Estudo em um único hospital revela que adolescentes transgêneros raramente optam por descontinuar a terapia hormonal

Um estudo de coorte retrospectivo de três anos da população de pacientes de um único hospital de Atlanta descobriu que adolescentes transgêneros e com diversidade de gênero raramente optam por interromper a terapia hormonal de afirmação de gênero, de acordo com um estudo apresentado no domingo no ENDO 2023, o encontro anual da Endocrine Society em Chicago, Illinois.

Entre 82 adolescentes transgêneros e com diversidade de gênero tratados em um centro acadêmico de endocrinologia pediátrica do início de 2016 ao final de 2018, apenas três optaram por interromper a terapia hormonal de afirmação de gênero. Nenhum deles voltou a se identificar como seu sexo designado no nascimento. Um participante interrompeu a terapia hormonal devido a problemas de seguro, um participante interrompeu o tratamento temporariamente para conceber um bebê e um interrompeu a testosterona para fazer a transição para um gênero não binário.

“Nos casos raros em que uma pessoa descontinua sua terapia hormonal de afirmação de gênero, geralmente é devido a fatores externos, em oposição à verdadeira retransição para o sexo atribuído no nascimento”, disse o pesquisador principal Pranav Gupta, MD, membro da Emory University em Atlanta, Geórgia. “Esta pesquisa pode ajudar a responder às perguntas das famílias sobre quais fatores podem levar à descontinuação dos hormônios de afirmação de gênero no futuro, até que dados mais robustos estejam disponíveis.”

A terapia hormonal feminizante ou masculinizante pode ajudar adolescentes transgêneros e com diversidade de gênero a afirmar sua identidade de gênero e evitar a angústia de experimentar a puberdade de uma forma que não corresponda à sua identidade de gênero. Embora a terapia hormonal de afirmação de gênero tenha sido associada a melhor qualidade de vida e bem-estar, a incidência de descontinuação da terapia e as razões para a descontinuação não são bem conhecidas, disse Gupta.

Os pesquisadores revisaram 263 adolescentes diagnosticados com disforia de gênero (sentimentos fortes e persistentes de identificação com outro gênero e desconforto com o próprio gênero e sexo atribuídos) que foram atendidos na clínica de endocrinologia pediátrica entre 2016 e 2019. Desses adolescentes, apenas 82 ( 31,2%) receberam prescrição de hormônios (estradiol ou testosterona). O grupo de terapia hormonal prescrita incluiu 36 (43,9%) meninas transgênero, 45 (54,9%) meninos transgênero e 1 (1,2%) adolescente não-binário.

Além da revisão retrospectiva, foram contatados aqueles que perderam o seguimento ou foram encaminhados para endocrinologistas adultos. Dos 21 participantes elegíveis, 14 puderam ser contatados e apenas três participantes interromperam a terapia. Nenhum participante fez a retransição para o sexo atribuído no nascimento. Sete pacientes não puderam ser contatados.

“Apenas uma pequena proporção de adolescentes com diversidade de gênero decide seguir a terapia hormonal de afirmação de gênero. Se o fizerem, os provedores pediátricos qualificados devem prescrever a terapia de acordo com as diretrizes estabelecidas da Endocrine Society, dado que o adolescente que precisa de terapia atende ao diagnóstico de disforia de gênero, fornece consentimento, tem consentimento dos pais e passou pela puberdade”, disse Gupta.

Um estudo relacionado foi publicado no Society’s Jornal de Endocrinologia Clínica e Metabolismo.