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Devem os portugueses deixar de testar, usar máscara e confinar? O que dizem os especialistas

As previsões mais recentes da pandemia em Portugal apontam para o fim da fase pandémica no próximo mês, mas há especialistas que defendem que se deve começar já a aliviar as medidas básicas que têm feito parte do quotidiano no combate à Covid-19: testes, máscaras e confinamentos.

Neste sentido, a Multinews ouviu dois peritos – um em saúde pública e outro em epidemiologia – sobre o que pensam do assunto e percebeu que este tema não é de todo consensual, dividindo assim opiniões.

Para Gustavo Tato Borges, Presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP) “nesta fase ainda é cedo para largar essa estratégia. Estamos com um enorme aumento de casos, felizmente a mortalidade e gravidade são baixas mas continuamos a ter os serviços com pessoas internadas, há óbitos a acontecer”, alerta.

“Ainda não é a altura para dizer que termina todo o processo habitual desta vigilância. O uso de máscaras, a necessidade de testar, os confinamentos, tudo isso nesta fase, enquanto ainda estamos nesta onda, faz sentido, senão parece que estamos a dizer que já não conseguimos fazer nada e mais vale desistir”, aponta.

Segundo o especialista, “pretende-se manter algumas regras, manter alguma vigilância e acompanhamento, manter alguns cuidados e só depois de termos a população com 18 ou mais anos vacinada com reforço, quando tivermos o fim desta onda pandémica, então sim preparar a próxima fase”.

“Nessa fase então podemos tornar as máscaras opcionais, mesmo dentro dos espaços fechados, fazer a vigilância dos sintomáticos sem necessidade de isolar os restantes e também deixar de testar gradualmente”, aponta ressalvando que “para já ainda é cedo, Portugal precisa de acalmar esta onda e evitar situações mais dramáticas”, o que deverá acontecer “quando iniciarmos a primavera”.

Já Milton Severo, investigador de epidemiologia do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), não tem a mesma opinião relativamente a todas as medidas, defendendo que algumas devem continuar a ser aplicadas, mesmo depois de passar a fase pandémica, enquanto que outras podem já ser aliviadas.

“O uso de máscaras mesmo em ondas epidémicas devia ser uma recomendação da saúde pública. Já tínhamos visto, não com a Covid-19 mas com a gripe – em que havia um aumento da mortalidade depois do Natal e Passagem de Ano – que esta é uma das medidas que deve ser mantida sempre que existe uma onda epidémica”, defende.

Por outro lado, “em relação aos confinamentos, claramente nesta fase, à exceção das pessoas que estão realmente doentes e não têm sintomas ligeiros, à partida diria que a medida já não faz muito sentido”, porque já é possível controlar sem isolar.

Quanto aos testes sim, mas não já. “Só a partir do momento em que entrarmos numa fase mais endémica (o que também deverá acontecer perto da primavera) será possível reduzir (a testagem) e restringi-la apenas às pessoas que realmente estão doentes e apresentam sintomas”, conclui.

Retrocesso de medidas não deve acontecer

Apesar de discordarem no alívio de medidas, os dois especialistas são unânimes ao concordar que não se prevê um retrocesso das mesmas em Portugal. “Neste momento olhando para os indicadores que interessam, que são os efeitos sobre mortes e hospitalizações não espero que haja um retrocesso nas medidas”, refere Milton Severo.

“É difícil voltar atrás, quando a população tem uma perceção de que a situação está controlada e está quase tudo bem. Não irá acontecer agora um retrocesso em termos daquilo que é a nossa vivência normal, mas também não vamos largar tudo de repente”, complementa Tato Borges.

O médico de saúde pública lamenta ainda que a sociedade tenha desconfinado tão depressa. “Desde o dia 10 de janeiro que houve uma progressiva normalização do nosso dia, as escolas voltaram a funcionar, depois abriram os bares e discotecas, o teletrabalho deixou de ser obrigatório”, recorda.

“E eu acho que em algumas situações poderíamos ter sido mais cautelosos, por exemplo ao ter mantido o ensino à distância até ao final de janeiro e o teletrabalho obrigatório”, considera. “Havia algumas medidas que poderiam ter sido proteladas mais um mês”, mas agora já não é possível voltar atrás, conclui.




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