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Cabo Verde envia equipa para investigar casos de shigelose na ilha do Sal

“É uma equipa composta por epidemiologistas, médicos de clínica geral, enfermeiros, Entidade Reguladora Independente da Saúde, a própria OMS [Organização Mundial da Saúde]. Vamos fazer uma investigação mais aprofundada, ouvindo também as potenciais causas, e também nas fontes de abastecimento de água”, anunciou hoje a presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), Maria da Luz Lima.

Em conferência de imprensa realizada na sede do INSP, na Praia, a responsável acrescentou que esta equipa já está formada e após a preparação, que vai decorrer no início da próxima semana, parte na quarta-feira para o Sal, para investigar este caso.

Contudo, Maria da Luz Lima garante que já foram investigados desde setembro de 2022 alegados surtos de doenças diarreicas no Sal, a ilha mais turística de Cabo Verde, não tendo sido constatado qualquer aumento face aos anos anteriores: “As autoridades da ilha do Sal não foram alertadas de nenhuma ocorrência anormal de diarreias. A nossa análise epidemiológica não identificou nenhum surto ou uma ocorrência mais intensa de casos de diarreias na ilha do Sal”.

Também conhecida por disenteria bacteriana, a shigelose é uma forma de intoxicação alimentar com diarreia sanguinolenta, provocada pela bactéria shigella, comum, mas que tende a aumentar em “épocas mais quentes”, nos países tropicais.

“Estaremos no terreno na próxima semana a averiguar, primeiro, se realmente há um surto. Se houver, qual a fonte de infeção e propor as recomendações a várias instituições e várias entidades para que realmente possa haver um controlo deste surto”, disse.

Uma avaliação de risco feita pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) detetou 258 casos de shigelose, uma forma de disenteria, em turistas de 12 países que estiveram no Sal, Cabo Verde, desde novembro de 2021.

O Reino Unido lidera entre casos suspeitos e confirmados (95), segundo o mesmo relatório do ECDC, seguido pelos Países Baixos (47), Suécia (42), França (31) e Bélgica (14). Entre outros países, Portugal regista dois casos de shigelose confirmados desde 2021 e os Estados Unidos da América quatro.

De acordo com o relatório, de fevereiro e divulgado pela Lusa na quinta-feira, que surge após publicação de um artigo científico que analisou a origem de vários casos em Cabo Verde, o ECDC confirmou 221 casos desta infeção desde 01 de novembro de 2021 e regista 37 casos suspeitos desde 01 de setembro de 2022, com ligação à ilha do Sal, entre 11 países europeus e os Estados Unidos da América.

No documento, o EDCD “incentiva” as autoridades de saúde dos países europeus a “aumentar” a conscientização dos profissionais de saúde para a “possibilidade de crescimento de infeções por shigelose em pessoas com viagens recentes a Cabo Verde”.

“As comunicações não dizem para as pessoas não virem [a Cabo Verde]. Dizer ‘vão a Cabo Verde, mas tomem cuidado’. São conselhos que normalmente se dão aos turistas”, reagiu Maria da Luz Lima.

“Para nós serve de alerta para continuarmos a fazer a nossa investigação e também confirmarmos, porque nós acreditamos que pode até ser que tenha havido um surto de shigelose, vamos confirmar ou não”, insistiu a presidente do INSP, rejeitando que este alerta represente qualquer tipo de alarmismo.

“Não vamos por essa onda, mas achamos que é um alerta e vamos ver se realmente se confirma ou não, porque nós aqui também temos competência para fazer investigações de surtos”, disse ainda, garantindo que o país conta com epidemiologistas de campo em todos os concelhos, para investigação de surtos.

“O que nós também reforçamos é que a vigilância deve ser uma atividade de todos. Mesmo as unidades hoteleiras que têm um grupo de turistas com algum sintoma devem notificar as autoridades sanitárias, também para que essas medidas possam ser feitas atempadamente”, apelou.

“Confirmando ou não, acho que esta situação serve para demonstrar que Cabo Verde tem capacidade para fazer uma investigação epidemiológica. É um país seguro, porque qualquer anomalia é identificada, qualquer alteração no nível sanitário que ponha em risco a saúde pública mundial, porque nós falamos da saúde global, Cabo Verde consegue identificar e consegue dar respostas”, acrescentou.

“Com base na informação disponível, muitos casos são relatados como tendo permanecido na região de Santa Maria, na ilha do Sal, inclusive em hotéis com ‘tudo incluído’. Os casos mais recentes foram relatados na Suécia em 19 de janeiro de 2023, sugerindo um risco moderado contínuo de novas infeções entre os viajantes em Cabo Verde, principalmente entre os que ficam na região de Santa Maria”, lê-se no relatório do ECDC.

O Governo britânico alertou na quinta-feira os cidadãos nacionais para o “aumento” nos últimos meses de casos de shigelose, em turistas que regressaram da ilha do Sal, apelando ao cumprimento de “precauções no padrão de alimentação, água e higiene pessoal”, como lavar as mãos e usar apenas água engarrafada para beber ou escovar os dentes.

Num alerta emitido pelo Gabinete de Estrangeiros e da Commonwealth (FCO), dirigido aos viajantes britânicos, é referido que “desde agosto de 2022 há um aumento de casos” de shigelose “entre os cidadãos que regressam de Cabo Verde”.

LUSA/HN

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