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“Tecnologia e inovação digital: formação, investigação e exercício clínico” em debate no 15.º aniversário da ESEL

O debate foi moderado pela professora Joana Guarda Rodrigues, membro da comissão organizadora, e contou com as apresentações de Neuza Pedro, professora do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa; Mariana Fortunato, médica interna do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca; Dulce Cachata Gonçalves, enfermeira e chief innovation officer do Hospital de Cascais Dr. José de Almeida; e, da ESEL, Paulo Cruchinho, professor adjunto do Departamento de Administração em Enfermagem.

Neuza Pedro centrou a sua apresentação nas questões relativas ao e-learning no contexto do ensino superior português, “não especificamente na área da saúde, mas na globalidade”, disse ao nosso jornal.

A apresentação “centrou-se exatamente sobre aquilo que podem ser oportunidades de crescimento e de expansão de formatos de oferta formativa em vários modelos, online e híbridos, pensando prioritariamente naquilo que é a oferta pós-graduada”; portanto, “públicos (…) acima de 23 anos, trabalhadores e que têm responsabilidades profissionais e familiares que são muito complexas de coadunar com os horários de oferta formativa das instituições de ensino superior portuguesas”, sendo que, na sua prática profissional, estas pessoas “já têm que trabalhar com tecnologia”. Para Neuza Pedro, “o processo formativo pode e merece tirar vantagem dessa mesma tecnologia”.

“O ponto fundamental da apresentação foi não só salientar oportunidades associadas a novos formatos formativos, a distância e híbridos, mas, simultaneamente, identificar riscos”, continuou a oradora, salientando: “a necessidade de formação dos professores, portanto, a preparação dos professores para estes modelos de ensino; a adequação das tecnologias e a atualização de tecnologias para estes efeitos; e [a importância de] considerar também a razoabilidade ou a adequação entre o modelo que se elege e o objeto de estudo, ou aquilo que é o objeto de formação”. “Na área da saúde, a dimensão (…) relacional precisa de ser olhada com os devidos cuidados.”

No evento, seguiu-se a vertente das crianças e adolescentes, com a pedopsiquiatra Mariana Fortunato, que explicou também ao HealthNews que a investigação se debruça sobre os principais impactos da tecnologia, mas que, mais do que isso, é importante “perceber de que forma é que as mesmas crianças e jovens utilizam os dispositivos eletrónicos e a tecnologia que está à disposição deles” – e isso vai além do tempo de exposição. “Enquanto profissionais de saúde, acabamos por nos cingir ligeiramente mais ao tempo de exposição, mas o tempo de exposição não é tudo”, acrescentou.

Ao mesmo tempo, o impacto da tecnologia varia de jovem para jovem, ligando-se à sua realidade offline. “Muitas vezes, os riscos que os jovens correm a nível digital e tecnológico já existem na realidade offline. Estou-me a lembrar de exposições a violência doméstica e situações de bullying na escola. Estas situações, que existem no mundo offline, muitas vezes refletem-se posteriormente no mundo online”, alertou a médica.

Mariana Fortunato salientou os aspetos positivos da tecnologia, recordando que “temos um papel ativo na sua utilização”. Embora reconheça os problemas reais associados, como “o cyberbullying, a utilização excessiva, a substituição das relações e o défice de empatia”, a médica tem “plena confiança nos nossos jovens” – “cada vez mais informados” em relação ao tema abordado. “Acho que conseguimos torná-los conscientes dos perigos e fazer com que eles utilizem a tecnologia de forma saudável”, rematou.

Já a enfermeira Dulce Cachata Gonçalves contribuiu com a sua experiência no hospital de Cascais. “Eu vim falar do que é a inovação numa organização de saúde, tendo como exemplo o hospital onde eu trabalho, e deste departamento de inovação, como algo que agrega toda a parte de investigação, desenvolvimento tecnológico, qualidade e segurança”, disse-nos.

A ideia foi alertar para dois aspetos: “que nada se pode construir sem ser com base nestes pilares” e, “outra coisa muito importante”, “como é que nós, a nível de processos, integramos toda esta evolução tecnológica que acontece hoje nas organizações de saúde sem desfocar aquilo que é a essência da enfermagem, que é o doente”.

Com foco no doente, tendo a tecnologia como suporte, “como é que as pessoas têm uma melhor experiência de cuidados na organização” é a questão que se coloca.

“Enquanto instituição académica de ensino superior, a ESEL pode aproveitar a revolução digital como uma oportunidade transformadora e converter este conceito da revolução digital em transformação digital, no sentido de melhorar a qualidade das suas práticas pedagógicas, mas também no sentido de melhorar, no exercício profissional, as práticas, os processos e, eventualmente, também os dispositivos para a prática de cuidados, ou seja, os dispositivos clínicos do ponto de vista tecnológico”, destacou Paulo Cruchinho, também em declarações ao nosso jornal.

De acordo com o professor da ESEL, “isso implica investir nas competências digitais, em termos internos; incluir os conteúdos digitais, ou seja, da saúde digital, no currículo; e, internamente e também com entidades externas, investir no desenvolvimento de produtos e serviços digitais”.

“Basicamente, são três aspetos: competências digitais para os professores, entrecruzando as duas gerações, os mais velhos e os mais novos, no sentido de se potenciarem; os conteúdos do currículo, portanto, conteúdos de saúde digital; e o desenvolvimento experimental com outras áreas, designadamente com a engenharia, para criar produtos digitais para o mercado de trabalho. No fundo, aproveitar toda esta onda para modificarmos dinâmicas e práticas”, concluiu.

HN/Rita Antunes

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