Falta de confiança na vacina contra a covid-19 pode levar a uma hesitação “preocupante” na imunização contra outras doenças, alertam médicos
O ceticismo em relação às vacinas contra a Covid-19 pode estar a alimentar um aumento “preocupante” de um sentimento negacionista mais amplo face a outras vacinas, disseram médicos citados pela ‘CNBC’.
Liam Smeeth, médico e diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, mostrou-se preocupado com o facto de a hesitação da vacina em torno da Covid-19 estar a fazer-se sentir em relação a outras vacinas.
“Estou preocupado que isto faça com que as pessoas pensem: ‘bem, talvez a vacina contra o sarampo também não seja boa, e talvez essas outras vacinas não sejam ótimas’”, disse Smeeth à ‘CNBC.
O responsável observou que se registaram surtos da doença, numa altura em que as taxas de vacinação caíram no Reino Unido na década de 1990 e no início dos anos 2000.
No final da década de 1990, alegações de que vacinas causavam autismo “tornaram dezenas de milhares de pais em todo o mundo opositores da vacina contra o sarampo e rubéola”, segundo a revista médica Lancet.
Concretamente no que ao sarampo diz respeito, Smeeth refere que a doença “é como um pote de mel cheio de abelhas que estão em fúria para sair”, avisou. “Assim que a cobertura vacinal cair, o sarampo vai reaparecer”, sublinhou.
“Portanto, é uma preocupação, que este [sentimento negacionista da Covid-19] e esse impacto na confiança estejam a infiltrar-se em outras vacinas. Essa é uma preocupação real”, concluiu.
Também Gretchen LaSalle, médica e professora da Faculdade de Medicina Elson S. Floyd da Universidade de Washington, disse à CNBC que a politização da Covid-19 e das suas vacinas teve efeitos.
“Ao viver a pandemia de Covid-19 e ver os efeitos devastadores nas vidas e nos meios de subsistência, a nossa teoria era que as pessoas seriam recordadas da importância vital da vacinação e de que a sua confiança aumentaria”, disse LaSalle.
No entanto, 20% dos inquiridos em pesquisas feitas pela equipa de LaSalle, disseram que ficaram menos confiantes nas vacinas durante a pandemia, uma “diminuição é preocupante”, segundo a especialista.
“Para doenças como o sarampo, que exigem que uma percentagem muito alta da população (normalmente cerca de 95%) seja imune para limitar a propagação, uma diminuição na vacinação em até 5 a 10% pode ser devastadora”, acrescentou.
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