Covid-19. Região Norte enfrenta “preocupante transmissão comunitária”
Depois de, entre março e maio, ter sido a região mais atingida pela pandemia de Covid-19, o Norte volta agora a ter esse estatuto, ao registar, há vários dias, mais casos do que Lisboa e Vale do Tejo (LVT). O aumento exponencial de casos em alguns concelhos do Grande Porto indica uma transmissão comunitária do vírus que está a causar preocupação às autoridades de saúde locais.
O Agrupamento de Centros de Saúde do Tâmega III, por exemplo, fala de uma “preocupante transmissão comunitária ativa” (com mais de mil casos confirmados na última semana) e já pediu às população dos concelhos de Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras que redobrem os cuidados e que mantivessem a calma perante as dificuldades de resposta das autoridades de saúde em responder, avança o jornal i. Foi mesmo pedido às pessoas, em caso de apresentarem sintomas, que contactem diretamente as autoridades locais e não o SNS24.
O médico especialista em saúde pública Gustava Tato Borges descreve, ao DN, a dificuldade em rastrear todos os casos positivos. “Neste momento, temos quase 50 pessoas por contactar que de facto estão positivas”, diz, garantindo que há colegas, no ACES onde trabalha (Grande Porto Santo Tirso/Trofa), que têm centenas de contactos por fazer.
Faltam médicos, enfermeiros e meios técnicos (as linhas disponíveis para os centros de saúde estão constantemente sobrecarregadas, por exemplo). Para o especialista, “o aumento de casos que é muito superior à capacidade de resposta”, o que significa que a transmissão comunitária está descontrolada.
Perante este cenário, a estimativa dos especialistas é que, só na região Norte, se possam registar mais de dois mil casos diários esta semana.
O aumento de casos na comunidade já se faz sentir há pelo menos uma semana na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do Hospital de São João. O diretor de serviço da UCI sublinha que, nesse período de tempo, o número de internamentos duplicou e descreve um cenário complexo. “Quase não conseguimos identificar os surtos. A sensação é que as coisas estão de tal forma disseminadas que não há surtos”, diz o médico Nelson Pereira.
A somar a isto, o mau tempo que já se faz sentir pode agravar a transmissão na comunidade. “As pessoas vão confinar-se no interior, os espaços fechados vão ser mais utilizados”, alerta o investigador Carlos Antunes.
TC/SO
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