Os estágios da demência
Embora todo tipo de demência seja diferente, os estágios da demência sejam ligeiramente diferentes para cada um e cada pessoa com demência reaja de maneira diferente, entender os estágios básicos pode fazer uma grande diferença na vida dos pacientes.
E, apesar de todas as divergências possíveis, a doença de Alzheimer e as demências relacionadas tendem a progredir em estágios relativamente previsíveis.
Assim sendo, quando se conhece as características de cada estágio e as habilidades que permanecem, faz-se possível pode capitalizá-las.
É aí que o profissional da área de saúde deve concentrar seu trabalho: encontrando o mais alto nível de independência em cada estágio da demência, em vez de se concentrar no que foi perdido.
Nesse ponto, os terapeutas ocupacionais e os consultores de cuidados com a memória dão “insights” sobre os cinco estágios da demência e o que esperar para cada estágio.
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Estágio inicial ou ponto alto da demência
O estágio inicial da demência é caracterizado por desafios com as atividades da vida diária (AVDs), que incluem dirigir, tomar medicamentos por conta própria, administrar finanças e cozinhar.
A razão para isso, segundo a Academia Brasileira de Neurologia, é a morte celular na área do cérebro responsável pela função cognitiva executiva, que é a última a se desenvolver e a primeira a declinar.
Nesse estágio da demência, é recomendável que os pacientes tenham “supervisão à distância”.
Por exemplo, se o paciente estiver sozinho em casa, alguém deve visitar, verificar todos os dias ou conseguir alguém para ajudar tal paciente a resolver problemas ou se adaptar a qualquer mudança na rotina.
Médicos e outros profissionais de saúde podem ajudar a família a iniciar a conversa sobre demência, para que a tarefa não recaia apenas sobre os ombros da família que não tem nenhuma ideia de como fazer isso.
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Estágio inicial baixo da demência
Uma característica marcante da progressão da demência é que as AVDs básicas, como se vestir e tomar banho, agora se tornam impactadas. Nesta fase, os pacientes passam a precisar de supervisão 24 horas, porque seu julgamento e consciência de segurança estão comprometidos.
Deste modo, eles se tornam propensos a acidentes e lesões e são suscetíveis a comportamentos predatórios.
Contudo, vale enfatizar que algumas habilidades críticas permanecem: os pacientes neste estágio da demência ainda são direcionados a objetivos.
Logo, se há atividades familiares rotineiras, eles podem sequenciar-se e manter a atenção até o final.
Por exemplo, se o cuidador providenciar suprimentos de barbear para um homem com demência na hora apropriada do dia, ele poderá começar e concluir as etapas sozinho.
A chave é aproveitar a memória de longo prazo dos pacientes para aumentar suas oportunidades de sucesso e limitar seus sentimentos de ansiedade e estresse.
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Estágio Médio / Moderado da demência
No estágio intermediário da demência, o paciente já perdeu o direcionamento de objetivos e não mais pode se sequenciar por várias etapas.
Agora ele precisa de assistência individual para tudo!
Não obstante, cabe enfatizar que indivíduos nesta fase ainda podem participar de atividades que foram simplificadas ao nível de desafios “justos”.
Por exemplo, um cuidador pode aprender com os membros da família que tipo de barbeador, creme de barbear e loção pós-barba um homem usou por toda a vida e depois fazer com que ele cheire a loção pós-barba primeiro para que ela processe através do sistema límbico do cérebro, ajudando-o a recuperar o passo a passo que sempre usava para se barbear.
Em outras palavras, o indivíduo pode e deve participar de qualquer atividade significativa, mas será preciso simplificar as coisas e ajustá-las ao nível dele.
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Fase tardia da demência
No estágio semifinal da demência, a marcha, a fala e a coordenação motora fina estão se tornando visivelmente comprometidas.
Deve-se acrescentar que essas são mudanças puramente funcionais relacionadas à cognição e, se uma pessoa tiver problemas adicionais de saúde, ela provavelmente terá uma maior perda funcional.
Os pacientes nessa fase precisam de uma experiência de atendimento individual, mas ainda conseguem se comunicar por meio de expressões comportamentais e faciais e podem participar de seus cuidados.
Por exemplo, eles não podem abotoar a camisa, mas podem passar o braço pela manga.
Nesta fase, duas atividades da vida diária que se pode promover junto com o paciente são auto-alimentação e higiene.
Se for possível simplificar as refeições cortando-as em miúdos ou amassando-as e diminuir as distrações, os pacientes podem se alimentar sozinhos.
Além disso, embora os pacientes, nesta fase, normalmente usem fraldas geriátricas, eles ainda podem ter alguma noção de dependência, se o cuidador os ajudar a sentar no banheiro de vez em quando.
Deve-se, neste caso, estimular o paciente a se sentar no vaso por ele mesmo, se for possível.
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Fase final da Demência
No estágio final da demência, o cérebro se atrofia significativamente e os pacientes ficam mudos e acamados.
Entretanto, eles podem ainda ter seus cinco sentidos intactos e podem responder e se envolver com quem os estimula.
Dito isso, o cuidador e as equipes de saúde podem e devem ajudá-los a se sentir amados, seguros, acolhidos e comprometidos.
Caso contrário eles podem se sentir desesperados, assustados e com dor se não forem tratados com a mesma humanização a que estão acostumados.
Porque mesmo neste estágio final, os pacientes ainda são capazes de acompanhar o que ocorre no ambiente, desde que as atividades sejam reduzidas ao nível sensorial.
De acordo com a pesquisadores do MSD, “as habilidades do paciente com demência permanecem em todas as etapas”.
Destarte, aprender as características de cada estágio pode ajudar o indivíduo a permanecer significativamente engajado, não importa os estágios da demência em que se encontre.
Palavras finais
O trato para com o ser humano deve sempre primar pela humanização, bom senso e cuidado adequado.
No caso do paciente com demência, nada muda: o conceito de cuidar permanece permeado pelos pilares que a Enfermagem tanto busca em sua luta pela excelência.
Oferecer o bom trato e dar suporte ao paciente, bem como aos familiares deve ser um objetivo constante na prática de toda a equipe de saúde, independentemente de quais os estágios da demência os pacientes estejam enfrentando.
Aprender e ensinar constantemente, com paciência e boa vontade são os segredos do sucesso no trato direto do paciente com demência.
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Fontes
Academia Brasileira de Neurologia
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