Covid-19: Testámos todos positivo cá em casa, devemos isolar-nos uns dos outros?

A questão tornou-se mais premente do que nunca, face ao crescimento exponencial de casos positivos da Covid-19. Só em Portugal, esta terça-feira, foram registados 57.657 novos casos – quando várias pessoas estão positivas e moram juntas, devem isolar-se?

As recomendações são claras: o isolamento deve ser individual, embora faltem estudos que permitam responder com rigor a esta questão. O ideal seria conseguir isolar-se pois é provável que nem todas as pessoas que vivem juntas estejam no mesmo ponto no curso da infeção e é muito possível que cada uma delas tenha uma quantidade diferente de vírus num dado tempo.

Vamos supor que duas pessoas com Covid-19 vivem juntas: a primeira pessoa infetou a segunda e, portanto, a primeira tem mais vírus que a segunda. Até que a última pessoa infetada tenha a mesma quantidade de vírus do que o primeiro caso e o seu sistema imunológico comece a responder ao vírus com capacidade total, levará um tempo. Até lá, é importante não se expor à carga viral mais alta que a primeira pessoa infetada possui. Ao isolarmo-nos, vamos conseguir separar aquelas pessoas que têm maior carga viral daquelas que têm menos vírus, principalmente no início da infeção, até que uma boa resposta imune esteja criada em ambas as pessoas. Por outras palavras, o importante é que cada uma das pessoas infetadas não veja a sua carga viral aumentar ao conviver com outras pessoas infetadas.

Não se deve descartar também a hipótese de que cada pessoa esteja infetada com uma variante diferente. Se um coabitante infetou os outros, vão partilhar a mesma variante. Mas se não for esse o caso, e como já houve certos momentos com diferentes variantes do SARS-CoV-2 entre nós, pode dar-se o caso de existirem infeções com diferentes variantes. Por isso, também é importante que os coabitantes infetados se isolem uns dos outros. Embora existam poucos casos de coinfeção com diferentes variantes, é sabido que a coinfeção pode agravar os sintomas, sendo por isso melhor evitá-las. É sempre preferível que o seu corpo tenha a possibilidade de combater primeiro um vírus e depois outro – se houver dois ao mesmo tempo, as coisas podem ficar complicadas.

Para se isolar, o indicado é usar máscaras FFP2 e ventilar constantemente a casa compartilhada. Se houver uma casa de banho para cada um, melhor. Deve igualmente evitar-se a partilha de pratos, copos, talheres, guardanapos. É mais seguro dormir em quartos diferentes. Obviamente, estas considerações são importantes se algum dos coabitantes positivos for uma pessoa vulnerável ou não vacinada – devemos fazer o possível para reservar ao máximo essa pessoa.

Mas há casos em que o isolamento não é tão simples – quando as pessoas infetadas têm igualmente crianças pequenas positivas. Neste caso, admite-se que o isolamento não pode ser realizado com o mesmo rigor que no caso dos adultos – os riscos para as crianças são menores e, portanto, a única preocupação seria estender o período de isolamento até ao tempo de quarentena da última pessoa a testar positivo terminar. Convém fazer um teste antigénio para verificar se estão todos negativos e é hora de regressar à normalidade.

Mesmo com um teste negativo, seria bom restringir ao máximo a interação social e evitar, sobretudo, o contato com pessoas vulneráveis. Por fim, refira-se que o isolamento deve ser rigoroso entre pessoas com teste de diagnóstico confirmado para a Covid-19 e aquelas que apenas foram expostas ao vírus, pois estas últimas podem não infetar-se se não continuarem expostas ao vírus.