opinião

AO ESTADO A QUE ISTO CHEGOU….

Protagonizado pelos ENFERMEIROS PORTUGUESES, a ENFERMAGEM sofreu nestes últimos 2 anos um debate de ideias, de afirmação e levantamento de questões, que não querendo ser injusto com o passado, nunca tal se tinha verificado, desta forma, e de forma tão mediática. Lembrando que as lutas do passado foram sem dúvida importantes, que nos trouxeram à parte boa do presente.

Começou este tempo e este espaço, no debate de ideias e na busca do tempo perdido (desde 2009), em favor da ENFERMAGEM PORTUGUESA, com a eleição da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros e de todos os Orgãos sociais. Depois, com as questões de necessidade suprema de uma nova Carreira de Enfermagem. Aqui, foi o despertar para uma nova realidade, há muito tempo adormecida.

Muitos foram os protagonistas, com mais ou menos importância. Mas o grande grito e que marcou uma posição clara, inequívoca e de poder foi o movimento autónomo de Enfermeiros e particularmente o Movimento dos Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia. Foi um exemplo, um marco e a manifestação de uma realidade. Realidade, esta, que levou tudo a reboque. Deu força aos ENFERMEIROS, e demonstrou a sua importância. Trouxe os sindicatos para a luta e a reboque também veio a Ordem dos Médicos, que num primeiro momento, afirmou torto e a más horas, que podia substituir os ENFERMEIROS nas salas e blocos de parto, esquecendo aqui a usurpação de funções e as implicações legais, mas logo de seguida, corrigiu a posição e começou a dizer que havia insegurança nos blocos de partos, que havia deficit de ENFERMEIROS e, de forma cínica e atrevida, disse publicamente por diversas vias, que o Senhor Ministro da Saúde e o Governo deveriam chegar a acordo com os ENFERMEIROS. Os objectivos da Ordem dos Médicos era outro, que não a falta de ENFERMEIROS ou a preocupação por este deficit.

Em Setembro/2017, após uma semana de greve, Os ENFERMEIROS PORTUGUESES fizeram uma manifestação de dimensões nunca antes vista. Fomos notícia permanente, abertura de telejornais e capas de jornais durante toda a semana. A imprensa internacional viu, registou e noticiou esta manifestação e força.

Todo este movimento levou políticos a vir a terreiro dar palpites e falar acerca da ENFERMAGEM, dizendo as maiores barbaridades e imprecisões, demonstrando uma ignorância total sobre esta classe profissional e até sobre o SNS. O Dr. Pacheco Pereira foi o mais sério nesta questão, onde num primeiro momento (“Quadratura do Círculo”) disse e verbalizou imprecisões, mas no programa seguinte, após estudar o assunto corrigiu as suas declarações. Partidos políticos, uns mais envergonhados que outros, lá vieram a muito custo dar razão aos ENFERMEIROS PORTUGUESES.

Uma força e uma união tremenda, mas que o SEP não acompanhou. Outros sindicatos vieram a reboque desta força. Comunicação Social e a População, estavam connosco. Mas é minha convicção que, não sabendo o que se passou nos bastidores, se por falta de intervenção do Sindicato dos Enfermeiros ou de algum dos seus dirigentes, ou incapacidade diplomática e firmeza, fomos entregues sem glória e sem benefícios, ao poder político. Perdeu-se a força da reivindicação na rua e nos serviços. “Desformatou-se” a união.

Mais uma vez não soubemos reverter em nosso favor toda a força aglutinadora que se conseguiu. Todo o espaço mediático que foi ocupado. Tudo foi perdendo força e forma. Voltamos ao anonimato. E temos ENFERMEIROS exaustos, desmotivados, em burnout.

Passados estes meses todos (um ano), que ganhamos? Que futuro nos espera? Que mais se passou? Para além de umas greves fugazes, sem resultado prático nenhum, naquilo que é fundamental aos ENFERMEIROS PORTUGUESES – Uma Carreira nova!

Surgiram dois novos sindicatos – ASPE E SINDEPOR – a quem temos que dar o benefício da dúvida. Estão a fazer o seu percurso e a consolidar o seu espaço com ideias próprias e propostas. Quanto aos já existentes, o que já sabemos. Sem novidade! Uma pena e um lamento!

Temos uma certeza: A Ordem dos Enfermeiros tem sido o rosto visível da Classe de Enfermagem e tem tentado a união entre sindicatos, para a objetivação de interesses comuns para os ENFERMEIROS PORTUGUESES.

Nas redes sociais e na imprensa escrita têm sido publicados textos, artigos e partilha de opiniões e experiências brilhantes. Aí ganhamos visibilidade. Mas não chega! Precisamos ser objectivos. Cirúrgicos. Com elevação e respeito discordar das diferentes opiniões, mas não insultar nem ofender. Perceber que estamos muito expostos. Porque aí perdemos credibilidade.

O futuro é já hoje! A luta vai ser difícil. Para ganhar a “guerra” temos de perceber e aceitar algumas batalhas que se perdem, mas tirar ensinamentos delas. Não desmoralizar nem desarmar.

Os ENFERMEIROS PORTUGUESES querem uma nova Carreira de Enfermagem, com remunerações dignas, que consagre as categorias de Enfermeiro Especialista e Enfermeiro Gestor. Que mantenha a sua autonomia e independência e que possibilite progressões reais e em tempo oportuno.

Não podemos deixar delapidar o pouco que temos. Mas precisamos de reconquistar o que já tivemos, melhorando e adequando a toda uma evolução de conhecimentos e habilitações académicas e profissionais que os ENFERMEIROS PORTUGUESES detêm.

SETEMBRO/2018 e, a REVOLUÇÃO DOS CRAVOS BRANCOS II pode acontecer novamente, em favor dos ENFERMEIROS PORTUGUESES.

É um tempo de não retorno para todos os ENFERMEIROS: Directores, Supervisores, Chefes, Especialistas e generalistas. E um apelo também às Escolas Superiores de Saúde que formam ENFERMEIROS, para engrossarem esta luta.

Não nos deixemos levar por falsas e falaciosas promessas, venham de onde vierem. Não podemos ceder à primeira oferta. Temos que ser sérios e exigir seriedade, mas também sermos astutos, estrategas e firmes. Está em causa o nosso futuro, a nossa carreira e o nosso Estatuto.

Queremos e exigimos com certeza, representantes dignos nas negociações pela nossa Classe, missão que cabe aos Sindicatos. Não podemos nivelar por baixo. Não tenhamos medo de nos afirmar. Não deixemos que outros, com tentações e que nada têm a ver com a ENFERMAGEM, negoceiem os nossos interesses. E há tantas tentações!

 

Porque a verdade é só uma: Estamos em todos os momentos da prestação de cuidados de saúde ao longo de todo o ciclo vital. Mais nenhuma profissão está!

JUNTOS SOMOS MAIS FORTES! Assim saibamos sê-lo!

Humberto Domingues

Enf. Espec. Saúde Comunitária

2018.09.10 – 20h00

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Humberto Domingues

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