Nova tecnologia identifica ‘espiões’ de células tumorais raras

Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKUST) desenvolveram uma nova tecnologia que permite que o sequenciamento genômico de DNA e RNA seja realizado simultaneamente em células individuais de tecidos congelados e frescos, e identificaram raros “espiões” de células tumorais cerebrais disfarçados de células normais com este método. Este avanço facilita a pesquisa de câncer para alguns dos tumores mais complexos e raros, abrindo novas direções para a descoberta de alvos de drogas no futuro.

O sequenciamento de DNA e RNA genômico é crucial para determinar o tratamento do câncer, pois oferece informações importantes sobre a composição genômica e molecular do tumor, ou heterogeneidade celular, que influencia a patologia da doença, bem como a capacidade do tumor de desenvolver resistência a medicamentos.

Nosso conhecimento atual sobre os cânceres não explica completamente por que os tumores recidivam ou se tornam resistentes ao tratamento; explorar novas dimensões da composição do tumor em alta resolução observando o DNA e o RNA juntos pode fornecer respostas. As tecnologias existentes, no entanto, têm aplicabilidade limitada para executar simultaneamente o sequenciamento de DNA e RNA em células individuais de tecidos congelados de biobancos, mas esses tecidos congelados constituem a maioria das amostras clínicas de câncer prontamente disponíveis.

Agora, uma equipe liderada pela Prof. Angela Wu, Professora Associada da Divisão de Ciências da Vida e Departamento de Engenharia Química e Biológica da HKUST e seu colega de pós-doutorado Dr. Lei YU, desenvolveram uma nova e versátil tecnologia de perfil multi-ômica de célula única scONE -seq, que pode analisar células congeladas e tipos de células difíceis de obter, como ossos e cérebro. Este novo método também pode coletar simultaneamente informações genômicas e transcriptômicas em um tumor por meio de uma reação de um pote.

O astrocitoma é um tipo de tumor cerebral letal e agressivo, e os pacientes com esse tipo de tumor têm uma taxa de sobrevivência de apenas cerca de 5% em cinco anos após o diagnóstico da doença. Usando sua nova tecnologia de célula única, a equipe descobriu uma pequena e única subpopulação de células tumorais na amostra de astrocitoma de um paciente.

Essa população única de tumores se disfarçou como astrócitos normais do cérebro, que poderiam escapar da detecção usando outros métodos comuns de sequenciamento de tumores. Além disso, essa célula tumoral ‘espiã’ também mostrou características moleculares relacionadas à resistência a drogas; o papel abrangente desta célula tumoral ‘espiã’ na progressão do tumor será uma direção importante para futuras investigações desta doença e possíveis alvos de drogas.

Wu disse: “Ao identificar células tumorais raras que podem passar despercebidas por abordagens anteriores e resultar em falha na resposta à terapia, a abordagem scONE-seq representa um novo caminho para a descoberta de alvos de drogas e o desenvolvimento de novas drogas. Planejamos continuar nosso trabalho, usando o scONE-seq para traçar o perfil de uma coorte maior de pacientes, e esperamos ter mais resultados clinicamente translacionais no futuro.”

O estudo foi publicado na revista Zenodo.