“A escala das grávidas”: jovem de 17 anos percorre quase 80 km para dar à luz

Santarém tinha o bloco de partos fechado e a adolescente seguiu para Abrantes. A gravidez não era de risco.

Muitas grávidas em Portugal tremem quando pensam no momento do parto, ao longo destes meses, (também) porque não sabem onde o bebé vai nascer.

Este caso mais recente não tranquiliza essas mulheres.

Aconteceu na quinta-feira passada, entre Santarém e Abrantes: uma jovem de 17 anos foi, com meios próprios, para o Hospital de Santarém, onde o bloco de partos estava fechado.

A jovem esperou quase uma hora para fazer a ficha de admissão, de acordo com a RTP. E não conseguiu.

Segundo o hospital de Santarém, já tinha sido anunciado que o bloco de partos iria estar fechado naquele dia (7 de Dezembro).

A direcção do hospital também esclareceu que a grávida iria ser avaliada por um enfermeiro ou médico de ginecologia/obstetrícia; depois, se fosse preciso, seria transportada para a urgência com bloco de partos mais próxima (e seria sempre acompanhada por um profissional de saúde de Santarém).

Mas isso não aconteceu desta vez porque os familiares da adolescente ligaram para o 112, sem falarem com o Hospital de Santarém, e a grávida foi para o hospital de Abrantes numa ambulância.

Após perto de uma hora de viagem, e 77 quilómetros depois, foi aí que o filho nasceu, quase 7 horas depois de ter chegado a Abrantes.

O ministro da Saúde já soube deste caso e disse que é “pontual”.

“A verdade é que têm sido mesmo pontuais. Repito: não os desvalorizo por isso, mas têm sido pontuais“.

“Esse caso também nos permite avaliar que o funcionamento em rede dos serviços tem permitido dar resposta com qualidade e com segurança. Reconheço que com incómodo, que é indesejável e espero que as coisas possam progressivamente melhorar”, comentou Manuel Pizarro.

O presidente da Câmara Municipal de Santarém, Ricardo Gonçalves, reagiu de outra maneira: “Parece que agora as mulheres têm de ter uma escala para definir: vou parir aqui, vou parir acolá. Isto não é assim, desculpem lá! Têm que resolver“.