extubation over a plastic tube changer. Anesth Analg, 1991;73:350-351.
  35. Marfin AG, Pandit JJ, Hames KC et al. – Use of the bougie in simulated difficult intubation. 2. Comparison of single-use bougie with multiple-use bougie. Anaesthesia, 2003;58:852-855.
  36. Annamaneni R, Hodzovic I, Wilkes AR et al. – Comparison of simulated difficult intubation with multiple-use and singe-use bougies in manikin. Anaesthesia, 2003;58:45-49.

Looks like you have blocked notifications!

Segue as Notícias da Comunidade PortalEnf e fica atualizado.(clica aqui)

Portalenf Comunidade de Saúde

A PortalEnf é um Portal de Saúde on-line que tem por objectivo divulgar tutoriais e notícias sobre a Saúde e a Enfermagem de forma a promover o conhecimento entre os seus membros.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Botão Voltar ao Topo
Keuntungan Bermain Di Situs Judi Bola Terpercaya Resmi slot server jepang
Send this to a friend