Interpretação de Exames: Entendendo os Eletrólitos
Os eletrólitos geralmente aparecem em nossas vidas logo no início dos cursos de enfermagem. Como a interpretação dos valores laboratoriais dos eletrólitos é uma parte crucial do planejamento de cuidados de enfermagem, a ênfase que damos nesse post pode ser justificada. Muitos estudantes de enfermagem acreditam que estudar os eletrólitos é chato e sem aplicação na futura prática assistencial, assim como tantas outras matérias durante o curso. No entanto, entender os conceitos básicos do funcionamento do corpo humano nos faz ter segurança suficiente para aprofundar os nossos conhecimentos e entender as mais complexas questões fisiológicas, patológicas, manifestações clínicas de doenças e possíveis complicações que podem surgir durante a assistência de enfermagem. Portanto, começaremos do básico: Sódio, Potássio, Magnésio, Cálcio e Fósforo.
Visão geral sobre os eletrólitos
Como os valores de referência dos eletrólitos são determinados?
Os valores dos eletrólitos são baseados nos níveis séricos, ou seja, a quantidade da substância presente no volume sanguíneo, fora das células e dentro do espaço intercelular (não confunda com o espaço intersticial – entre os tecidos). Esse conceito também se aplica a outros exames que analisam o sangue. Os valores de referência são os níveis nos quais a homeostase pode ser mantida em adultos saudáveis.
Variação no intervalo dos valores de referência dos eletrólitos
O intervalo dos valores de referência no qual um eletrólito é declarado “normal” pode variar. Muitos estudantes ou profissionais ocasionalmente se frustam quando veem nos seus livros diferentes intervalos de valores de referência para o mesmo eletrólito. Como entender esse problema? Simples! Os laboratórios usam técnicas diferentes para obter os valores. Além do mais, os valores normais variam entre idade, sexo e condições de saúde/doença.
Porque os eletrólitos são importantes
Os eletrólitos estão intimamente ligados à homeostase – o equilíbrio fisiológico do corpo – e são regulados dentro de valores mínimo e máximo (por exemplo, os valores de sódio estão entre 136-145 mmol/L). Até mesmo uma leve alteração desse delicado equilíbrio pode afetar rapidamente a condição do paciente, com resultados prejudiciais. São muitos os fatores que determinam os critérios para o que pode ser considerado um “intervalo normal” do eletrólito. Para começar, entenda os intervalos normais dos valores dos eletrólitos em pacientes adultos, sem levar em consideração variáveis externas (como o uso de determinados medicamentos ou condições como injúria renal).
Fisiologia dos eletrólitos: principais funções
- Regulação do balanço de fluidos e hidratação: por meio de princípios como a difusão
- Contração muscular: os eletrólitos criam gradientes químicos necessários para a despolarização/ potencial de ação das células musculares
- Homeostase cardíaca: a mesma ideia da contração muscular, aplicada ao coração – que é também um músculo.
Avaliação de Enfermagem
Existem temas comuns que serão observados em vários tipos de desequilíbrios eletrolíticos, incluindo redução do nível de consciência, fraqueza muscular e alterações no ritmo cardíaco. Quando estiver prestando cuidados de enfermagem aos pacientes que apresentam desequilíbrio eletrolítico – ou aqueles que estão sob risco de desenvolver tal desequilíbrio – monitore frequentemente achados precoces que são comuns a essa condição, bem como as indicações que podem ser sinais de complicações.
Prioridades do tratamento
Os objetivos prioritários do tratamento são restaurar o balanço, corrigir a condição subjacente e prevenir complicações posteriores. Também é preciso ter em mente que o tratamento será baseado na causa instigante do problema. É importante que se diferencie o desequilíbrio eletrolítico decorrente de alterações na volemia (hipovolemia/hipervolemia) e na osmolaridade (hipoosmolaridade/hiperosmolaridade) sanguíneas.
