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BA.2: O que se sabe sobre a variante ‘invisível’ da ómicron que foi detetada em Portugal

Há uma nova linhagem da variante Ómicron em Portugal que os especialistas dizem ser difícil distinguir da variante Delta em testes PCR. A subvariante BA.2 – também conhecida como ‘stealth Ómicron’ é uma das várias linhagens evolutivas da B.1.1.529 e foi detetada pelos cientistas há alguns dias, depois de sequenciarem geneticamente um lote de amostras de testes recolhidos pelas autoridades da África do Sul, Austrália e Canadá. Atualmente, esta subvariante está identificada em 30 países e seis continentes.

“Pode ser detetada pelo teste PCR mas não pode ser distinguida da estirpe Delta”, referiu Rob Knight, chefe de um laboratório de computação genética da Universidade da Califórnia, em San Diego – por outras palavras, um teste de PCR pode dizer que tem a Covid-19 mas pode não dizer que tem especificamente a BA.2.

Importa saber, nesta fase, como funciona um teste PCR: o teste envolve uma amostra do vírus em potencial e um “primer” que os criadores do teste adaptaram para incentivar a replicação do vírus. Basta expor a amostra ao “primer” e esperar – se o vírus se replicar, terá um resultado positivo. Mas é esse o problema: os testes PCR não são bons para diferenciar uma linhagem de um vírus específico de outra – como muitas linhagens partilham características genéticas, o teste pode ser positivo para o vírus mas inconclusivo para a linhagem.

Os especialistas inicialmente esperavam que fosse possível usar o mesmo teste PCR para detetar a antiga estirpe Alfa do SARS-CoV-2 para também encontrar a Ómicron. Isto porque tanto a Alpha como a Ómicron partilham um marcador genético. “Uma deleção dos aminoácidos 69 e 70 na proteína spike”, segundo Niema Moshiri, geneticista da Universidade da Califórnia, em San Diego. Mas a sublinhagem da Ómicron, a BA.2, não tem essa exclusão. E que outra estirpe também exclui? A Delta. Assim, os técnicos de laboratório que estão a usar testes Alfa antigos para procurar a Ómicron podem perder os casos BA.2.

Não é uma surpresa. A família ‘ampliada’ da Ómicron poderá em breve incluir novas linhagens em evolução ou ser extinta por outras versões virais, como foi o caso das variantes anteriores do SARS-CoV-2. Atualmente a linhagem B.1.1.529 da Ómicron tem pelo menos três filhos (BA.1, BA.2 e BA.3) e um neto (BA.1.1). que estão a espalhar-se mais ou menos rapidamente em mais e mais países.

“É possível que a chamada ‘variante furtiva’ possa significar que há mais penetração dessas variantes preocupantes a circular do que imaginámos”, garantiu Lawrence Gostin, especialista em saúde global da Universidade de Georgetown.

A impossibilidade de distinção pode significar uma dor de cabeça para os especialistas: se a Ómicron e as suas sublinhagens forem mais perigosas do que a Delta e as suas sublinhagens, será muito importante saber exatamente quantos casos de Ómicron existem como um subconjunto de todas as infeções pela Covid-19 – ou seja, saber até que ponto a Ómicron “penetra” na população, para usar o termo epidemiológico.

O BA.2 é, pois, um problema. O tamanho de um problema depende, em grande parte, da seriedade da Ómicron após um estudo mais aprofundado. “Pode ser que essas variantes possam ser acomodadas como um novo normal pós-pandemia, assim como a gripe, caso em que o teste – embora importante para detetar ‘hotspots’ e para avaliar ou projetar prováveis ​​cargas – pode não ser muito vital”, frisou Edwin Michael, epidemiologista do Centro de Pesquisa de Doenças Infeciosas de Saúde Global da Universidade do Sul da Flórida.

Em particular, a BA.2 agora parece estar a ganhar terreno na Dinamarca, onde já responde por 28% dos novos casos da Covid-19 (mais de 4 mil sequências enviadas) e, em menor grau, na Suécia (109 sequências) e no Reino Unido (80 sequências).

Ontem o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) anunciou que a linhagem BA.2 foi detetada em Portugal em amostragens aleatórias por sequenciação de 27 de dezembro a 2 de janeiro, representando pelo menos uma introdução no Algarve.

“Os próximos dias permitirão aferir a evolução da frequência relativa da linhagem BA.2 em Portugal, bem como a sua dispersão por região”, refere ainda o INSA.

Fora da Europa, é cada vez mais identificado na Ásia, incluindo Índia e Singapura, por exemplo.




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