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Hipertensão em contexto hospitalar: cuidados de enfermagem

Pode dizer-se que a Hipertensão Arterial Sistêmica é uma constante no contexto hospitalar. Na Urgência as crises hipertensivas são recorrentes e nas unidades de internamento, esta é sem dúvida uma das comorbidades mais presentes.

O pico hipertensivo é normalmente assintomático, mas deve ser preocupante, pois apesar de não haver manifestações, a pressão alta pode ocasionar lesões irreversíveis aos órgãos alvos e levar a complicações durante a internação, tais como ocorrência de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ou Acidente Vascular Encefálico (AVE).

Por isso é tão importante que a equipe de enfermagem domine este assunto e entenda o por quê de priorizar alguns cuidados de enfermagem aos clientes hipertensos que são imprescindíveis para segurança do paciente.

A crise hipertensiva é uma emergência clínica caracterizada pela elevação rápida e sintomática da pressão arterial, com risco de deterioração de órgão-alvo. Os principais sintomas são:

 

O pico hipertensivo é definido pela pressão arterial igual ou maior que 160 x 100 mmHg, caracterizado por ser assintomático. Diferente da crise hipertensiva, não é uma emergência clínica, mas exige cuidados da equipe de enfermagem.

Cuidados de Enfermagem ao paciente hipertenso

Para começar,  quando falamos em hipertensão, o principal cuidado de enfermagem relacionado é a aferição dos sinais vitais.

A cada hora, 2/2h, 4/4h, 6/6h ou mesmo a cada 8h, cabe ao enfermeiro avaliar qual a necessidade de cada paciente e direcionar sua equipe. Quando pensamos em respaldo legal e direcionamento da assistência não podemos deixar de falar da SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem), e nesse aspecto uma das prescrições de enfermagem importante é a verificação dos sinais vitais.

Aos enfermeiros cabe lembrar da importância de prescrever sim a frequência de aferição dos sinais vitais, sempre que for necessário uma frequência diferente da rotina. E aos auxiliares e técnicos de enfermagem, cabe lembrar que é imprescindível que realize a aferição dos sinais vitais conforme a rotina ou prescrição de enfermagem, mas que também é imprescindível que comunique o enfermeiro imediatamente ao detectar qualquer alteração, pois é o enfermeiro que tem respaldo para avaliar e decidir a conduta.

Este cuidado deve ser realizado no início do turno, antes de qualquer cuidado, como o banho,  encaminhamento para exames, administração de medicações, enfim, é a prioridade do início do turno.

Porque por exemplo, um paciente pode apresentar PA de valores extremamente elevados como 220 x 120 mmHg e estar assintomático, não sendo indicado nesse caso submetê-lo a nenhum esforço físico, como deambular, antes da diminuição dos níveis pressóricos, evitando assim quaisquer riscos ao paciente.

A PA  e a FC devem ser avaliados antes da administração de qualquer anti-hipertensivo! E em alguns casos, após também.

De acordo com o art 30 da resolução  COFEN n. 11 2007, é proibido administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se dos riscos.

 

Vê abaixo os anti-hipertensivos mais utilizados no hospital, sua ação e os principais efeitos colaterais.

  • Losartana, Valsartana, Omelsartana: bloqueiam os receptores de Angiotensina II, um potente vasoconstritor, impedindo sua ação.

Efeitos colaterais: Dispepsia (sensação de má digestão), câimbras, diarreia, cefaleia, hiperpotassemia.

  • Hidroclorotiazida, Clortalidona, Furosemida, Espironolactona: são diuréticos, diminuem a pressão arterial ao reduzir o volume de sangue circulante (volemia)

Classificação de acordo com a classe medicamentosa:

– Diuréticos de alça: furosemida

– Diuréticos tiazídicos: hidroclorotiazida e clortalidona

– Diuréticos poupadores de potássio: espironolactona

Efeitos Colaterais: irritação gástrica, náuseas, vômito, desequilíbrios hidro-eletrolíticos, hiperglicemia, hipotensão ortostática.

