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Coronafobia, a nova vilã da saúde mental: como encarar o medo de adoecer?

A coronafobia é um transtorno psicológico reconhecido desde 2020 e já amplamente estudado desde que os primeiros surtos da Covid-19 foram declarados. Os sintomas, já descritos em pandemias anteriores – como a gripe asiática ou a gripe de Hong Kong – foram potenciados pelo maior alcance da pandemia do coronavírus que causou um enorme impacto social a todos os níveis.

Mas o que é a coronafobia? É descrita como uma nova fobia específica emergente da Covid-19 caracterizada pelo medo, angústia, depressão e ansiedade sobre a possibilidade e contrair o vírus, o que motiva comportamentos autolimitados e desadaptativos que podem levar ao isolamento social e com grande impacto na saúde mental. O transtorno tem sido algo de várias investigações científicas desde os primeiros momentos da pandemia, principalmente em profissionais de saúde e pessoas idosas ou vulneráveis.

Pode também afetar pessoas saudáveis, embora certas patologias associadas – comportamentos compulsivos ou episódios de ansiedade e depressão não tratados -, outras doenças pré-existentes ou traço de personalidade como a propensão à ansiedade e à preocupação, intolerância à incerteza ou autoestima e vulnerabilidade contra doenças favoreçam o seu aparecimento. O ambiente social também desempenha um papel essencial, sendo que as restrições sociais impostas pela pandemia tornam muito propício o surgir do transtorno, em especial os confinamentos em casa.

“As consequências do isolamento social no bem-estar dos idosos são um problema de saúde pública que tem vindo a ser agravado pela pandemia da Covid-19. O isolamento gera um maior risco de ter sintomas de depressão e ansiedade e gera uma ansiedade excessiva de contrair a Covid-19, também chamada de coronafobia” , apontou Tomás Caycho, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidad Privada del Norte, em Lima, num estudo publicado na revista espanhola de geriatria e gerontologia.

“Essas pessoas tendem a experimentar um conjunto de sintomas fisiológicos desagradáveis desencadeados por pensamentos ou informações relacionadas com a Covid-19. A presença de coronafobia está relacionada a preocupação excessiva, stress, sintomas de depressão, ansiedade e ideação suicida”, continuou Caycho.

O estudo, realizado no Peru, concluiu que 13,5% das pessoas avaliadas apresentavam sinais de coronafobia. “Um número perto dos cerca de 12,3% dos ingleses que indicaram sentir sintomas de ansiedade durante a pandemia”, segundo estudos anteriores, apontou o autor, que alertou que “estes níveis de coronafobia podem aumentar a probabilidade de permanecer em isolamento social e ser um risco para o desenvolvimento de outros problemas emocionais”.

“O medo tem sido uma das emoções mais frequentes associadas à pandemia da Covid-19: incerteza, preocupação, ansiedade em relação à saúde, exposição aos media, saúde pessoal e risco aos entes queridos podem afetar o humor e comportamento dos idosos, assim como piorar as suas condições físicas, sociais e cognitivas”, revelou outro estudo, desta feita da Fundação ARCED em Dhaka, Bangladesh, e da University of News South Wales, na Austrália, que aumenta a percentagem de pessoas com coronafobia em 19,4%.

Os estudos revelaram ainda que as mulheres eram quase três vezes mais propensas a relatar ansiedade disfuncional em comparação com os homens.

As regras do distanciamento físico também podem aumentar o risco de problemas de saúde mental, devido ao aumento do risco de isolamento social e dificuldades financeiras decorrentes da perda de emprego. Um número crescente de estudos identifica a doença como um gatilho para o transtorno de stress. Uma pesquisa apontou que entre 28% e 30% dos médicos relataram sintomas moderados a graves de ansiedade e depressão. Os médicos que experimentaram níveis mais altos de coronafobia eram mais propensos a ser do sexo feminino, não fumadores, com desejos de morte e/ou pensamentos autodestrutivos.

Uma questão importante é se os sistemas de saúde ao redor do mundo estão preparados para lidar com o aumento dos chamados pacientes “preocupados”, ou seja, o aumento dos serviços de emergência hospitalar de pessoas que interpretam de forma errada as suas sensações corporais como sinais de uma possível infeção da Covid-19. Durante a pandemia de gripe H1N1 de 2009, houve relatos de hospitais inundados com pacientes que acreditavam que a sua tosse ou febre leve era indicativa de gripe pandémica. O mesmo será verdade durante a pandemia da Covid-19.




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