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A saúde foi ao bairro (da Jamaica) e os moradores disseram “presente”

“Venho sempre e estou sempre nas formações também”, explicou a são-tomense, enquanto esperava que os profissionais de saúde fizessem o rastreio oral das suas três crianças.

O projeto Saúde no Bairro é desenvolvido pela Associação Vencer o Tempo e inclui, além da sensibilização para a procura de cuidados de saúde, a promoção de estilos de vida saudáveis e a literacia em saúde, a realização de rastreios do cancro do colo do útero, diabetes, visão, saúde oral e ainda de hepatites e doenças sexualmente transmissíveis.

O bairro de Vale de Chicharros, conhecido como bairro da Jamaica, no distrito de Setúbal, foi escolhido para receber o projeto apoiado financeiramente pela plataforma Bairros Saudáveis e desenvolvido em parceria com a Junta de Freguesia da Amora, do Hospital Garcia de Orta (Almada) e do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Almada-Seixal.

Concretizando a ideia de que “se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé”, o projeto leva aos moradores do Jamaica várias equipas de profissionais de saúde para rastrear doenças silenciosas e ao mesmo tempo conquistar quem lá vive para que se torne dono do seu destino em matéria de saúde.

As ações são vocacionadas para as mulheres, mas os homens e as crianças também são rastreados de cada vez que as equipas ali se deslocam.

E será assim até ao final de 2022, com rastreios, mas também com formações na Junta de Freguesia da Amora, que Oleutisa Ferreira nunca perde: as manhãs de sábados em que se realizam são reservadas para si.

“Aos sábados tenho folga do trabalho e deixo para trás tudo o que tenho para fazer em casa. É o dia para cuidar de mim. Tenho ido a todas, ajudou-me muito. Aprendi como me alimentar melhor e agora também já sei como cuidar da minha mama, como tratar da minha saúde”, disse.

Veja as fotos

Vanussa Coxi, da associação de moradores, acompanha este projeto com entusiasmo, conhece bem a realidade do bairro e em dia de rastreio está presente para abraçar quem se aproxima, incentivando à participação.

“Estes projetos são uma espécie de salvação. Os rastreios detetam os problemas e encaminham as pessoas, e só isso já é uma mais-valia”, explicou, em declarações à agência Lusa, defendendo que a iniciativa também contribui para combater o isolamento do bairro.

“Permite uma cumplicidade entre quem cá vem e quem cá vive”, frisou.

A vantagem dos rastreios no bairro, adiantou o presidente da junta de freguesia, é que tem outra afluência: “Sabemos a importância que tem para estes bairros onde muitas pessoas não têm médicos de família e passam um pouco ao lado destes rastreios”, disse Manuel Ferreira Araújo, adiantando que estes contactos permitem que, mesmo depois do realojamento previsto para breve para uma parte dos moradores, continuem a ser seguidos.

Na verdade, segundo a coordenadora de enfermagem do ACES Almada-Seixal, o que se pretende é que gradualmente as pessoas ganhem o hábito de procurar os serviços de saúde para prevenir doenças e não só em situação aguda. É um educar para a saúde.

“Cada vez mais o utente tem de tomar conta da sua saúde. A mais-valia de vir ao bairro é que são feitos rastreios em bloco, mas queremos que ganhem ferramentas para que procurem os recursos de acordo com as suas necessidades”, disse Susana Santos.

É este um dos propósitos do projeto-piloto da Associação Vencer o Tempo, presidida por Ivone Ferreira.

Desde o início do ano e no âmbito deste projeto a unidade móvel do ACES Almada-Seixal atendeu 63 pessoas, fez distribuição de material de contraceção e rastreios oportunistas de hipertensão e diabetes.

Uma outra equipa com enfermeiras do Hospital Garcia de Orta fez 65 rastreios de saúde visual. O mais jovem a ser rastreado tinha 11 anos e a mais velha 83.

Já no que respeita ao cancro do colo do útero, 12 mulheres foram rastreadas.

“Pretendemos que a mensagem de que os rastreios são fundamentais na prevenção das doenças possa passar de forma clara e eficaz”, explica a associação no enquadramento de um projeto que aposta na capacitação das mulheres para a tomada de decisão consciente e responsável quanto à sua saúde e das suas famílias.

De cada vez que o projeto vai ao Jamaica, mulheres, homens e crianças vão ao encontro dos profissionais de saúde, muito antes de tudo estar a postos para as consultas, e desta forma regular vão dizendo “presente” à iniciativa de criar um caminho para uma vida com saúde num dos bairros ilegais e com perigosas condições de habitabilidade e salubridade do concelho, onde vivem famílias portuguesas e imigrantes de São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Angola e Cabo Verde.

Fonte: Lifestyle Sapo

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