  • Benazepril, Captopril, Enalapril: são bloqueadores de ECA (enzima conversora da angiotensina), impedem que ocorra vasoconstrição e retenção de sódio.

Efeitos colaterais: tosse seca, hipotensão ortostática, fadiga, cefaleia, nefrotoxicidade, hiperpotassemia, angioedema.

  • Atenolol, Bisoprolol, Metoprolol, Propranolol: inibem a reação cardíaca à estimulação do nervo simpático bloqueando os receptores beta. Diminuem a força de contração e a frequência cardíaca.

Efeitos colaterais: bradicardia, vasoconstrição periférica, broncoespasmo

A frequência cardíaca deve ser verificada antes da administração dessas medicações. Não deve ser administrado se FC menor que 60 bpm.

  • Anlodipino, Nifedipina, Verapamil, Diltiazem: são bloqueadores do canal de cálcio, resultam em vasodilatação periférica.

Efeitos colaterais: hipotensão e síncope, edema.

  • Clonidina, Metildopa, Guanabenzo: são agonistas Alfa-2 de Ação Central, agem estimulando os receptores Alfa-2 no sistema nervoso central, resulta em redução da estimulação simpática e consequente diminuição da frequência cardíaca e da resistência vascular periférica.

Efeitos colaterais: sonolência, tontura, boca seca, escurecimento da cor da urina (não é prejudicial), depressão, dermatite de contato (10-15% desenvolvem). Também pode ocasionar alteração do teste direto de Coombs, até 20% dos pacientes desenvolvem falso positivo, porém menos de 0,2% desenvolveram anemia hemolítica.

  • Hidralazina: é um vasodilatador, provoca relaxamento direto na musculatura lisa arteriolar.

Efeitos Colaterais: tontura, torpor, formigamento nas pernas, hipotensão ortostática, taquicardia, congestão nasal, febre, calafrios, dor articular e muscular, erupções na pele.

  • Nitroprussiato de sódio: é um potente vasodilatador, age diretamente na musculatura lisa dos vasos sanguíneos, produz dilatação arterial e venosa. É usado em pacientes com crise hipertensiva grave súbita e naqueles com insuficiência cardíaca refratária.

Cuidados de Enfermagem na administração de Nitroprussiato de Sódio:

– Manter monitor multiparamétricos. Registre PA e FC de acordo com a frequência estabelecida pelo seu enfermeiro ou pelo médico.

– Diluir em solução glicosada de 5%.

– Infundir APENAS EM BOMBA DE INFUSÃO- BIC.

–  Nunca realizar infusão do nipride em injeção endovenosa diretamente (“bolus”).

– Fotossensibilidade: o frasco do soro bem como a extensão do equipo e do conector deverão ser revestidos com material radiopaco, pois o medicamento é sensível à luz.

– A troca da solução contendo nipride deverá ser realizada a cada 6 horas.

Notas importantes:

√ Os efeitos colaterais são comuns no início do tratamento. É importante informa-los ao paciente, orienta-los a comunicar o médico na ocorrência e estimular a continuidade do tratamento, pois muitos efeitos colaterais tendem a desaparecer  após as primeiras semanas.

√ Se for adicionado a prescrição médica uma medicação que o paciente não fazia uso anteriormente fique atento e comunique a enfermeira se observar a ocorrência de algum efeito colateral.


Referências bibliográficas:

  • Smeltzer SC, Bare BG, Hinkle JL, Cheever KH. Histórico e cuidados aos pacientes com hipertensão. In: Smeltzer SC, Bare BG, Hinkle JL, Cheever KH, Brunner& Suddart: tratado de enfermagem médico-cirúrgica.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011.p. 892- 904.
  • Clayton BD, Stock YN. Medicamentos utilizados para tratar a hipertensão. In: Clayton BD, Stock YN: Farmacologia na prática de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012. p. 367-396.
  • Franco RJS. Crise hipertensiva: definição, epidemiologia e abordagem diagnóstica. Rev Bras Hipertensao [periódico on line]. 2002; 9: 340-345.

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Fonte
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