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Telemedicina chegou ao Brasil durante a pandemia e veio para ficar, mostra estudo

Telemedicina chegou ao Brasil durante a pandemia e veio para ficar, mostra estudo

Finalidade do uso da telemedicina por médicos durante a pandemia de COVID-19 – proporção de entrevistados. Crédito: Globalização e Saúde (2022). DOI: 10.1186/s12992-022-00875-9

Uma pesquisa com 1.183 médicos dos estados de São Paulo e Maranhão mostra que os diversos usos da telemedicina, que se tornou uma alternativa significativa durante a crise de saúde pública causada pelo COVID-19, devem ser uma característica permanente do sistema de saúde da nação. O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Queen Mary University of London, no Reino Unido.

“Os múltiplos usos da telemedicina vieram para ficar. A tecnologia tem muitas vantagens, mas não é uma panaceia. Precisa ser regulamentada e monitorada. Para determinados usos e especialidades, pode haver perda de qualidade online. Não sendo atender um paciente pessoalmente muitas vezes significa não conseguir prestar um atendimento de qualidade suficiente”, disse Mário César Scheffer, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP.

Scheffer é o primeiro autor de um artigo sobre o estudo publicado na Globalização e Saúde.

O estudo fez parte de um projeto de pesquisa de grande porte destinado a analisar o impacto da crise econômica na economia brasileira sistema de saúde e buscar soluções que contribuam para a formulação de políticas e melhorem a prestação de serviços.

“Quando sistemas de saúde se adaptam a uma crise, seja ela econômica, política ou na própria saúde, acabam encontrando soluções e alternativas que podem ser transitórias ou permanentes. Nosso projeto de pesquisa estava em andamento quando a pandemia chegou, então aproveitamos para estudar a forma de trabalho dos médicos, a fim de investigar as mudanças nos serviços de saúde que podem ter sido aceleradas pela COVID-19”, disse Scheffer à Agência FAPESP.

Os resultados mostraram que a telemedicina foi a mais utilizada para conectar profissionais para discutir atendimentos clínicos (55%), realizar reuniões de equipe (48%) e realizar treinamentos ou atualizações de conhecimento (40%). Menos de um terço dos médicos entrevistados afirmou ter utilizado a telemedicina para discutir casos com pacientes (teleconsulta).

A telemedicina foi mais utilizada por médicos que trabalhavam no setor privado do que o SUS (Sistema Único de Saúde), serviço nacional de saúde do Brasil. Médicos vinculados ao SUS na atenção primária, ambulatoriais e hospitalares o utilizavam principalmente para teleconsultas com pacientes com COVID-19. “Médicos com seus próprios consultórios e clínicas que recebem pacientes pagantes ou pacientes com seguro médico usam a telemedicina principalmente para lidar com problemas de saúde não associados ao COVID-19”, disse Scheffer.

A telemedicina, explicou, é mais do que consultas online de pacientes. Seus múltiplos usos incluem reuniões de equipes multidisciplinares para tomada de decisões sobre tratamento, treinamento para profissionais de saúde e divulgação de novos protocolos clínicos, além da teleconsulta.

“Durante a pandemia, por exemplo, foi possível graças a essa tecnologia trazer um especialista não disponível presencialmente naquele momento em um determinado serviço ou UTI para dar uma opinião, contribuir com um diagnóstico ou auxiliar de outra forma os colegas”, afirmou.

Outro uso importante da telemedicina foi Educação a Distância envolvendo cursos, palestras e fóruns de discussão. “Em uma pandemia e outras emergências de saúde públicaa telemedicina pode ser usada para padronizar e disseminar diretrizes clínicas, terapias de consenso e conselhos sobre vigilância, que estão em constante evolução”, disse Scheffer.

Uso indiscriminado

Os pesquisadores observaram riscos potenciais do uso indiscriminado da telemedicina. “Mais estudos são necessários”, disse Scheffer. “A nossa hipótese é que a telemedicina não é eficaz para determinados problemas de saúde e em determinadas especialidades. Pode desempenhar um papel auxiliar, nomeadamente na triagem e na orientação, mas há situações em que a relação presencial entre médico e é insubstituível.”

Outros aspectos negativos da telemedicina observados pelos pesquisadores incluem a possibilidade de não notificação de doenças de notificação compulsória, a dificuldade de acordo sobre o pagamento do médico e a problemas éticos envolvendo a relação médico-paciente, o compartilhamento de dados e a segurança dos dados confidenciais do paciente publicados online.

Muito resta a ser discutido. “A pandemia acelerou o uso da telemedicina e também mostrou o quanto a regulamentação precisa avançar. Nos preocupa, por exemplo, como a telemedicina está sendo utilizada por planos de saúde e clínicas populares para vender serviços de baixa qualidade a baixo preço “, disse Scheffer.

Em 19 de março de 2020, dois dias após o anúncio de medidas de quarentena pelos governos estaduais por causa da pandemia, incluindo o lockdown em algumas cidades, todas as restrições à telemedicina foram suspensas provisoriamente pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Senado Federal. Congresso Nacional do Brasil. Em maio de 2022, o CFM emitiu um marco regulatório definitivo para a telemedicina, ao mesmo tempo em que destaca a importância de consultas presenciais sempre que possível.

Desigualdades

A amostra do estudo (1.183) foi considerada representativa dos 152.511 médicos em atividade nos estados de São Paulo e Maranhão. O primeiro, localizado na região Sudeste do Brasil, é o estado mais rico do país, enquanto o segundo é um estado muito mais pobre do Nordeste. Os dois estados diferem significativamente quanto ao número de médicos por 100.000 habitantes, o tamanho de suas serviços de saúde e níveis de rendimento familiar, bem como outros indicadores socioeconómicos.

“Os resultados do estudo evidenciaram desigualdades no uso da telemedicina. Isso deve soar o alarme. A tecnologia foi muito mais utilizada no setor privado do que no público, nas capitais do que no interior, e em São Paulo do que no Maranhão, “Scheffer disse.

Outra desigualdade importante foi a predominância de casos não COVID entre telemedicina consultas durante a pandemia. “Em uma emergência de saúde pública, como uma pandemia, há pacientes com outros problemas de saúde que também precisam de atendimento. A teleconsulta foi trazida online para manter os serviços e clínicas funcionando, mesmo que o padrão de atendimento não fosse o ideal”, afirmou.

Mais Informações:
Mário Scheffer et al, Os múltiplos usos da telemedicina durante a pandemia: as evidências de uma pesquisa transversal com médicos no Brasil, Globalização e Saúde (2022). DOI: 10.1186/s12992-022-00875-9

Citação: A telemedicina chegou ao Brasil durante a pandemia e veio para ficar, mostra estudo (2022, 14 de dezembro) recuperado em 14 de dezembro de 2022 em https://medicalxpress.com/news/2022-12-telemedicine-brazil-pandemic-stay.html

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