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Rosa Valente de Matos. “Temos serviços fechados por falta de enfermeiros”

Quais são os maiores desafios que enfrenta na gestão de um centro hospitalar desta dimensão, com mais de oito mil profissionais?

 A gestão dos recursos humanos é sempre um grande desafio. O nosso objetivo é assegurar acesso e prestar cuidados com cada vez maior qualidade, imprimindo inovação. E o meu objetivo é dar aos profissionais os instrumentos e as condições para que cumpram da melhor forma possível a sua missão, para que possam trabalhar com qualidade. Nem sempre é fácil, as dificuldades são muitas (financeiras, de comunicação entre os vários hospitais), mas o empenho e dedicação dos profissionais é a nossa maior força.

A falta de recursos humanos é certamente uma realidade no CHULC, como nos outros centros hospitalares do SNS.

A falta de recursos humanos é uma realidade no CHULC. Temos falta de profissionais. Mas o problema é mais amplo. Vejamos a questão dos cuidados de saúde primários na região de Lisboa. A carência de médicos de família é evidente, mas também de enfermeiros. Ora, numa região que não tem a base do sistema devidamente robustecida, é natural que os hospitais se ressintam dessa realidade.

 “Nem sempre é fácil [trabalhar com qualidade no CHULC], as dificuldades são muitas”

De que profissionais de saúde tem o CHULC mais necessidade?

Temos uma grande carência de enfermeiros, que se tem agravado. Temos serviços fechados por falta de enfermeiros, principalmente na Medicina Interna. Os enfermeiros simplesmente não vêm. Quando ouço falar em zonas carenciadas, apetece-me dizer que também somos uma zona carenciada.

Em relação aos médicos, quais são as especialidades onde existe maior carência?

A Anestesiologia, a Radiologia, a Medicina Interna, a Ortopedia, a Obstetrícia.

O CHULC tem desenvolvido estratégias para atrair e fixar os profissionais?

Uma das estratégias passa pela criação dos Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) – a maior parte foram criados durante a pandemia. Os CRI assentam muito na produção adicional, maior acesso, trabalho em equipa, autonomia e responsabilidade, e ainda não temos um modelo remuneratório próprio para os CRI, o que seria importante para que este modelo organizativo possa vingar ainda mais.

Temos também um centro de investigação e formação, onde temos investido muito. Os jovens médicos sabem que essa é uma das mais-valias do CHULC.

Sentem dificuldades na retenção dos internos?

Uns acabam por não ficar. Temos feito um trabalho de proximidade com os internos, para percebermos as expectativas deles para a carreira e de que forma os podemos reter. A maioria espera ficar, pelo que sei. Como sabe a nossa autonomia de gestão é limitada.

Como evoluíram os indicadores assistenciais do CHULC em 2022, nomeadamente em relação ao último ano pré-pandémico (2019)?

Já ultrapassámos a atividade de 2019, tanto a nível das consultas, como de cirurgias. 80% das pessoas que aguardam cirurgia no CHULC estão dentro dos tempos máximos de resposta garantidos. A minha expectativa é que em 2023 consigamos diminuir ainda mais o número de doentes que aguardam fora do tempo recomendado.

Outra questão importante é a da formação médica. A carência de profissionais pode vir a colocar em causa a qualidade da formação no CHULC?

A qualidade da formação está garantida, a Ordem dos Médicos faz auditorias com regularidade. Mas essa questão preocupa-me. O nosso centro hospitalar forma não só médicos, mas também enfermeiros, técnicos e outros profissionais. Não podemos perder a capacidade formativa e isso não tem acontecido. Quando há um alerta, intervimos para que o CHULC não perca a capacidade formativa. Mas não tem sido fácil.

“A qualidade da formação está garantida”

Que balanço faz do seu mandato no CHULC e que legado gostaria de deixar?

Foi um mandato muito exigente e complexo. Passámos pela pandemia e fomos o centro que tratou o maior número de doentes covid-19 em Portugal. Mas todos os 8200 funcionários do CHULC devem estar orgulhosos, uma vez que conseguimos aumentar a eficiência, tratar um maior número de doentes e com mais qualidade, criar um ambiente de equipa. E isso só é possível fazer em conjunto. O legado que gostaria de deixar é o da importância do trabalho em equipa e também um CHULC mais moderno, mais inovador, onde as pessoas possam trabalhar com mais qualidade e satisfação.

 

Projetos do CHULC

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Fonte: Saúde Online

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