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IA. “A ambição é melhorar o serviço aos doentes com ética”

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No início da reunião falámos muito em Inteligência Artificial (IA) e em ética. Do que ouviu, considera que a IA é uma inovação ou uma ameaça?
A IA está muito em voga hoje em dia. Está a ser discutida, não só em Portugal, mas a nível do Parlamento Europeu. Para já, estamos na fase de tentar perceber em que é que nos pode ser útil, assim como a forma de a regulamentar e como nos relacionamos com ela do ponto de vista bioético, que em saúde é extremamente importante.

A nossa ambição é melhorar o diagnóstico e o serviço que prestamos aos doentes sem perder o foco na ética, nas questões da confidencialidade e na prestação de um cuidado diferenciador ao doente.

Especificamente na área da Dermatologia Oncológica, quais são as mais-valias da IA, passando pelo rastreio, diagnóstico e tratamento?
Esta ferramenta pode ajudar no rastreio, por exemplo, de lesões pigmentadas em sítios com pouco acesso à especialidade de Dermatologia, uma vez que os dermatologistas são escassos. Não substitui nunca a consulta com o médico, deve ser utilizada como ferramenta de complementaridade e não de substituição.

O médico pode recorrer ao serviço da IA, para melhorar o diagnóstico e até agrupar os doentes em bases de dados, para criar padrões de comportamento da doença.

A IA tem muito mais acesso ao número de bases de doentes que nós temos, logo pode melhorar um pouco a forma como abordamos o doente e como o investigamos. Porém, não deve nunca ser uma ferramenta de substituição do médico.

 

“O médico pode recorrer ao serviço da IA, para melhorar o diagnóstico e até agrupar os doentes em bases de dados, para criar padrões de comportamento da doença”

 

E no tratamento terá também mais-valias?
Seguramente. Ao verificar em Big Data quais são os tratamentos que melhor servem a população, pode ser-nos muito útil no que respeita à escolha do tratamento para um doente em concreto, por padrões. Ou seja, agrupando o doente numa população geral com a mesma doença e padrão, permite-nos selecionar o que fazer ao doente.

Aliás, já acontece a nível genético, em que selecionamos qual é a mutação genética num dado tumor ou num dado doente e adaptamos o tratamento ao caso. Chama-se a medicina personalizada, que já se faz há algum tempo, mesmo antes destas novas tecnologias de IA.

Estas novas tecnologias vão demorar ainda a ser implementadas de forma generalizada?
Já estão a ser implementadas. A questão do diagnóstico genético e da medicina de precisão na Dermatologia Oncológica é, neste momento, uma mais-valia e está amplamente implementada. Hoje em dia, ninguém faz tratamento, pelo menos a doentes com patologia avançada, sem um painel desses.

Na IA propriamente dita ainda não está, mas temos estas técnicas de trabalho, novo e diferenciador, na área da Dermatologia Oncológica em que já estão implementados algoritmos de IA.

Ainda me recordo do início da Dermatoscopia que aconteceu de uma forma muito similar a esta da IA. A Dermatoscopia começou na Alemanha e em Itália e, na altura, os colegas enviavam muitas imagens clínicas e dermatoscópicas para validação dos dermatologistas.

No fundo, criámos uma rede de inteligência, não artificial, mas dos dermatologistas! Isto foi no século passado, mas foi uma maneira de melhorar a técnica, de descrever padrões e de melhorar o diagnóstico em Dermatoscopia. Sem dúvida, foi uma mais-valia.

Penso que a IA vai buscar um bocadinho a esse trabalho que fizemos no século passado e, entretanto, melhora também o diagnóstico. A possibilidade de evolução é infinita.

“A possibilidade de evolução é infinita”

 

Os médicos precisam de fazer algum tipo de formação para conseguir acompanhar esta evolução?
Seguramente vai ser preciso formação, tanto para conseguirmos acompanhar as técnicas, como para melhorá-las e para percebermos exatamente o que queremos e quais as informações que nos são úteis, uma vez que a quantidade é muito grande e nem toda será necessária para o nosso doente. Além disso, tudo isto tem de ser regulamentado de forma ética.

Falando da reunião no geral, que não foi apenas sobre IA, qual a importância de se abordar este tema da inovação em Dermatologia Oncológica?
Tivemos uma parte mais técnica, não tanto sobre IA e bioética, relacionada com o tumor mais perigoso em Dermatologia: o melanoma. É o cancro que mais mortalidade causa, daí a importância de falar sobre os avanços terapêuticos nesta área.

Tivemos connosco o professor de Dermatologia Petr Arenberger, muito reconhecido nesta área da Dermatologia Oncológica, com muitos trabalhos em doentes com melanoma; e o professor Joan Anton Puig-Butille, muito conhecido na área do melanócito e da distinção do melanócito das lesões benignas para as lesões malignas a nível da investigação e do espectro contínuo da evolução do melanócito. Falou também, um pouco, sobre as biopsias líquidas, uma técnica inovadora para monitorizar os doentes com melanoma, assim como na sua importância no diagnóstico e na monitorização.

O professor Eduardo Nagore, muito ligado à parte da genética de famílias com predisposição para cancro, nomeadamente para melanoma, falou-nos sobre a genética e de que forma podemos seguir e tratar esses doentes, assim como as famílias que têm predisposição genética para ter doença, mas ainda não têm. Falámos sobre o que podemos melhorar, de forma a evitar que cheguem a ter doença.

No auditório estavam dermatologistas?
Não estavam apenas dermatologistas. A audiência era muito variável, porque a sessão estava aberta a todas as pessoas com interesse na área da saúde. Além de profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, entre outros – também tivemos administradores hospitalares na nossa audiência.

A primeira parte da reunião em que falámos sobre IA e bioética foi mais geral. A segunda foi mais específica e focada na Dermatologia.

 

Texto: Sílvia Malheiro 

 

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Fonte: Saúde Online

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