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VIH. António Diniz cético quanto a Meta da ONUSIDA

O que se pode esperar deste evento?

Será um encontro de formação, atualização e envolvimento científico e que contará com mais de 400 participantes de vários setores profissionais.

 

Um dos cursos pré-Congresso será para enfermeiros. É uma aposta no trabalho multidisciplinar?

Sim, os enfermeiros têm um papel muito importante. Também neste congresso haverá a apresentação do Grupo de Trabalho de Enfermagem da Associação Portuguesa para o Estudo Clínico da Sida.

 

Relativamente à infeção VIH/Sida, o sistema de monitorização, o SI.VIDA, ficou parado por causa da pandemia. Atualmente, continuamos sem dados atuais?

Ainda não há dados, os últimos são de 2019. Duvido que o sistema tenha ficado parado por causa da pandemia de covid-19…

“Objetivamente, penso que não houve interesse em manter este programa que sustentava toda a informação epidemiológica sobre infeção VIH/Sida em Portugal”

 

Qual foi então a causa para não se manter o SI.VIDA?

Objetivamente, penso que não houve interesse em manter este programa que sustentava toda a informação epidemiológica sobre infeção VIH/Sida em Portugal. A breve prazo deveremos ter uma ideia mais concreta da realidade portuguesa, porque procurou-se ir por vias alternativas para se ter alguma informação. Não podemos ficar pelos achismos, é essencial ter dados concretos e avaliados sistematicamente de forma objetiva e global.

 

Já está há muitos anos a trabalhar na área da infeção por VIH. O que mais o preocupa neste momento?

Antes de mais, preocupa-me a falta de informação, um problema específico de Portugal. A nível mais global, a Meta 95-95-95 para 2030 pode estar em causa por causa das desigualdades existentes no acesso a cuidados de saúde. Isso é visível em vários aspetos: género, orientação sexual, etnia, países, regiões, entre outros. Até mesmo dentro de um país, pode haver diferenças entre regiões, o que é muito grave. Pessoalmente, sou muito cético, não acredito que se consiga atingir a Meta 95-95-95 da OMS e ONUSIDA (que 95% das pessoas conheçam o seu diagnóstico positivo para VIH, que 95% das diagnosticadas estejam em tratamento e que 95% das pessoas que vivem com VIH estejam em tratamento, com a carga viral suprimida).

“Nos dias de hoje, uma forma de estigma é precisamente a desigualdade”

 

Acresce ainda o estigma. Inicialmente, nos anos 1980, era também comum entre profissionais de saúde. Atualmente, já não é uma realidade?

Nos dias de hoje, uma forma de estigma é precisamente a desigualdade que acabei de referir. Se olharmos para os 40 anos de infeção por VIH em Portugal e no mundo, percebe-se que o estigma é significativamente menor do que nos primeiros anos. Mas provavelmente ainda existe, de forma subtil, numa proporção não admissível ao fim de quatro décadas de descoberta do vírus. Os profissionais de saúde não estão à margem da sociedade e podem obviamente ser influenciados.

“… se a vacina não chegar em tempo útil às populações mais carenciadas, a sua eficácia reduz-se significativamente”

 

Com a covid-19, na sequência das vacinas mRNA, falou-se da possibilidade de se ter uma vacina para VIH. Acredita que estará para breve?

Estamos, obviamente, cada vez mais próximos da vacinação e a tecnologia mRNA poderá ser um passo importante. Mas, trabalhando há dezenas de anos nesta área, vou aguardar por essa novidade sem grandes expectativas para já… De qualquer modo, mesmo existindo uma vacina, manter-se-á o problema das desigualdades regionais, étnicas, de género, entre outras. Repare que se a vacina não chegar em tempo útil às populações mais carenciadas, a sua eficácia reduz-se significativamente. A maioria dos casos surgem em África e nesse continente não basta enviar vacinas, mas criar meios para que a mesma possa ser administrada.

“A infeção por SARS-CoV-2 ainda não desapareceu, assim como o seu impacto na saúde”

 

No Congresso também vão falar sobre outras infeções. No caso da mpox, a situação está mais controlada?

A mpox é um problema de saúde de menor dimensão em comparação a VIH/Sida, mas obviamente temos que nos manter alerta para se evitar a sua maior disseminação na comunidade. É essencial estar atento, sobretudo a manifestações clínicas menos comuns, daí também se querer debater e partilhar experiências no Congresso.

 

Que outras infeções podem ser preocupantes?

A infeção por SARS-CoV-2 ainda não desapareceu, assim como o seu impacto na saúde, nomeadamente a nível da organização das estruturas. No que diz respeito a infeções, é preciso estar sempre atento à resistência antimicrobiana e às mais-valias da vacinação. São diversos os temas que vão ser debatidos.

 

SO

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Fonte: Saúde Online

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