Intervalos normais dos valores de referência*
Sódio
Manifestações Clínicas da Hiponatremia
- Taquicardia, pulso filiforme
- Fadiga
- Cãibras (especialmente abdominais) e fraqueza muscular
- Náusea, vômito, vertigem
- Hipotensão postural (possivelmente em virtude da hipovolemia) ou hipertensão
- Cefaléia, confusão ou convulsões (graças ao edema das células cerebrais)
- Mudanças de peso
- Mudanças de personalidade
- Pele fria e úmida
Manifestações Clínicas da Hipernatremia
- Agitação, convulsões, coma
- Redução da pressão venosa central (PVC)
- Perda de peso
- Sede intensa, com membranas mucosas desidratadas
Potássio
Manifestações Clínicas da Hipocalemia
- Fraqueza muscular bilateral nos quadríceps, podendo ascender para a musculatura respiratória
- Flacidez muscular, paralisia, decréscimo nos reflexos
- Pulso fraco e irregular, bradicardia
- Arritmias cardíacas (em especial as ventriculares), parada cardiorrespiratória (PCR)
- Distensão abdominal, ruídos hidroaéreos diminuídos
- Fadiga, vômitos
- Poliúria
- Hiperglicemia
Manifestações Clínicas da Hipercalemia
- Vômitos e diarreia
- Doença de Addison
- Uremia
- Terapia com esteróides e diuréticos
Magnésio
Manifestações Clínicas da Hipomagnesemia
- Tetania
- Fraqueza generalizada
- Sinais de Chvostek e Trousseau positivos
- Convulsões
- Anorexia
- #DicadeEnfermagem: A hipomagnesemia ocorre em conjunto com a hipocalemia, hipocalcemia e alcalose metabólica
Manifestações Clínicas da Hipermagnesemia
- Reflexos tendíneos profundos diminuídos: esta é a apresentação inicial da toxicidade neuromuscular (como você pode imaginar, os sintomas da neurotoxicidade neuromuscular pioram enquanto progridem). Essa manifestação pode avançar até chegar a paralisia e quadriplegia flácida.
- Bradicardia e hipotensão
- Sonolência
- Redução da frequência respiratória, progredindo para apneia (esta é uma progressão avançada da toxicidade neuromuscular, quando os músculos que apoiam a respiração perdem a habilidade de se contrair)
- Pupilar fixas e midriáticas
- PCR
Cálcio
Manifestações Clínicas da Hipocalcemia
- Fadiga, depressão, ansiedade e confusão
- Dormência e formigamento nas extremidades (especialmente nas polpas digitais) e em volta da boca
- Contrações musculares, câimbras, tetania, convulsões
- Reflexos hiperativos
- Sinal de Chvostek positivo
- Sinal de Trousseau positivo
- Contratilidade cardíaca diminuída e taquicardia ventricular
Manifestações Clínicas da Hipercalcemia
- Letargia, fraqueza e reflexos diminuídos
- Memória reduzida, confusão, mudanças de personalidade, psicoses
- Estupor, coma
- Anorexia, náuseas, vômitos
- Dor óssea e fraturas patológicas
- Poliúria e desidratação
- Arritmias ventriculares
Fósforo (Fosfato)
Manifestações Clínicas da Hipofosfatemia
- Depressão do Sistema Nervoso Central (SNC) – convulsões, delírios e coma
- Arritmias e insuficiência cardíaca
- Disfagia
- Íleo paralítico
- Choque
- #DicadaEnfermagem: Casos graves podem levar à encefalopatia metabólica secundária a isquemia tecidual
Manifestações Clínicas da Hiperfosfatemia
- Sinais similares aos da hipocalcemia
- Fraqueza muscular
- Depósitos calcificados em áreas fora dos tecidos ósseos
- Irritabilidade neuromuscular e tetania secundárias à relação recíproca com o Cácio
Há uma conexão entre o cálcio e o fósforo. Quando você estiver memorizando as informações sobre os eletrólitos, é útil saber que os sinais de hipocalcemia são também encontrados na hiperfosfatemia, assim como também são similares os sintomas na hipercalcemia e na hipofosfatemia.
FONTES: NursesLabs, NursingCrib, iStudentNurse
Veja também: Análises ao sangue… o que significam os valores??
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