
Tiago Petinga / Lusa
Ana Rita Cavaco, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, na Comissão Parlamentar de Saúde
“Dei do meu bolso milhares de euros a enfermeiros individualmente”. É, assim, que a bastonária dos enfermeiros, Ana Rita Cavaco, refuta a acusação do Ministério Público (MP) de que recebeu 10 mil euros indevidos, dizendo-se vítima de “sindicâncias políticas e denúncias anónimas”.
Depois de ter sido acusada pelo MP dos crimes de peculato e falsificação de documentos no âmbito de um processo que investigou o pagamento indevido de quilómetros que nunca terão sido percorridos, Ana Rita Cavaco lamenta que tem sido “alvo de sindicâncias políticas e denúncias anónimas, reportagens difamatórias”, numa tentativa de travar a sua luta pelos direitos dos enfermeiros.
Numa publicação no Facebook, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE) nota que, “durante 7 anos”, geriu “70 milhões de euros”. “O MP acusa-me de ter recebido 10 mil euros por quilómetros que acredita que não fiz e fiz! Percorri este país de ponta a ponta, conforme os enfermeiros podem confirmar”, adianta.
“Eu sei, melhor que ninguém, que neste país não fica bem ver uma Bastonária na rua junto dos seus, mas é onde sempre disse que estaria e irei continuar”, acrescenta. “Vou de carro até ao fim do mundo pelos meus”, promete ainda.
Ana Rita Cavaco realça também que continua “a viver na Graça” e que tem “os mesmos carros e o mesmo cão”. “Se a ideia é vergar-me agora, logo agora a finalizar o segundo mandato daqui a 11 meses, desistam”, aconselha também.
“Eu e a minha equipa estaremos na estrada, a fazer todos os quilómetros que forem precisos para que todas as lutas que travei nos últimos 7 anos, pela dignidade dos enfermeiros, não tenham sido em vão”, diz ainda.
“A maçonaria tem muita gente boa, mas também muitos merdosos que nos tentaram extorquir dinheiro. O único avental que uso é na cozinha, adoro cozinhar, como o meu Pai”, prossegue na sua publicação.
Sobre a investigação do MP, a bastonária refere que, juntamente com os outros elementos do seu conselho directivo, estão “indiciados de tudo: despesas de representação indevidas, subsídio de almoço indevido, aluguer de casas indevido, subsídios indevidos de função, vencimentos indevidos e todos os quilómetros efectuados em 2016 indevidos”.
“Até houve uma alma que decidiu pôr numa reportagem que pagava o ginásio com o dinheiro da OE. Nunca, nunca o fiz. Ao contrário, dei do meu bolso milhares de euros a Enfermeiros individualmente. É meu e faço o que quero com o meu dinheiro“, constata também.
“Passados sete anos de investigações, repito, sete anos de investigações, o MP concluiu que recebi indevidamente 10 mil euros por quilómetros, inclusivamente justificando que estaria fora do país quando o meu bilhete de avião prova o contrário“, aponta ainda.
“Tudo o resto foi arquivado”, continua, salientando que é um sinal “para quem andava aí a ladrar que me vestia com o dinheiro da OE”.
A par de Ana Rita Cavaco, o MP acusou mais 13 pessoas por suspeitas de que adulteraram dados no sentido de obter benefícios a que não tinham direito, forjando mapas de deslocação e declarando quilómetros que não terão efectivamente percorrido.
Em causa estão mais de 63 mil euros que terão sido pagos indevidamente, segundo a acusação do MP.
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