Médicos ucranianos devem poder trabalhar em Portugal sem falarem português, defende a Ordem
Exceção inédita para médicos ucranianos terá ainda de ser negociada com o governo. Ordem dos Enfermeiros rejeita apoiar medida idêntica.
A Ordem dos Médicos (OM) vai autorizar os médicos ucranianos a exercerem em Portugal, mesmo sem falarem Português, avança a TSF. A ser aceite pelo governo, esta será uma medida inédita e que poderá beneficiar não só os clínicos que venham para Portugal na sequência da guerra da Ucrânia mas, no imediato, os médicos ucranianos que vivem em Portugal.
O comunicado desse Conselho de Ministros, citado pela Lusa, explica que o decreto-lei aprovado “estabelece medidas relativas ao reconhecimento de qualificações profissionais de beneficiários de proteção temporária no âmbito do conflito armado na Ucrânia, de forma a permitir que possam exercer a sua atividade profissional com celeridade, permitindo-lhes assim assegurar a sua subsistência”. O diploma “é aplicável a profissões regulamentadas cuja autoridade competente para o reconhecimento de qualificações seja um serviço ou entidade da administração direta ou indireta do Estado ou uma entidade administrativa independente”.
À TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos sublinha o caráter excecional da medida, e desafia “o Estado, através dos professores, a organizar cursos de português para estes médicos ucranianos”. Miguel Guimarães adianta que, depois de verem os cursos reconhecidos pelas universidades, os médicos serão remunerados à medida que sejam integradas ao lado de colegas portugueses.
“Podem pedir análises e raios-X – e vão começando. É como qualquer médico que entra no sistema, não entra ali e começa logo a fazer tudo”, esclarece o responsável da OM.
Já no caso dos enfermeiros, a Ordem exige que os profissionais dominem a língua portuguesa para obterem o título profissional e puderem exercer em Portugal. “[Podem trabalhar] eventualmente noutras funções, em unidades de saúde, mas que não exigissem um contacto tão direto com os doentes, porque aí a barreira linguística é, efetivamente, um problema”, diz a bastonária Ana Rita Cavaco.
SO
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