Vírus sincicial respiratório é causa de muitos internamentos
Eurico Silva, médico de Medicina Geral e Familiar (MGF) na USF João Semana, em Ovar, salienta que este vírus tem um impacto na saúde global, uma vez que é causa de grande número de internamentos na infância em particular, nos primeiros meses de vida, além de provocar carga grande de doença, que demora a curar.
“Nas crianças, o VSR é o que provoca as bronquiolites mais complicadas, que levam ao serviço de urgência e, muitas vezes, a internamentos prolongados. Quanto mais pequena for a criança, mais difíceis e mais graves são estas bronquiolites”, afirma o médico de família.
E refere: “É um vírus que tem um impacto grande na própria criança, mas também em toda a família, até do ponto de vista emocional. É um peso muito grande ter um filho que é internado passado um mês ou dois de vida. Vejo frequentemente casos de mães que viram o seu filho de poucos meses ser internado por uma semana ou mais.”
Este tipo de contágio acontece, de acordo com o médico, sobretudo, através de crianças mais velhas, que se infetam, por exemplo na escola, e que passam aos irmãos mais novos, que são ainda muito sensíveis, uma vez que ainda não têm defesas. Eurico Silva alerta ainda para o facto de toda a família querer visitar o recém-nascido, representando uma fonte de contágio, não apenas do VSR, mas de todos os vírus respiratórios.
O VSR não afeta só as crianças, mas também os idosos (e pessoas de todas as idades). Com apresentações diferentes, é o suficiente para desencadear o agravamento de doenças crónicas.
E continua: “Se o doente já tem, por exemplo, uma patologia de base cardiorrespiratória, é sempre muito mais frágil. O VSR não é diferente dos outros vírus respiratórios e vai acabar por agravar a situação. Falamos agora mais de VSR nos adultos, porque a vacinação e a testagem podem mudar a forma como abordamos essas infeções.”
Questionado acerca da importância de testar e de quando o fazer, Eurico Silva responde que testar sem sintomas não faz sentido. Contudo, considera positivo o facto de já existirem, neste momento, nas farmácias e parafarmácias, testes que possibilitam identificar um painel de vírus (influenza A e B, covid-19 e VSR).
“Em primeiro, porque permite que a pessoa saiba se está ou não infetada e que medidas de proteção deve tomar em relação aos outros, de forma a evitar o contágio; por outro lado, possibilita ter uma perspetiva da evolução da doença. Isto é, se estiver com gripe ou covid-19, tem a noção do que é esperado acontecer, e isto vai ocorrer também para a infeção por VSR”, indica.
E acrescenta: “Além disso, ao testarem e perceberem quais os vírus e as situações que vão tendo, acredito que as pessoas fiquem mais recetivas às vacinas, porque perceberam que tiveram determinada doença e que foi grave.”
O médico de família alerta também para as coinfeções, por exemplo VSR e gripe A, que não são raras e que vão agravar a infeção global dos doentes respiratórios.
Em relação à vacinação, Eurico Silva afirma: “Temos de ter orgulho no nosso Plano Nacional de Vacinação e das taxas que temos atingido, sobretudo na população pediátrica.” O médico refere, até, o facto de as grávidas já começarem a fazer a vacina contra o VSR com o sentido de proteção dos bebés, durante os primeiros quatro a seis meses de vida. “Esta estratégia já é feita em relação à tosse convulsa cuja vacina está incluída no PNV.”
Quanto aos adultos, considera que estes apenas se vacinam se compreenderem bem o motivo e a sua importância. “Existem muitos mitos, que levam a taxas de vacinação baixas, é preciso que os profissionais de saúde sensibilizem a população neste sentido”.
“Sobretudo, os médicos de família, os enfermeiros de família, os farmacêuticos e os médicos de especialidades que tratam o coração e os pulmões devem alertar e sensibilizar os seus doentes para o facto de que a vacinação diminui a doença e previne complicações como a pneumonia, o enfarte agudo do miocárdio e os acidente vascular cerebral. Quando uma pessoa consegue compreender refuta os mitos e adere à vacinação”, observa, salientando que a informação deve ser igual em todos os grupos profissionais, para que possam consolidar e conferir confiança ao doente.
“A indicação para vacinação de adultos contra o VSR atual é acima dos 60 anos em pessoas com doença cardíaca ou pulmonar crónicas, sendo necessário fazer revacinação. O facto de contrairmos o VSR não dá imunidade, podemos ser infetados várias vezes”, termina Eurico Silva.
SM
Notícia relacionada
Vírus sincicial respiratório levou ao internamento de 145 bebés desde outubro
Segue as Notícias da Comunidade PortalEnf e fica atualizado.(clica aqui)